A Ponte Pênsil: um patrimônio a ser valorizado

Ao longo do tempo, o sítio das Torres foi conhecido por ser um “lugar de passagens”, um elo entre as Províncias de Santa Catarina e São Pedro do Rio Grande do Sul. Documentos e mapas históricos assinalavam “O Passo (passagem) de Torres” ou a “Pasárgada”. Nesta região fronteiriça, foram instalados a Guarda e Registro e o Forte São Diogo das Torres em meados do século XVIII com o objetivo de fiscalização e salvaguarda militar. Na região litorânea viveram diversos povos indígenas e quilombolas, os viajantes, tropeiros e contingentes militares promoviam o fluxo itinerante, assim como o povoamento colonial com as famílias açorianas, alemãs e italianas. Todos aqueles que queriam prosseguir sua viagem em direção ao sul ou ao norte, desfrutavam da paisagem frondosa dos rochedos torrenses.

Na travessia do caudaloso rio Mampituba foram instaladas pontes de madeiras rudimentares chamadas de “pinguelas” para facilitar o contato entre as comunidades que vivem em suas margens. Desde a nascente do Mampituba até seu encontro com o mar, são inúmeras pinguelas distribuídas que demarcam os locais de travessia. A última pinguela próximo à sua foz é a Ponte Pênsil. Esta ponte figura como um atrativo para os visitantes e é uma ligação imprescindível para a população local que a utiliza cotidianamente. Atualmente, a ponte está desativada devido a falta de manutenção causando transtornos aos moradores de Torres/RS e Passo de Torres/SC.

Todos já devem ter dado boas risadas com a história da inauguração da ponte em 1985 e a queda da comitiva de autoridades no rio. Na verdade, a ponte foi reforçada ao longo dos anos, mas o local de travessia sempre existiu desde os tempos mais remotos. A Ponte Pênsil está consagrada pela sua representação simbólica e pelo tempo, por sua importância histórica e cultural é um elemento do nosso patrimônio local. Não precisamos excluir a Ponte Pênsil porque agora temos a Ponte de Concreto por onde passam os veículos. O antigo e o moderno podem conviver juntos! No início do ano, participei de uma matéria do Jornal Zero Hora em que faziam sobreposições de fotos antigas e atuais de alguns lugares do litoral norte sendo uma das imagens selecionadas a da Ponte Pênsil. Me lembrei da emoção que senti quando criança atravessando e chacoalhando de um lado para o outro no balanço e no gingado desta ponte histórica. As pontes são caminhos que ligam um ponto ao outro transpondo lugares inacessíveis. Neste caso, é a ligação de um mesmo povo que resolveu viver em margens opostas de um mesmo rio.

Publicado no Jornal Litoral Norte RS

Leonardo Gedeon
Enviado por Leonardo Gedeon em 31/08/2014
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