Não somos todos iguais! Somos todos diferentes!

Muitas pessoas ainda reivindicam o direito à igualdade. Devemos ter muito cuidado com esse desejo, pois ninguém é igual a ninguém.

Eu já falei, diversas vezes, que somos todos iguais. No rádio, eu propagava isso. Errei! Na verdade, somos todos diferentes. Basta olhar a nossa sociedade. Como diz Antônio Flávio Pierucci, em "Ciladas da Diferença", citado pelo livro "Sociologia Para Jovens do Século XXI", "... nós, os humanos, somos diferentes de fato, porquanto temos cores diferentes na pele e nos olhos, temos sexo e gênero diferentes, além de preferências sexuais diferentes. Somos diferentes de origem familiar e regional, nas tradições e nas lealdades, temos deuses diferentes, diferentes hábitos e gostos, diferentes estilos ou falta de estilo; em suma, somos portadores de pertenças culturais diferentes... Motiva-nos muito mais, em nossa conduta, em nossas expectativas de futuro e projetos de vida compartilhada, o direito de sermos pessoal e coletivamente diferentes uns dos outros". Em inglês, o direito à diferença, ou de ser diferente, é dito assim: The right to be different.

Somos iguais apenas perante a Lei, no sentido de que ninguém está abaixo ou acima de ninguém. Essa é a liberdade jurídica, segundo a qual somos iguais em direitos e deveres, o que é algo ainda utópico.

Nunca haverá ninguém igual a mim. Nunca haverá alguém igual a você. Somos diferentes também na maneira de pensar, sentir, agir e reagir. Se você pensa igual à maioria, você não pensa. Eis uma das razões de eu não fazer parte de partido político, nem defender político. Quem defende um partido ou político não defende a verdade. Por quê? Explico! Um grupo político diz a um presidente da República eleito que o Ministério do Trabalho deve ser extinto. O presidente aceita. Seus defensores criam argumentos para defender a extinção desse ministério. O grupo político, devido à repercussão da notícia, diz ao presidente que não é bom extinguir o ministério mencionado. O presidente aceita a nova decisão. O que dirão os defensores desse presidente?

Defensor de político não pensa, nem o presidente eleito. Defensor de político e o novo presidente do Brasil, Bolsonaro, são máquinas, robôs. O novo presidente, antes de ser presidente, dizia que não ia privatizar a Petrobras. Agora, segundo a vontade de especialistas em privatização, afirma que partes da Petrobras serão privatizadas. Esse político e seus asseclas se dizem patriotas. Será que esse político e seus adeptos conhecem os significados de patriotismo e patriota? Privatizar empresas estatais não combina com patriotismo. Entregar o que é do povo a estrangeiros ou a domínio particular é patriotismo? Esse político e seus asseclas não pensam, não sabem o que dizem, ou são hipócritas.

Não deixe ninguém pensar por você. Kant nos convida: "Ousa fazer uso do teu próprio entendimento!" Analise o que eu digo. Analise tudo. Assuma a sua identidade. Identidade é aquilo que nos identifica. Eu assumo o meu direito de ser diferente.

Temos que lutar pelo direito de sermos todos diferentes. A nossa Constituição nos garante o direito de seguirmos ou não uma igreja ou religião. A nossa Constituição nos garante o direito de expressar o que pensamos. Ela nos garante o direito da pluralidade de ideias e posições políticas, religiosas, filosóficas e científicas nas escolas. Escola é lugar da pluralidade, das diferenças, do debate. Escola tem o dever de falar sobre tudo o que diz respeito ao ser humano, à vida. Escola e professor não devem ter tabu. Escola com tabu não é escola. Professor que tem tabu não é professor, não merece ser chamado de professor. Quem deseja "Escola Sem Partido" não está querendo a diversidade, as diferenças, mas uma única ideologia.

Somos todos diferentes. Não busque ser igual a ninguém. Se você for igual a alguma pessoa, você é uma farsa, uma fraude. Todos temos o direito de sermos diferentes. Eu, por exemplo, tenho o direito de amar a Filosofia. Tenho o direito de gostar de Sociologia, Antropologia, Psicologia, Língua Portuguesa, Matemática e História. Tenho o direito de gostar das filosofias destes filósofos: Sócrates, Aristóteles, Epicuro, Epicteto, Marco Aurélio (o imperador-filósofo), Sêneca, Boécio, Descartes, Voltaire, Sartre, Kant, Espinosa, Pascal, John Stuart Mill, André Comte-Sponville, Edgar Morin, Luc Ferry. Eu tenho o direito de gostar de Buda, Confúcio, Khalil Gibran e Gandhi. Eu tenho o direito de gostar de Jesus Cristo. Eu tenho o direito de gostar das músicas de Roberta Miranda, Sandra de Sá, Elba Ramalho, Shakira, Zé Ramalho, Guilherme Arantes, Roupa Nova, Titãs, Padre Zezinho.

Veja, pois, que não há ninguém igual a mim, nem haverá. Isso é identidade. Isso é personalidade. Este texto me revela. Tenho, também, o direito de me sentir atraído por mulher, mas tenho o dever de respeitar quem se sente atraído por pessoas do mesmo sexo. Tenho o direito de ter ideias sobre qualquer assunto. Tenho o direito de ser respeitado e o dever de respeitar cada pessoa. Mas respeitar não é deixar de dizer o que se pensa. Tenho o direito de, baseado em estudo e reflexão, afirmar que a homossexualidade é construída; que ninguém nasce desejando ninguém. Eu tenho fundamentação científica, filosófica, biológica, sociológica, antropológica e espiritual para afirmar que a homossexualidade é construída. Ninguém nasce homossexual. Ninguém nasce desejando ninguém. E não fujo de debate sobre isso.

Cada pessoa é uma construção de suas experiências e de si mesma. Só para mencionar: veja os desejos dos pedófilos. Eles já nascem assim? Não! Mas são desejos fortes. E as pessoas que não conseguem deixar de trair? Já nasceram assim? Não! E os alcoolistas? Já nasceram assim? Não! Você conhece a história real de Amala e Kamala, descobertas em 1921 numa caverna da Índia? Elas viviam entre lobos. O que aconteceu com elas? Morreram quando foram viver com os humanos. Kamala demorou seis anos para andar de forma ereta. Cheiravam a comida antes de comer, como fazem animais. Foi impossível que elas conseguissem sobreviver com os humanos depois que viveram com lobos. Não é só o cinema que mostra esse tipo de caso.

O mais importante é respeitar o direito de cada pessoa ser quem quiser ser, desde que não prejudique ninguém.

Pastos Bons/MA, 29/11/2018.

Domingos Ivan Barbosa

Domingos Ivan Barbosa
Enviado por Domingos Ivan Barbosa em 29/11/2018
Reeditado em 29/11/2018
Código do texto: T6514927
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