Um breve ensaio

" Quer sensibilizar alguem? Use as crianças Quer infernizar o ex? Use as crianças, quer passar na fila? Use as crianças. Quer benefícios do governo? Use as crianças. Quer acusar alguem injustamente? Use as crianças. Quer posar de caridoso? Use as crianças. As crianças foram superestimadas a tal ponto que esta obsessão defensiva em relação a elas parece apenas esconder um desejo de objetificação dos pequenos que de forma alguma consentem com esse assédio moral egoísta dos adultos, que recebem este nome justamente por serem adulteradores da realidade, incapazes de perceber todo fipo de instinto e disposição para o erro que um menino possui. Conferem direitos as pessoas sem que elas o desejem ou peçam. É apenas a tal superioridade do adulto que determina os liames e expressões, porque são mais "vividos", quando sua vida não passa de repetição de enquadramentos comportamentais que ele confunde com "educação". É o mais da hipocrisia que aprenderam de outros velhos, sucessivamente, achando que são a geracão salvadora contra o futuro. No dia que questionarem os pequenos deixando que sejam sinceros sem os cintos e sandálias eles darão respostas indigeríveis. A verdade é que o adulto usa as crianças como bonecos de massa para fazê-las o oposto de sua própria frustração, criando outro doente, outro robô. O adulto desfigurou sua própria infância, pois para ele tudo depende apenas de uma distância no tempo, quando escondidos de seus pais mimetizavam o mundo adulto e traiam a crença de seus pais de que eram meninos puros e inocentes. Não queiram ver os pais o que seus anjinhos fazem pelas suas costas.

Criaram gerações de pessoas com pena de suas próprias infâncias, porém tardiamente o adulto se escandaliza por tudo que fez alegremente quando menino apenas porque as gerações mais velhas continuam de pé com a palmatória caso digam o que sentem e o que querem. Agora pretendem socorrer as crianças de suas próprias brincadeiras, monopolizando a natureza delas. A mentalidade de que seus bebês estão a ser devorados a qualquer momento os deixou tão histéricos que acabam gerando outros mais histéricos, com carência patológica, medo, desconfiança, falta de individualidade e senso crítico. Querendo proteger as crianças do mundo, muitas vezes do mundo delas mesmas, acabaram transformando a proteção em um ultilitarismo. Seus filhos não passam de pequenos indefesos e eternamente objetificantes para o mundo adulto. Vamos caçar as bruxas, os homens do saco e os bixos-papões. O pedófilo (pedo-criança, filo- amigo) agora se tornou o simbólico proprietário e manipulador da infância, senão para o prazer sexual como o violador, mas para o prazer egoísta, hipócrita e exibicionista de adultos que quanto mais longe estão da infância mais envelhecem de birras. Crianças velhas. O adulto é uma criança que caiu do pé e se enrugou, perdeu o nutritivo prazer de viver. Nada melhor como ver as crianças correndo e aprontando e defendê-las de seus pais torturadores, abandonadores, silenciadores, castradores, violentos e egocêntricos, claro, passando o dia todo defendendo as crianças do mundo, mas expondo-as si mesmo, porque são úteis em suas mãos como brinquedinhos de sua infância tardia. "

Aleph K. Wagner
Enviado por Allan Martinus em 22/05/2019
Reeditado em 22/05/2019
Código do texto: T6654070
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