Biologia e os aliens inteligentes

Tomei conhecimento de algumas observações interessantes de Ernst Mayr, tido como eminente biólogo, para refutar os altíssimos resultados a que normalmente se chega com a equação de Drake – ou seja, aquela que tenta estimar quantas civilizações inteligentes e tecnológicas deveriam existir na Via Láctea.

Mayr se mostra bastante cético quanto à existência ou, ou menos, quanto à possibilidade de se entrar em contato com tais civilizações. Ele considera que, de todas as sete variáveis da equação, apenas a de que a vida extraterreste poderia se originar repetidamente e a de que existem planetas similares à Terra (algo que hoje já se sabe) são prováveis de se obter.

As outras seriam improváveis, com destaque para aquela que sugere que a vida extraterreste se adaptaria na direção da inteligência, pois esta foi classificada por Mayr como “altamente improvável”.

Ele ressalta aspectos tão improváveis da evolução da Terra que não acha que devam ser a regra no Universo. Em verdade, se a nossa “sopa evolucionária” tivesse alguns graus mais quente ou mais fria nem mesmo nós estaríamos aqui.

Mesmo que uma civilização inteligente chegasse a se formar, isso não necessariamente implicaria em tecnologia para ir ao espaço, uma vez que foi este o caso de quase todas as civilizações que surgiram na Terra, com exceção da nossa.

Ele chama a atenção para o tempo que demorou até a vida inteligente surgir no nosso planeta, pois, embora tenha surgido há mais de 4 bilhões de anos, foi apenas há 1 milhão de anos que apareceram os primeiros seres tidos como inteligentes.

Isso parece dar a entender que seria difícil coincidirem duas civilizações, vivendo no mesmo período e ambas inteligentes a ponto de terem vida espacial. A isso poderia ser argumentado que, uma vez surgida uma civilização tecnológica, ela permaneceria existindo por bilhões de anos, o que levaria ao contato com aquelas que surgiram depois.

No entanto, eu tenho para mim que, pelo menos na maior parte dos casos, as civilizações, mesmo as tecnológicas, não chegam a viver tanto tempo assim. É bem possível que se destrua sozinha ou seja destruída pelo próprio Universo.

Bem, outro argumento que o Mayr usou foi o de que 50 bilhões de espécies, mais ou menos, se desenvolveram na Terra, sendo que apenas uma única espécie chegou ao nível de inteligência e tecnologia necessários para enviar coisas ao espaço.

De fato, não se tem notícia sequer de que os dinossauros, que dominaram a Terra por milhões de anos, tenham algum dia pisado na Lua, quanto mais todas as outras espécies, a maioria bastante primitiva.

Ele questiona o valor que se atribui à inteligência para a sobrevivência, dando a entender que outras espécies sobrevivem sem ela.

Tudo isso são fatores que, em conjunto, tornam mais difícil que se encontre civilizações pelo Cosmos, negando assim a equação de Drake e oferecendo uma resposta das mais pessimistas para o famigerado Paradoxo de Fermi. No entanto, é possível que ele esteja certo.

Frederico Milkau
Enviado por Frederico Milkau em 23/08/2018
Reeditado em 23/08/2018
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