Fracasso irremediável

Quanto tempo se vive depois que se chega ao fracasso irremediável? Isto é, estou admitindo que exista um propósito ou uma missão para a vida de cada um de nós, e que, portanto, o sucesso corresponderia a conseguir botar em prática aquilo que foi esperado de nós. O fracasso, por sua vez, viria do afastamento dessa trilha ideal. O fracasso irremediável seria quando as circunstâncias em nossas vidas foram tais que já não é possível nos livrarmos das consequências de termos nos afastado de nosso propósito.

Imaginem um Adolf Hitler. Digamos que seja verdadeira a ideia de que há mentores por trás de nossas vidas e que nós mesmos, antes de nascer, tomamos parte na decisão dos desafios que iremos enfrentar na vida. Pois bem, o pequeno Adolf também tinha coisas a aprender nessa vida e uma missão a cumprir para chegar a um estágio maior de evolução.

No entanto, alguma coisa deu terrivelmente errado e em algum momento já não havia mais “ponto de retorno”. Quando tempo Hitler ainda viveu depois de que era visível que ele não chegaria mais ao estágio de evolução proposto para ele durante esta vida? Pior ainda, quanto mal ele não continuou a fazer, a si e aos outros, depois de já ter chegado a um fracasso irremediável em sua vida moral ou espiritual?

Em determinado momento, a situação de Hitler só se resolveria com uma nova vida, e provavelmente isso aconteceu bem antes que ele morresse. Claro, o exemplo de Hitler é extremo, mas cada um de nós deve ter as suas próprias missões e é bem possível que nelas tenhamos fracassado já de forma irremediável.

Vidas cujo ponto chave de evolução se concentrasse na juventude, e que não tivessem êxito no seu propósito, sofreriam as consequências dos seus erros durante toda a vida adulta. Chega um ponto em que é melhor voltar, começar de novo, dar “restart”. E, no entanto, seguimos a viver.

O que esperam de nós, lá de fora, aqueles que já puderam constatar o nosso fracasso? Que melhoremos em uma coisinha ou outra, sem, contudo, avançar um passo sequer naquilo que nos é essencial? Ou que fiquemos aqui sofrendo por um bom tempo a consequência dos nossos erros, para, quem sabe, em outra encarnação, ter um pouco mais de chance de acertar?

Quanto tempo ainda se vive depois de morto?

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 10/11/2017
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