POETANDO AS SAUDADES

Por enquanto - Nenhum sorriso é, infinitamente, duradouro igualmente as lágrimas não são eternas.

Assim, nada é para sempre:

Nenhuma valsa ou salsa, nem tango... Não importa a festa,

Ou o tempo se de manga, ou de cerejas... Folhas, flores e frutos caem;

Mesmo salada de jiló que amarga dando nó na garganta, semelhante aquele aperto de quando se perde um ser amado – Se acaba, ao fim do repasto;

Nem o que é detestado, o velho, o manco, o sábio, o douto, o rinoceronte, o macaco, o sacerdote, o ignorante, o ambulante, aves e peixes, sem esquecer das paixões e aborrecimentos - Tudo se esvai;

Dias e noites, limitam-se, um ao outro;

Num contínuo renovar a natureza se faz, enquanto uma estação finda deixando saudades outra em cena entra – Mudando a atmosfera;

Ninguém nasce sabendo que as estrelas, também, morrem.

Todavia muitos homens, que sabem que sabe, afirmam que assim como as estrelas os astros, igual, se apagam;

Indo além predizem que a expansão do universo o levará a se finar – Tais humanos, já nem choram.

Mas, ainda que destituídos de lágrimas, devotam-se apaixonadamente às premissas na tentativa de comporem os silogismos.

Por enquanto ou enquanto...

Quiçá o fim seja experienciar o fim na infinitude,

Em cuja perenidade porventura pulsa perfeição e justeza,

Paradoxalmente apresentando-se como medicina efetivamente mais eficaz de modificar paisagens, humores, amores, atores, temores até grandes dores...

Ao fim e ao cabo acaba-se se Poetando as Saudades, quer nas soleiras da vida ou sob os pórticos da morte.

Cláudia Célia Lima do Nascimento
Enviado por Cláudia Célia Lima do Nascimento em 29/12/2016
Código do texto: T5866478
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