Retalhos: memória de uma cidade

Carta Mundial Pelo Direito à Cidade

Artigo I. Direito à Cidade

"I - Todas as pessoas devem ter o direito à uma cidade sem discriminação de gênero, idade, raça, condição de saúde, renda, nacionalidade, etnia, condição migratória, orientação politica, religiosa ou sexual, assim como preservar a memória e a identidade cultural em conformidade com os princípios e normas estabelecidas nessa carta [...]".

Cidades

A noite havia o reflexo das luzes que vinham daquela caixa d'água.

Pareciam querer dizer alguma coisa sobre o submundo da cidade grande.

Sobre morar em uma metrópole.

Sobre as outras faces dessa cidade amazônica que estavam por trás dos grandes prédios e das Avenidas principais.

Elas podem ser visibilizadas nas pichaçoes do prédio jurídico.

Também são encontradas nas janelas quebradas dos prédios abandonados e dos novos.

E ainda na parte alta do entroncamento da Avenida Almirante Barroso com a Dr. Freitas.

Observando nas entrelinhas da cidade e da sua majestosa arquitetura colonial é possível enxergar as outras faces dessa cidade.

Agora não mais cidade. E sim,

cidades.

Múltiplas.

Diversa.

Plural.

Encontros e (des)encontros das experiências humana.

Estão espalhados por toda parte desse espaço vivido e rememorando, porque fazem parte do todo que o Estado insiste em segregar.

Compondo o tecido social dessa cidade conhecida pelas suas luzes no mês de Outubro e pelas suas mangueiras.

O Estado insiste em:

Limitar.

Excluir.

Torna-la invisível.

Em distorce-lá.

Essa outra cidade para além das luzes de Outubro.

"Vitrine" - parece uma ilusão do fausto composta para o olhar do estranho.

O concreto.

A rua.

Os prédios.

As casas.

Os passantes/pedestres.

As outras faces dessa cidade

Lutam contra o silenciamento

É compromisso político com a escuta atenta, ética e respeitosa por vozes que insistem em se fazer ouvir.

Porque é preciso ouvi-las.

Reconhece-las.

Visibiliza-las.

Memórias subterrâneas.

Memórias alternativas.

Memórias que produzem questionamentos sobre condutas socialmente construídas sobre uma única história.

Uma única versão da cidade.

Existe outra cidade dentro de uma mesma cidade.

Outra perspectiva.

Outro ponto de vista.

As luzes daquela cidade pareciam um sinal metamorfoseado das experiências humanas.

Essas que são únicas no tempo e espaço.

São as vozes dos sujeitos subalternizados no discurso ocidental mais que continuam lutando pelo Direito à Cidade.

Baseado na Carta Mundial do Direito à Cidade.

(Documento produzido a partir do Fórum Social Mundial Policêntrico de 2006.)

Dayanna Apolonio
Enviado por Dayanna Apolonio em 30/04/2019
Código do texto: T6636093
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