Experimente amar!

Experimente amar, pois amar faz bem a quem ama e a quem é amado. Amar não é ser tolo, é ser inteligente e maduro. Amar é ser justo, honesto, decente. Carlos Drummond de Andrade, em um poema, afirma: "Amor é privilégio de maduros". Concordo. Os imaturos não amam. Só os maduros conseguem amar.

Mas eu falo de amor em sentido amplo, e não em sentido restrito. Eu falo de amor à vida e na vida; amor na mente e no coração; amor em tudo o que se faz: no trabalho, na limpeza da casa e lavando roupa, no estudo e ao estudo, na limpeza do corpo, no beijo, na relação sexual; amor ao conhecimento, à sabedoria, ao bem público, ao mundo, às pessoas; amor de um homem a uma mulher; amor de uma mulher a um homem; amor aos pais, irmãos, sobrinhos, filhos; amor à verdade; amor à existência; amor ao Criador.

Amor é diferente de paixão. Paixão é fogo, desejo de posse, falta de equilíbrio, incapacidade de ver a realidade com lucidez, irracionalidade. Paixão é carência, falta, angústia, necessidade. O ódio, por exemplo, é uma paixão. Para usar a filosofia de Espinosa, neste caso específico, o ódio é uma paixão triste.

Cito, novamente, Carlos Drummond de Andrade, para quem "amor é o que se aprende no limite, depois de arquivar toda a ciência herdada, ouvida. Amor começa tarde". Novamente, concordo com esse poeta. Amor é fruto de aprendizagem, de experiência. Amor é construção.

É impossível ser feliz fora do amor. Para mim, o amor é uma construção, uma obra planejada com carinho, respeito, escuta, silêncio, palavra, diálogo. Amar alguém é querer o bem para essa pessoa. Querendo o bem para essa pessoa, quem ama se abre para o diálogo, para ajudar. Por isso, quem ama perdoa.

Quando amamos, estamos alimentando o bem em nós mesmos, estamos nos dando o que é bom. Quem ama está fazendo bem a si mesmo e a outrem. Mas amar não é aceitar os erros. Amar é condenar os erros e querer o bem para as pessoas. Quem ama não deseja que alguém erre, para mostrar-se que é melhor que o outro.

Quem faz o mal é infeliz. Quem deseja o mal a alguém é infeliz. Quem ama é imperfeito, mas não alimenta o ódio, o desejo de vingança, nem de destruição ou exclusão de outrem. Quem ama não alimenta rancor, ressentimento, inveja, porque são males.

É preciso amar a verdade, e quem ama a verdade não impõe uma verdade, nem é conivente com injustiça, maldade. Quem ama é aprendiz. No lugar do ódio, quem ama alimenta a compaixão, pois quem age mal está buscando o bem para si mesmo, mas o busca de forma errada. E, buscando o bem de forma errada, ninguém faz bem a si mesmo. Por isso, merece compaixão. Mas compaixão não é ausência de punição.

O amor pune, mas não persegue, não tortura, não mata ninguém, não exclui. O amor não mente, não rouba, não calunia, não fofoca. O ódio é escuridão. O amor é luz.

O amor não é carência, falta, necessidade, angústia. O amor não combina com orgulho, vaidade, arrogância.

Se milhões de pessoas no mundo sofrem fome, é porque falta amor naquelas pessoas que esbanjam e vivem em busca de riqueza. Falta amor em quem não age em benefício dos pobres. Falta amor em quem age em benefício dos ricos. Há quem ganhe cinco milhões de reais por mês; outros ganham muito mais. Há muitos que nunca conseguirão cinco milhões de reais durante toda a vida. Muitos não sabem o que fazer com o que têm. Outros não têm nem o que comer.

Quem busca riqueza material revela pobreza interior. Quando o homem reconhece verdadeiramente a beleza da vida, ele reconhece a inutilidade da riqueza material em uma só pessoa ou família. Dificilmente, um rico é feliz. Quem é feliz não tem necessidade de riqueza. Basta o necessário. Mas não estou defendendo a miséria, nem a pobreza. Eu defendo o necessário. Ser rico é desnecessário. A riqueza é desnecessária. Muitos estão presos por roubarem, por não terem a capacidade de reconhecer o necessário. Muitos matam e se matam por dinheiro: são tolos.

É preciso amar para ser feliz. É impossível ser feliz sem amar.

Experimente amar! Eu sou um aprendiz do amor.

Texto escrito em Pastos Bons/MA, no dia 12 de novembro de 2018, por Domingos Ivan Barbosa.

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 12/11/2018
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