O significado de "Não confie em ninguém com mais de 30 anos"

"Não confie em ninguém com mais de 30 anos" - este é o ditado ou citação que eu ouvi pela primeira vez no meio da minha adolescência e que, naquela época, não fez sentido nenhum para mim. Por que as pessoas a partir dos trinta anos tornariam-se tão pouco confiáveis? Na contramão desse ditado, há outros que dizem ser justamente a partir dessa idade que as pessoas tornam-se mais maduras emocionalmente e, portanto, mais confiáveis, não seria isso? - eu me perguntava. Enfim, pouco tempo depois eu concluí que tanto um ditado quanto o outro se revestem de verdade absoluta, de pretensão de ser exatos, sem considerar as diferenças individuais, as várias nuances no modo de ser das pessoas. Não há nada mais mentiroso do que proclamar uma verdade absoluta quando se trata da natureza humana.

Muitos e muitos anos depois, com o advento da internet, eu me dei ao trabalho de pesquisar sobre a autoria da frase e descobri ser do ativista político americano Jack Weinberg. Por trás da citação "Não confie em ninguém com mais de trinta anos", existe uma história interessante, da qual eu não tinha a mais vaga ideia na época em que, pela primeira vez, conheci a citação, e nem já depois dos meus 30 anos, quando cheguei a uma conclusão sobre o significado da tal citação.

Ah, a juventude! Existe algo mais fascinante e intoxicante do que a juventude, principalmente para quem já não a possui mais? Há neste mundo algo mais deslumbrante, encantador, envolvente e mágico do que SER JOVEM? Não, não há. Sabe aquela sensação de que "temos todo o tempo do mundo", como cantou Renato Russo na Legião Urbana? Aquele tempo enorme ainda pela frente, para ser feliz, para alcançar uma infinidade de realizações, para realizar uma porção de sonhos... Ah, juventude!! "Somos tão jovens!" é o que os jovens pensam, dificilmente refletindo sobre o "Não temos tempo a perder", sendo que desses dois outros versos da mesma música da Legião Urbana, é o último que encerra a afirmação mais acertada, até para os jovens sim, porque o tempo passa rápido e não, não "temos todo o tempo do mundo." Só que os jovens ignoram a veloz e implacável passagem do tempo, sendo esta a única verdade absoluta sobre o tema. O tempo vai se escoando rapidamente, caminhando lado a lado conosco rumo ao fim, sem que nos demos conta. É possível, quando não se é mais jovem, ainda levar na alma aquela leveza no modo de encarar a vida, aquela esperança sem fim, aquela inocência a respeito das relações com outros seres humanos, sejam elas românticas ou de amizade? Existe esponja mais absorvente do que um ser jovem, pronta para reter todas as experiências que a vida vai lhe proporcionar? Pois é toda a inexperiência, toda a ingenuidade da juventude que faz a vida mais bonita. É por causa delas que a gente se enche de altas expectativas na forma de sonhos e esperanças de tudo o que vamos ser de grandioso, da marca que vamos deixar impressa no planeta. Na juventude, TUDO é possível, vamos alcançar tudo o que desejamos, porque, afinal, achamos que "temos todo o tempo do mundo". E é justamente porque ainda vivemos tão poucos anos antes de chegar aos trinta, que não foram o suficiente para termos tido a memória e o coração manchados por terríveis experiências, sejam quais forem estas: toda a sorte de frustrações, amores não correspondidos, relacionamentos promissores que terminam sem explicação racional, amigos desleais, a vida profissional que não deslancha, a grana que nunca sobra para aquela viagem dos sonhos, conflitos infindáveis com os pais ou outros familiares, filhos que debandam para um caminho jamais imaginado, morte de pessoas queridas, tudo isso e muito mais. Tudo o que deixa um amargor eterno no nosso ego, um buraco gigantesco no nosso peito, que nem o mais concentrado dos unguentos seria capaz de fechar. Acabou-se a leveza que se tem até antes de aproximadamente os trinta anos. Veio o peso da idade, peso este que, às vezes, literalmente se acumula no nosso corpo físico também, juntamente com as marcas de expressão no rosto, os primeiros fios de cabelo branco. É o peso da cruz que cada um de nós carrega e que se configura em um fardo individualizado e intransferível, que nos tira muito ou tudo do hedonismo que tivemos da adolescência até os vinte e poucos anos.

Por isso, jovem, em quem confiar? Numa alma emaciada e murcha, da qual só se expira um fraco sopro de ar contaminado e de odor amargo, ou numa ainda verde, cujos pulmões só sopram os perfumes da alegria e promessas das mais felizes e desvairadas vivências?