Esfinge

Escrever é a arte de moldar a verdade

Por quê expor feridas se você não gosta de dor? Quem não gosta de dor?

Às vezes tudo que precisamos é sentir alguma coisa, não é? Destruir faz parte do processo.

Quanto maior a estrutura, mais belo e gratificante e doloroso é vê-la cair ao chão. Ou abaixo dele.

Se penso é porque dói e se escrevo é porque tá me machucando e se eu estou dizendo é porque você está cutucando a porra da ferida, e se então eu me calo, é porque eu realmente cansei de sangrar por você.

As coisas mudam vertiginosa e inexperadamente rápido demais, e por vezes sinto-me um tanto quanto esquizofrênico.

Já me livrei de diversos sinistros, ressurgi das cinzas algumas vezes.

Porém a sombra mais obscura com a qual me deparei até hoje é a Dúvida. Ela turva a visão, e ecoa. Envenena, deturpa.

A Esfinge e sua sentença maldita. E eu, ando milhas e milhas e milhas, e sempre caio nesse corredor. Eu não sou o único. Ninguém foge de si mesmo. O passado nem sempre é tão distante e o sabor de um bom café logo se esvai.

A pergunta ainda ressoa, silenciosa, aqui dentro. Pode ouvir? Quer ver?