A influência Africana na cultura de Camaragibe PE

A influência Africana na cultura de Camaragibe PE

BREVE RELATO SOBRE A AFRO CAMARAGIBIDADE

por : Gilmar Cesar Camará – Babalawo da tradição Vodun Nagô – etnia kipo popo manjarè

Em princípios da formação do Estado de Pernambuco, pelo donátário das terras Duarte Coelho, este doou as sesmarias do que viria a ser o Engenho Camaragibe, a o judeu Diogo Fernandes e sua Esposa Branca Dias, chamados de cristãos novos por volta de 1542 (arquivo publico do estado). Aqui nessas terras habitavam segundo o LEMOS Ribeiro, J. CAMARAGIBE. Indios da etnia Tupinambá e indios Caetés, estes promoveram uma resistência ferrenha a instalação do Engenho de Cana de acuçar na “terra dos camarás”. Queimando por mais de uma vez todo o plantio realizado pelo senhor de engenho através de uma levada de negros oriundos do Congo, provavelmente oriundos do Reino da Matambá , area fronteiriça entre o Congo e Angola, que detinham um grande conhecimento no campo da agricultura e do plantio em terras tropicais, alguns relatos datam essa passagem negada em nossa história, meados de 1549.

Se observarmos com maior atenção a existência, a influência e o manejo das mãos africanas e afro descendentes, influenciaram a construção e civilização de Camaragibe há pelo menos 469 anos, refletindo essa grande contribuição nos nossos grupos culturais que fazem a utilizção dos intrumentos sagrados trazidos pelos mesmos, como o ILU (tambor), e também o uso do MARACÁ que já era utilizado pelos nossos nativos (indígenas), formando essa identidade cultural própria de nossa cidade.

Com o crescimento e com a maior importação da mão de obra africana através do sistema escravista fomentado pela Inglaterra e diversos países europeus, tivemos em Pernambuco através do Porto do Recife a porta de entrada de centenas de milhares de negros e negras oruindos de diversos países e diversas etnias, sabendo que durante o século XVI até o ínicio do século XVII, recebemos em maioria os negros vindos da região que hoje esta situado os países República do Congo, e Angola.

A partir de 1630 chega a Pernambuco um negro de grande valia de etnia Maxi (Marri) oriundo do reino do Daohomé ( Daomé), onde hoje se localiza a República do Benin, e este foi um dos locais onde mais se exportou escravos para as Américas. Esses africanos aqui receberam nome de povo Jeje, que em yorubá significa estranho ou estrangeiro. Só a partir do seculo XIX entre 1844 e 1875 que há registros de chegada maciça dos yorubás em terras pernambucanas. Onde por volta de 1875 foi fundada uma das casas mais antigas, uma espécie de confraria de negros jejes e yorubás também chamados de nagôs, na região de Água Fria no Recife.

Esse relato histórico nos remonta ao que hoje temos em Camaragibe preservado nas 54 comunidades tradicionais de matriz africana e afro indígenas que fazem parte do inventário do Ministério do Desenvolvimento Social e Combate A Fome, pesquisa realizada em 2010.

Em Camaragibe Camaragibe há diversos cânticos na ligua originária das tradições que habitaram o que hoje é região metropolitana do grande Recife. E com suas particularidades, o nagô e a Umbanda (religião afro brasileira, de 1907) tem maior influência nessas comunidades afro descendentes em nossa cidade. Todavia, Camaragibe possui uma comunidade de cultura e linguagem Jeje, localizada no km 6 na Chã da Peroba, única em que os integrates falam, cantam, dançam e perpetuam sua cultura de fato no estado.

Temos a egbe ( comunidade ) localizada no Vera Cruz , km 10 onde esta preservada a língua, o culto e os costumes yorubá/ fongbé onde as crianças e jovens aprendem a língua para uso no dia a dia . poderiamos citar vários outros exemplos, porém afim de não delongar o artigo, concluimos com a plausível iniciativa do Sr. Olimpio Costa, por abrir o espaço para contarmos um pouco da história, que por sua maioria das vezes é resiliente na oralidade para que não seja apagada nossa memoria.

“Todo galo que hoje canta, ainda ontem era um ovo”

Provérbio Africano.