Noite silenciosa

Um pouco de nostalgia, talvez. O ambiente está impregnado de suave melodia. A música me leva a passear pelo tempo, como se perambulasse entre cenas do passado; cenas extremamente belas, repletas de amorosidade.

Ah! Saudades...Muita saudade. O encanto da noite desvenda a sutileza que o dia acoberta, expõe parcelas do imponderável, provocando sentimentos sigilosos, tímidos, porém presentes.

Saudade dos anjos que fizeram parte de minha vida!

Pessoas especiais, tão queridas! Hoje já não se encontram comigo. A amplidão do universo é delas o abrigo que, pressinto, as envolve com ternura e afeição.

Deixo minha alma solta, à vontade, deslizando por entre os vãos da eternidade, brincando em outra dimensão. Perco a noção da realidade, o tempo tem agora um tom escuro, não reconheço o que é presente nem o que é futuro. Inexiste a idéia de proporção.

Sinto o toque mágico do amor que me envolve, recebo delicadamente estranha vibração que sei são emitidas por estes seres etéreos que hoje habitam o firmamento!

O coração descansa desatento, deixa-se conduzir sem resistência pelo pensamento, que segue silencioso junto a minha alma, polvilhando entre as estrelas, sentimento.

Há um misterioso silencio me cercando agora... Como uma pausa instalada no Cosmos, absorvendo as lágrimas que de meus olhos se desprendem. Quase escuto este silencio intenso. Rouba de mim qualquer possibilidade de consenso, pois neste momento, entre um sorriso e um suspiro, escapa-me o lamento...

Cativa-me o pulsar da energia, movimento cíclico dotado de pretextos generosos, que atuam em minha identidade. Permito-me acompanhar o seu compasso e no espaço já não cabe nenhum constrangimento.

O teor misterioso que provoca deslocamento justifica toda especificidade. Minha vontade parece lentamente despertar. Reajo prontamente em sintonia com imagens que se dissipam, levando para longe cenas e vultos que ali estavam a me acompanhar.

O som de fim de noite invade a atmosfera. Os astros se recolhem mansamente, dando-me a impressão que pararam de brilhar. A aurora se aproxima, e como uma dama requintada, me convida a retornar.

Priscila de Loureiro Coelho

Priscila de Loureiro Coelho
Enviado por Priscila de Loureiro Coelho em 20/02/2005
Código do texto: T4835