Etimolgia da Língua Portugesa Nº143

Etimologia da Língua Portuguesa por Deonísio da Silva Nº150.

Iogurt veio do Turco yoghurt pelo Inglês yogurt e designa leite coalhado com bactérias, principalmente o estreptococo e o lactobacilo, palavra que é formada pelo substantivo latino bacillus, bastãozinho, antecedido do composto lacto, do Latim lacteus, de leite.

Bactéria: do Grego baktérion , diminutivo de báktron, bastão, pelo Latim bacterium, palavra criada pelo zoólogo alemão Gottefried Ehrenberg (1795-1876), mas na difusão deu-se pelo Francês bactérie, por causa das descobertas do biólogo francês Louis Pasteur (1822-1895). Sua pronúncia no Português manteve-se fiel à do Latim. Esses micro-organismos foram detectados pela primeira vez por um holandês chamado Antonie van Leeuwenhock (1632-1723), tornado cientista ao construir microscópicos. Ele chamou a bactéria de animaliculus, animalzinho em Latim. Descobriu os micro-organismos porque fabricou lente que aumentava em 200 vezes o tamanho dos “animaizinhos” observados.

Forca: do Latim furca, pau que se abre em dois na ponta, portanto bifurcado. O instrumento de execução ganhou tal nome porque originalmente os condenados a esse tipo de execução eram supliciado em galhos de árvore, onde era pendurada a corda ao redor do pescoço, apertado pelo peso da pessoa. Houve enforcados célebres, como o apóstolo Judas Iscariotes (século I), assim chamado por ter nascido na aldeia de Kerioth ou por pertencer ao grupo de revolucionários zelotas, designado por ish sicari, homem do punhal, que deu sicarius em Latim, malvado, assassino, Judas é o nome que mais aparece nos Evangelhos. O traidor do Mestre não usava botas, usava sandálias ou andava descalço, mas veio parar na expressão que indica lugar distante: “onde Judas perdeu as botas”. As meias ele perdeu em outra metáfora mais moderna. Já “tirar o pai da forca” refere episódio em que Santo Antônio de Lisboa (1195-1231), o mesmo de Pádua, fazia sermão nessa bonita cidade do nordeste da Itália quando foi avisado sobrenaturalmente de que seu pai estava sendo condenado à forca por um crime que não cometera. O santo foi até a capital portuguesa, Lisboa, em espírito, fez toda a defesa do pai no tribunal e conseguiu absolvê-lo.

Gelo: do Latim gelus, água em estado sólido designando também cor. Dar um gelo é tratar com indiferença. Enxugar gelo é realizar trabalho inútil. Gelo baiano é um tipo de poste muito curto, colocado sobre as calçadas, em lugares estratégicos, para evitar a passagem ou o estacionamento de veículos nesses locais.

Iogurt: do Turco yoghurt pelo Inglês yogurt, leite coalhado com bactérias , especialmente o lactobacilo e estreptococo. Os étimos presentes nessas palavras são esclarecedores. O composto lacto do Latim lacteus, de lactis, caso genitivo de lac, leite, procede de uma raiz indo-europeia g(lak), leite, presente em galáxia, como na expressão Via Láctea, caminho de leite, porque o grande número de corpos celestes ali reunidos semelha leite derramado

Lactobacilo: do Latim bacillus, bastãozinho, diminutivo de baculus, báculo, bastão, cajado, antecedido composto lacto, do Latim lacteus, vinculado a lacteus, de leite. No yogurt estão presentes bactérias como o streptococcus thermophilus, isto é, curvo, que em Grego é streptó, e redondo como um coco, coccus em Latim, e o lactobacillus bulgaricus, assim chamado porque seu descobridor foi o microbiologista e médico búlgaro Stamen Grigorov (1878-1945). Já os bacilos gram-positivos devem tal denominação ao médico dinamarquês Hans Christian Joachin Gram (1853-1938), isto é, que podem ser corados pela técnica que ele inventou. Os gram-negativos não podem ser corados por essa técnica.

Quebrar: do Latim crepare, fazer um som, rachar, partir, donde crepitar da fogueira fazer parecer que algo está sendo quebrado e decrépito comparar o velho a algo que se quebrou. Já a expressão “quebrar um galho” indica o ato de ir abrindo caminho na mata. Quebrar o gelo é romper situações de constrangimento e iniciar uma conversa. Quebrar, porém, não tem sentido sempre positivo, de que são exemplos quebrar a cara (dar-se mal), quebrar a promessa (descumprir o trato), quebrar a empresa (ir à bancarrota), quebrar o sigilo bancário (revelar operações financeiras). Requebrar, todavia, redime o ato de quebrar o corpo muitas vezes, em busca de movimentos, como a dança.

Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia , é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), diretor-adjunto da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnewns, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De Onde Vêm as Palavras (17ª edição). www.lexikon.com,br

Revista Caras

2014

zelia prímola e Doutor Deonísio da Silva
Enviado por zelia prímola em 01/11/2018
Código do texto: T6492079
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