Etimologia da Língua Portuguesa Nº160

Etimologia da Língua Portuguesa por Deonísio da Silva Nº160.

Figura que assusta as crianças, Lobo Mau originou-se do Latim lupus, Lobo, e malus, mau, animal presente em narrativas muito populares. Pirâmide veio do Egípcio pi-mar. Pelo Grego pyramís torta, bolo, de pyrós, grão, porém significando monumento em forma de poliedros.

Afundar: do mesmo étimo do Latim fundus, fundo, seja de mar, seja de lagoa, rio, buraco, bolsa, bolso, recipiente etc., aplicando-se também a ordenações financeiras, como fundo de investimento, a fundo perdido e a sinônimo de realidade escondida (“no fundo, ele é uma boa pessoa”). Precedido de “a”, e com terminação em “ar”, faz esse verbo que designa ir para baixo, como acontece ,no mar em caso de naufrágio. Em 1943 já eram 36 navios mercantes do Brasil afundados por submarinos alemães perto da costa catarinense na II Guerra Mundial. Aliás, um desses submarinos, o U-513, foi recentemente localizado pelo velejador brasileiro Vilfredo Schurmann . Foi levado a pique por um hidroavião americano, no dia 19 de julho de 1943. O almirante Friedrich Guggenberger (1915-1988) e outros oficiais foram salvos pelos próprios americanos, mas os corpos de 47 nazistas ainda estão no fundo do mar. Outro submarino alemão, o U-199, está no fundo do mar, nas proximidades da cidade do Rio de Janeiro.

Cátaro: do Grego katharós, sem mancha, puro, pelo Latim tardio catharus, designando uma seita surgida no século Xi na Polônia, na Hungria atual, composta de cristãos que precederam o italiano São Francisco de Assis (1281-1226) na defesa e na prática da pobreza. Eles habitavam a região de Albiga, hoje Albi, na França, e por isso foram chamados cátaros albigenses. Depois de sofrerem perseguições das mais cruéis da História, foram propositalmente misturada ao Alemão Ketzer, feiticeiro, adorador de gatos, herege. Os cátaros eram muito ricos e, segundo narrativas medievais --- históricas, umas; lendárias, outras --- boa parte dos imensos tesouros que guardaram foram levados à Itália.

Glifo: do Grego glyphé, pictograma gravado em pedra, gravura, entalhe. Veio a designar sinais. É uma figura que dá um tipo de característica particular a uma figura. Nesse sentido, são glifos os indicadores ordinais em forma circular postos ao lado dos números, à direita, ao alto de cada um deles. Exemplos: 1º primeiro, 2ª etc. São glifos também a arroba (@), as aspas (“ “) , o chevron (< >), a cerquilha, também chamada de tralha e jogo da velha (#), o apóstrofo (‘), o asterisco (*), o ampersand (&), os dois pontos (:), as reticências (...), o til (~), a barra (/), a barra invertida (\), o asterisco (*) etc.

Lobo Mau: do Latim lupus, lobo, e malus, mau, designando animal real ou lendário, presente em contos de fada, fábulas e outrs narrativas populares. O mais popular é Lobo Mau da história Chapeuzinho Vermelho, cuja estreia literária dá-se em 1697 no livro do francês Charles Perrault (1628-1703). Contos da Mamãe Gansa. O autor baseou-se em fato real: um lobo que havia matado crianças e adolescentes no interior da França. Os lobos reais ainda continuaram o terror dos pequenos em muitas localidades, até que, uma vez dizimados, foram confinados às páginas dos contos de fada.

Pirâmide: do Egípcio pi-mar, pelo Grego pyranís, torta, bolo, de pyrós, grão. Desde os primeiros registros, esses monumentos em forma de poliedros têm sido designados por comparação com gigantescos pães, tortas ou bolos. As pirâmides são o ponto mais altos dos cuidados dos antigos com os mortos. Certamente, as primeiras sepulturas tiveram duas funções: registrar o local onde foi enterrado o morto e proteger o cadáver da investida de ladrões.

Trufa: do Latim clássico tuber, tubérculo, pelo Latim vulgar tufera, depois trufa no Provençal e truffe no Francês. Designa fungo subterrâneo, de sabor e aroma agradáveis, e um bombom feito de chocolate. Tem também o sentido de zombaria e troça, porque é em forma de trufa a bolinha que o palhaço põe na ponta do nariz com o fim de parecer engraçado. Pode ter havido associação com a dificuldade de encontrá-las, para cuja tarefa eram usados porcos ( hoje os cachorros substituem os porcos porque os suínos comiam a maior parte do que encontravam), pois eles fuçam à procura delas, principalmente ao pé de carvalhos, álamos, aveleiras e salgueiros. As trufas podem ser brancas ou pretas, e provêm da Itália, Croácia, Sérvia e Eslovênia, os maiores exportadores. Como tempero, a truta deixa o prato muito caro.

Deonísio da Silva, da Academia Brasileira de Filologia, recebeu o Prêmio Internacional Casa de las Américas, em júri presidido por José Saramago. Escritor, professor e doutor em Letras pela USP, é professor (aposentado) da UFSCar (SP), curador de Língua Portuguesa da Universidade Estácio de Sá (RJ) onde ministra videoaulas, diretor-adjunto da Editora Unisul (SC) e colunista da Bandnews, com Ricardo Boechat e Pollyanna Bretas. Livros de sua autoria estão publicados também no exterior. É autor de De Onde Vêm as Palavras (17ª edição) www.lexikon.com.br

Revista Caras

2015

Doutor Deonísio da Silva
Enviado por zelia prímola em 16/12/2018
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