As Águas de Março e os Dias Especiais

O mês de março traz as boas novas com sua calmaria e a sensação de recomeço que alimenta as esperanças diante dos desafios de mais um ano. Os escândalos na esfera política questiona um conceito filosófico da Antiguidade Clássica: O que é a Ética? Perdidos nesse contexto a população brasileira inunda-se de descrenças e estupidez e reproduz os discursos de ódio. O debate e a contraposição de opiniões se submetem aos devaneios midiáticos que fortalecem as desigualdades e ofuscam a busca por soluções. Como assinala a cientista política Hannah Arendt: “A banalidade do Mal ocorre na ausência do pensamento” referindo-se as máculas do Nazismo. Diante de um avassalador cenário político, a majestosa composição de Tom Jobim na inigualável voz da “Pimentinha” Elis Regina torna os dias mais leves e reacende nossas aspirações de mudanças: “[...] É pau, é pedra, é o fim do caminho; É um resto do toco, é um pouco sozinho; É uma cobra, é um pau, é João, é José; É um espinho na mão, é um corte no pé; São as águas de março fechando o verão; É a promessa de vida no teu coração [...]” Aliás, para que a História não se repita podemos aprender com as lições do passado. Não podemos admitir um Golpe de Estado e muito menos as atrocidades de uma Ditadura Militar. Neste sentido, a Música Popular Brasileira (MPB) oferece um testemunho peculiar dessa época, provocando denúncias contundentes que eram mascaradas e omitidas pelos regimes totalitários. Não podemos deixar abater nosso poder de indignação diante das injustiças estabelecidas pelo paradigma social vigente. Nossa omissão trará profundas consequências para o futuro do país, pois fortalece a ordem dominante e questiona a falsa “neutralidade”, o dito “em cima do muro” corre risco quando sua estrutura está desmoronando.

O Março nos presenteia com algumas datas importantes para as nossas reflexões e inquietações. Algumas datas passam despercebidas e numa rápida pesquisa na WEB podemos elencar:

# Dia 02 = Dia Nacional do Turismo ( uma data especial para a turística cidade de Torres na pós temporada de verão?);

# Dia 08 = Dia Internacional das Mulheres ( uma luta histórica pela igualdade de gênero) Pessoalmente, considero um duplo sentido feminista com a celebração do aniversário de minha amada mãe Almonita;

# Dia 10 = Dia do Telefone (na atualidade, quem vive sem seu telefone?);

# Dia 15 = Dia da Escola ( estamos em consonância com a luta e reivindicações dos trabalhadores da Educação? Qual o papel da escola na sociedade atual? Pátria Educadora com o sucateamento das escolas?);

# Dia 21 = Dia Mundial das Florestas, da Síndrome de Down e da Eliminação da Discriminação Racial ( o desenfreado desmatamento das grandes florestas colocam em risco o futuro da humanidade e os desafios e possibilidades da efetiva inclusão dos portadores de Síndrome de Down. O combate a todas as formas de discriminação e opressão deve ser uma pauta prioritária de âmbito global para as nações e seus governantes);

# Dia 22 = Dia Mundial da Água ( a essência de toda a Vida);

# Dia 23 = Dia Mundial da Meteorologia ( temos toda a atenção voltada para as condições climáticas, levo ou não levo o guarda – chuva, casaco ou moletom? Acessamos mais que o Horóscopo ou as previsões da Astrologia!);

# Dia 25 = Dia da Constituição (necessitamos do conhecimento histórico sobre as Constituições de nosso País e sua funcionalidade! Inclusive seu estudo deveria ser incentivado nas escolas para a formação de cidadãos críticos);

# Dia 27 = Dia Mundial do Teatro e do Circo (umas das formas de entretenimento mais antigos da humanidade e que merece valorização e reconhecimento, principalmente os artistas de rua que democratizam o acesso a cultura)

As informações acima foram pesquisadas no http://brasilescola.uol.com.br/ onde podemos nos deleitar com as inúmeras datas comemorativas de cunho político, cultural, cívico e religioso que permeiam os meses do ano. Esclarecem pontos fundamentais que conferem significado aos dias estabelecidos que servem para aguçar a memória social e tornar único e especial aquele momento. Algo para se lembrar, uma pausa, um suspiro, demonstrando que todas as ações merecem protagonismo e que todas as pessoas são detentoras de um universo singular.

Publicado no Jornal Litoral Norte/RS e Jornal A Folha/Torres.

Leonardo Gedeon
Enviado por Leonardo Gedeon em 23/03/2016
Reeditado em 23/03/2016
Código do texto: T5582703
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