Os Tropeiros, sempre bons comerciantes, negociavam de um tudo sertão adentro. As suas mulas com seus "caçoás" preso ao dorso estavam abarrotados de mercadorias para troca e venda. A grande maioria dos produtos eram provenientes de Itabaiana e Carira, os dois maiores centros comerciais da época. Em em seguida eram revendidos pelos lugarejos do sertão sergipano, desde Santa Rosa do Ermírio, Lagoa Redonda, Minuím e Pedro Alexandre, cidade na fronteira entre Sergipe e Bahia. No povoado Minuím eles vendiam a “farinha sergipana” conceituada como a melhor farinha de mandioca de todo o Nordeste, por ser alva e fina, Ali mesmo compravam o feijão que era abundante e de excelente qualidade.
A vida do jovem e destemido sertanejo passou então a tomar um novo rumo, estava em processo de construção uma nova e sagaz história.
Misturava com alegria, as atividades agrícolas da fazenda onde morava, com as  atividades de comerciante tropeiro. O dia estava quente. Caso os sertanejos dali tivessem noção de temperatura, se assustariam.
Carlos nem notava o calor, pois o trabalho era motivo de muito orgulho por está trabalhando. Estava contente, contente mesmo!!
Os pensamentos corriam soltos e naquele momento pensava em tudo, menos na rispidez da caatinga à sua volta. Sua imaginação tornou-se fértil a ponto de conduzi-lo a outras paragens, imagina-se nas veredas do sertão na companhia de muitas mulas, todas carregada de mercadoria, e todas elas de propriedade sua, se via na agradável companhia dos amigos tropeiros num animado arrasta-pé numa noite especial, depois de ter feito bom negócios, o salão cheio de gente, cada qual com sua dama. A cada golpe desferido com a foice seus pensamentos vão se tornando mais reais. Seu sangue ferve nas veias, ouve o relinchar das mulas e vê uma linda flor morena de olhos grandes, negros e lindos vindo trocar seus beijos por farinha. Passando o devaneio no qual sonhara acordado naquele instante, e voltando a realidade continuou trabalhando feliz. Estava ansioso e certo de que no final de semana ele iria se encontrar com os seus amigos tropeiros nas vielas estreitas de Pedro Alexandre. O tradicional encontro se dava nos ditos “botecos” que seriam “mercearias” no futuro.
Numa agradável tarde de domingo saiu da Fazenda Caraíba juntamente com Evilásio, Manoel e Jeremias, todos tropeiros de Agamenon com itinerário a cidade de Carira. Na estrada iriam se juntar ao restante da tropa. A noite fria e enluarada do sertão enchia de fulgor a sua retina, a inércia de um chão de estrelas suspenso no firmamento celestial suas “fieis companheiras” que não o deixavam perceber que estava a dormir ao relento, enquanto os outros dormiam em suas confortáveis redes.    Na manhã de segunda feira chegaram a Carira antes de o sol surgir no horizonte. No dorso dos burros de carga estavam os sacos de milho, farinha, arroz, sal, e feijão. 
Marcos Antônio Lima
Enviado por Marcos Antônio Lima em 11/12/2017
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