O Litoral Norte como uma grande Sala de Aula

O imenso Litoral Norte do Rio Grande do Sul fornece os elementos necessários para o processo de ensino- aprendizagem através de suas belezas naturais, a cultura popular e seu patrimônio histórico. Um panorama singular ocupado por dunas, banhados e restingas, intermeada por rios, lagoas e os remanescentes da Mata Atlântica recortada pela imponente Serra Geral e seus Canyons. Este espaço geográfico compreende uma área de 3.700 km ² distribuído em 120 km de costa litorânea abrangendo os municípios que compõe a AMLINORTE ( Associação dos Municípios do Litoral Norte): Arroio do Sal, Balneário Pinhal, Capão da Canoa, Capivari do Sul, Caraá, Cidreira, Dom Pedro de Alcântara, Itati, Imbé, Mampituba, Maquiné, Morrinhos do Sul, Mostardas, Osório, Palmares do Sul, Rolante, Santo Antônio da Patrulha, Tavares, Terra de Areia, Torres, Tramandaí, Três Cachoeiras, Três Forquilhas e Xangri-lá.

Podemos observar a estreita relação entre Cultura e Natureza pelos vestígios das ocupações primitivas, como os sítios arqueológicos da presença guarani, dos caçadores coletores que migravam do interior para o litoral e os primeiros pescadores, engenhosos construtores de sambaqui (amontoados de conchas e areias). O povoamento colonial deixou suas marcas na zona rural na implantação das colônias italianas, alemãs, açorianas e luso-brasileira regado a sangue e suor africano e indígena, no labor dos engenhos de farinha e de cana de açúcar, na culinária, nas práticas agrícolas, nos quilombos e nas construções das igrejas e casarios. Entre os caudalosos rios Taramandahy (Tramandaí) e Mboipetuba (Mampituba) existem algumas Áreas de Preservação Permanente (APA) que resguardam as riquezas da Mata Atlântica como o Parque Estadual da Itapeva (PEVA) – Torres, Parque José Lutzenberger (Parque da Guarita) – Torres, Parque Tupancy – Arroio do Sal e o Morro da Borússia – Osório, emoldurados pelo Parque Nacional Aparados da Serra. Inseridos neste contexto podemos aproveitar para aprender como se estivéssemos numa sala de aula sem paredes num ambiente dinâmico de constantes transformações em contato direto com a natureza.

Em todo o litoral, vivemos um período de conflitos em relação as políticas de preservação do patrimônio cultural com a escassez de investimentos na área da gestão, restauração dos bens e diretrizes para o turismo cultural, assim como a valorização dos espaços de memórias e museus temáticos. Pensando nas contribuições da Educação Patrimonial e Educação Ambiental para o reconhecimento e preservação dos bens culturais e naturais, com o apoio institucional da Eduque & Acquerello – Arquitetura, Meio Ambiente e Urbanismo em parceria com o Guarita Park Hotel, eu e o biólogo Jonas Brocca, há alguns anos atrás elaboramos um Programa de Estudos em Patrimônio Cultural com enfoque no público estudantil. Desenvolvemos um material didático e metodologia específica, dinâmicas e atividades pedagógicas visando articular de maneira interdisciplinar os conteúdos curriculares com a “leitura do mundo”. Neste sentido, reafirmamos nosso compromisso com a Educação para além dos limites das escolas atendendo estudantes de diversas cidades da região Sul, tendo como ponto de partida a sala de aula primitiva, o meio ambiente e a cultura.

Publicado no Jornal Litoral Norte RS

Leonardo Gedeon
Enviado por Leonardo Gedeon em 27/11/2014
Código do texto: T5050441
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2014. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.