Etimologia da Língua Portuguesa Nº154

Etimologia da Língua Portuguesa por Deonísio da Silva Nº154

Rosa veio do Latim rosa, flor da roseira, mas também cor, nome de mulher, peça para encadernar livros e boca do tampo de instrumentos musicais. Tomate originou-se do Asteca tómatl, pelo Espanhol tomate, fruto do tomateiro, de início chamado até de maçã do amor.

Fantasmagoria: do Francês fantamasgorie, falsa aparência, dos compostos do Grego fantas, do mesmo étimo de fantasia e de fantasma, e agoria, de agoreúo, falar na ágor, assembleia. A palavra aparece em parágrafo muito esclarecedor sobre a Fé do Corpo, no livro A Filosofia como Crítica da Cultura, do professor e filósofo paulistano Paulo Ghiraldelli Jr. : “A fé precisa do Corpo porque ela é mera fantasmogoria sem ele. Não há sentimento religioso que consiga sobreviver sem o corpo. Quando um cristão faz o sinal da cruz no peito, ele o faz automaticamente, mas naquele momento toda a cinestesia de seu corpo o tenta avisar de que deve parar e se dirigir ao seu mito particular, ao seu deus particular.”

Joia: do Francês antigo joiel ou joel, pelo atual joie, mas todos radicados no Latim jocalis, o que dá prazer, designando objeto de muito valor, coisa rara, às vezes engastado de pedra: preciosas, usado como adorno. Uma das casas de joias mais famosas do mundo é a Tiffany’s, fundada por Charles Lewis Tiffany (1812-1902) em Nova York. Seu filho, Louis Comfort Tiffany (1848-1933), tornou-se empresário e artista, continuando e diversificando as vendas. Mas, durante a Guerra Civil Americana, a loja vendeu espadas e outros suplementos de guerra.

Nau: do Latim nave, declinação de navis, pelo Castelhano , antigo barco com casco e velas arredondados, de apenas um mastro, com a cesta da gávea posta no alto. Só no século XVIII passou a contar com três mastros. As naus, ao contrário de navios e caravelas, destinavam-se a proteger o comércio marítimo e por isso contavam com até 120 peças de artilharia. O ouro remetido do Brasil a Portugal era embarcado em naus, algumas delas conhecidas como naus dos quintos porque estavam carregadas com o produto da quinta parte da mineração do ouro.

Rosa: do Latim rosa, a flor da roseira, mas também cor, peça para encadernar livros, boca do tampo de instrumentos musicais, como cravo e clavicórdios, nome de mulher, presente na expressão do Latim sub rosa (sob a rosa), mote para o título do famoso romance do professor e escritor italiano e escritor Umberto Eco, o Nome da Rosa. O Nome da Rosa, levado ao cinema com o ator escocês Sean Connery e grande elenco. Segundo o mito, Harpocrates, deus do silêncio, tropeçou em Venus quando ela fazia amor, e Cupido, filho da deusa do amor, subornou-o para guardar silêncio sobre o incidente, dando-lhe a primeira rosa que foi criada. Esta lenda foi da rosa o emblema da confidência e desde o século V a.C., uma rosa era posta na porta dos recintos onde certos assuntos eram discutidos. Também a expressão sub vino (sob o efeito do vinho) era equivalente na precaução com as coisas ditas. Na cultura egípcia, o deus do silêncio é Horus, que aparece com uma rosa ou uma flor de lótus sobre os lábios.

Smoking: do Inglês antigo smocian pelo atual smoke, designando originalmente a fumaça, mas após a descoberta do tabaco , no século XV, levando o costume de fumar à Europa, veio a compor a expressão smoking jacket, jaqueta para fumante, um paletó maior que os anteriores, vestido por cima das outras roupas nas reuniões em que cavalheiros fumavam muito, para evitar que o cheiro do fumo impregnasse as outras vestes. O Inglês tomou conta de tal modo Português que às vezes a palavra parece vinda do Inglês, mas não é. Lembra o professor gaúcho Sérgio Nogueira: “ Importamos tanto que chegamos a inventar palavras que parecem ser inglesas. É o caso de motoboy ( que não existe no inglês ) , palavra formada de moto + boy ( bói, contínuo , que em inglês é office boy). Em Português escrevemos motobói “. Outras vezes a palavra existe no Inglês, mas com outros significados. Outdoor, externo, virou sinônimo de cartaz; com este significado, em Inglês é billboard.

Tomate: do Asteca tómatl, pelo Espanhol tomate, fruto do tomateiro. Foi chamado também de maçã do lobo, pêssego do lobo, maçã do amor. As duas primeiras designações devem-se à crença de antigos americanos que consideravam tomate venenoso. Outras confusões vieram de chamá-lo Mooars apples , maçã do mouro, confundidas com maçã do amor, mas pronunciada pomo d’oro, pomo de ouro.

Deonísio da Silva, da Academia brasileira de Filologia, é escritor, doutor em Letras pela USP, professor (aposentado) da UFSCar (SP), autor contratado pela Estácio (RJ), vice-diretor da Editora da Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Alguns de seus romances e contos foram publicados também em Portugal, Cuba, Itália, México, Alemanha, Suécia etc., e é autor de De Onde vêm as Palavras (17ª edição). www.lexikon.com.br

Revista Caras

2014

zelia prímola e Doutor Deonísio da Silva
Enviado por zelia prímola em 04/11/2018
Código do texto: T6494342
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