Outros seres vivos no Cosmos

Uns cientistas resolveram aprimorar a equação de Drake, aquela que diz quantas civilizações alienígenas deveriam existir nessa nossa brincadeira cósmica. Os números altíssimos da equação inicial se baseiam em uma série de pressupostos que não possuem, até o momento, comprovação científica. Ao tentar fazer com que a equação se tornasse mais realista, os cientistas chegaram a conclusão de que há, ao menos, uma boa possibilidade de que estejamos sozinhos no Universo.

Reparem que não se negou a existência de outros seres vivos no Cosmos. Entretanto, isso não foi suficiente para conter as críticas de ufólogos e de entusiastas em geral, para quem a crença em seres de outros planetas ocupa uma posição central. É como cogitar para um crente a possibilidade de que Deus não exista. Por mais que não exista evidência científica desse Deus, o crente considera mais do que evidente a sua existência, e por isso não consegue admitir sequer que se questione o objeto da sua crença.

Da mesma forma, ainda não tivemos meios para que a realidade ufológica pudesse ser admitida de maneira incontestável pela comunidade científica, de maneira que uma posição cautelosa como a dos cientistas é não só natural, como recomendável. É certo que temos uma porção de eventos inexplicáveis, e se um dia eles nos levarem a concluir que, realmente, não estamos sós no Universo, então também os cientistas não terão problemas em admitir a realidade.

O que não parece muito sensato é atribuir a essa justificada cautela dos cientistas a pecha de arrogantes, gente que considera o ser humano o suprassumo do Universo e por isso não cogita outras possibilidades. Até porque, como venho insistindo há algum tempo, muita gente que acredita na existência de outros seres no Universo acredita, mesmo que inconscientemente, que a vida é o suprassumo do Universo.

De fato, o que se vê é uma tentativa de definir a “utilidade” do Universo pela sua capacidade de abrigar vida, em tantos cantos quanto possível. Não seria uma arrogância que nós, seres vivos, consideremos seres vivos como a razão de ser de tudo o que existe?

Claro, a vida bem pode existir em outros pontos do Cosmo, e eu mesmo acho que ela existe. Só não tenho a petulância de achar que é a vida que justifica o Universo.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 02/07/2018
Reeditado em 02/07/2018
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