Sobre Jamais Derramar o Vaso de Hermes

Este ensaio foi escrito em homenagem ao Frater Diego que em suas caminhadas dialogava sobre essas situações da sublimação da alma humana. Não se trata de uma verdade, mas apenas versões da minha notação, obtidas em contato com pessoas cujas vidas foram dedicadas a estudos em monastérios e á consagração absoluta. Sei que nada sou mas creio no Ser Supremo acima de todos nós, o Grande Arquiteto e Maestro do Universo.

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Derramar o Vaso de Hermes seria, em meu ponto de vista, a busca incessante pelo prazer como passatempo, ao invés de aproveitar-se a energia mágica elétrica do espírito do iniciado nas buscas por ascensão espiritual e reconstrução.

Não derramar o vaso de Hermes, seria um apelo ao abandono da masturbação em busca de orgasmo sexual egocêntrico, por tornar a ociosidade em trabalho, em prol de fazer o bem. Temperar o próprio espírito em altruísmo e solidariedade com a energia mágicka da alma.

Atualmente, esse é um ponto polêmico entre muitos de nós iniciados. Digo isso pois o hedonista, ou seja, aquele que busca o prazer como rotina ou simplesmente o homem comum, não preocupa-se com uma ascensão espiritual. Contentam-se com mediocridade espiritual, catando pregações curtas, motivações egocêntricas e falácias de prosperidade material, tal qual elogios em redes sociais em frases de 144 caractéres. Tudo para parecer adequado e nada cansativo. Reformula-se um conceito de "bom" como algo simples e vazio, deixando de aprofundar-se em algo e de dedicar-se na construção de novas descobertas ou reformas de consciência. Querem para o agora, e sem esforço. Sem sofrimento. E o querem apenas por "querer".

A ascensão espiritual do iniciado requer uma trilha. Um projeto astral. Algo que vai além do conhecer entre literaturas, pois não nos basta ler. Algo prático em alguns momentos e meditativo em outros. Uma trilha que leva a sofrimento e sacrifícios de prazer por um bem maior. Um bem Holístico.

O Chamado é para todos. Porém, muitos de nós, incluindo eu, falhamos nessa tentativa de ascensão espiritual devido aos mundanismos que vão desde apegos materiais, necessidades sexuais hedonistas e libidinosas, gula, avareza, consumismo fútil, inveja ou cobiça ao que é de outrem, mentiras pra benefício próprio, calúnias e difamações alheias, iras e contendas. Estes flagelos de atitudes drenam a mágicka espiritual que ascende em nós. A mágicka que poderia ser usada pela nossa auto-edificação e pela construção em estílo egrégora com outros iniciados. A força da Egrégora de um grupo é imensamente poderosa para anular o Mal que nos rodeia.

Para atingir-se um estado superior é necessário entender a necessidade de separação no sentido de santificação. O espírito do homem superior não é livre deste mundo sem a prática de exercícios, de meditações e anulações de mundanismos. Digo isto porque hoje já existem diversos esforços midiáticos mundanos contra a elevação e ascensão. A mais completa coleção de bugigangas espirituais e falácias lógicas alienistas e corruptoras de caráter. Pregações de riqueza sem partilha, sem altruísmo ou desenvolvimento conjunto.

Tudo isso faz-me lembrar de umas palavras de Cristo:

"Onde está seu tesouro, ali está seu coração."

"Não ajunteis riquezas onde a traça e a ferrugem destroem"

Comparado ao desprendimento de mundanismo que Sidartha Gautama passou, isso mostra a unidade entre os dois guias ( Cristo e Buda) e confirma a necessidade de desprendimento material, pois Ele abdicou-se da luxúria e do trono por uma propósito maior: a ascensão e a iluminação.

Outra coisa é que a névoa espiritual ou ruído que nos impede focalizar é justamente a vida comum. Quem trabalha pra comer e vestir, sabe o quê nos desconcentra do espiritual. Portanto, o ônus do trabalho, que é a materialização do dinheiro pra trocas, acaba por drenar a força espiritual que busca a elevação. Consequentemente, o corpo adoece, o espírito enfraquece e paranóias e doenças psíquicas surgem em ecos ao ponto de muitos de nós acabarmos por aceitar fármacos em auxilío no controle das emoções que nos vêm á tona. Aí, o hedonismo alheio acaba por afetar-nos pois o sofrimento não produziu a esperança nem fé. A cura da alma é terceirizada pra uso de supressores químicos.

Por último, e encerro este texto aqui, cuidado com a "normose". Aceitar algo errado porque ficou "comum" é uma falência. A corrupção de caráter é o maior inimigo do iniciado. O mau espírito atraí vibrações negativas de toda sorte. A entropia é desfavorável pra ele. Surgem mágoas ficando suceptível á ira e a perda do autocontrole.

A normose esvaziaria o iniciado facilmente seduzindo com o apelo de que "é mais fácil...", "todo mundo faz...", "nada a ver..." e outros sofismas que culminariam num esvaziamento por motivo fútil. O iniciado deixa a busca e parte pro efeito hedonista imediato.

A vida é feita de momentos. Sobe-se pra decifrar e obter segredos. Desce-se aplicar conceitos e melhorar nossa forma de viver. Tudo que sobe, desce, porque o arquiteto quis assim. Não é tempo de ficar apenas lá em cima. Cada um de nós desce para aplicar o que foi alcançado. O alpinismo espiritual continua. Se subimos e conseguimos chegar já é quase hora de descer e aplicar. O que aprendemos de graça, de graça repassamos.

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Glaussim
Enviado por Glaussim em 08/09/2019
Reeditado em 31/05/2023
Código do texto: T6740117
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