“SÃO OLHOS IGUAIS AOS SEUS”

Numa Ilha

Seguindo com minha nave cuja motricidade é as engrenagens insólitas e insondáveis do Ser, e o combustível e comburente vêm da própria Engenharia Hawaiiana. Eu vejo no horizonte uma ilha, nela me veem raios multicolores que tocam o infinito, se banham do Deus Hélio, o Deus Sol, e vem em minha direção. Entro num túnel de cor, multicolor e de filamentos do tempo, estou mais perto da ilha, o que eu vejo: o maior palco já montado na Terra, raios de luz sob o luar por todo lugar, o que eu escuto: solos de guitarra e as cortinas fechadas, de repente um improviso de bateria, eu estou com ela, sim eu estou com Elisangela, muita amada, meu fim da espera e junto de nós gente de todas as partes e anjos cantantes que para nós cantavam canções de Marte ou de Vênus.

A Nave Pousa.

Depois de um beijo ardente e quase proibido, pés ao chão.

– Vamos que o futuro é agora! (Gritei antes de sair correndo)...

– Espera por mim meu amor! Também quero ir (Disse ela com o corpo já em movimento e em chamas de desejo)...

Era tanta gente, tanta gente mesmo que não dava para explicar. Raios laser por toda parte, o céu tinha mais estrelas, e antes da cortina prata e dourada estampar o manto da noite, um azul metálico sem nuvens envolvia as paragens da ilha. Telões holográficos de setenta metros de largura por 30 de altura se espalhavam pelas diagonais do palco, e por toda parte, eu via um telão central tão grande quanto paralelas que se encontram em Belém do Pará. Um telão 3D indo ao infinito e já funcionava. Sem que precisássemos de óculos. Todos viam seres mágicos, dessa nova dimensão a quarta coordenada era maravilhosa e o tetraedro não tinha mais segredos. Sentamos, tinha cadeirinhas para todo mundo. Quem estava mais perto do palco estava de pé. De repente o começo do show, abrem-se as cortinas, a música começa...

Era uma vez um planeta mecânico

Lógico, onde ninguém tinha dúvidas

Havia nome pra tudo e para tudo uma explicação

Até o pôr-do-sol sobre o mar era uma gráfico

Adivinhar o futuro não era coisa de mágico

Era um hábito burocrático, sempre igual

Explicar emoções não era coisa ridícula

Havia críticos e métodos práticos

Cá pra nós, tudo era muito chato

Era tudo tão sensato, difícil de agüentar

Todos nós sabíamos decor

Como tudo começou e como iria terminar

Mas de uma hora pra outra

Tudo que era tão sólido desabou, no final de um século

Raios de sol na madrugada de um sábado radical

Foi a pá de cal, tão legal

Não sei mais de onde foi que eu vim

Por que é que estou aqui

E para onde devo ir

Cá pra nós, é bem melhor assim

Desconhecer o início e ignorar o fim

Da fábula

(A Fábula)

Humberto Gessinger

Era ele, era o Humberto Gessinger, eram os Engenheiros do Hawaii. Humberto de branco, com o cabelo tipo samurai. Há iluminação sobre ele, e, uma luz azul saia do seu corpo. A banda super afinada acompanha nosso ídolo é a mesma que terminou a turnê Novos Horizontes. “A Fábula” acaba. Humberto vai para o microfone e diz que logo em seguida vem Pink Floyd.

Na verdade eu entendi: naquela ilha estavam todos os fãs dos Engenheiros do Hawaii e do Pink Floyd, todos fãs do mundo inteiro. Portanto o mundo quase inteiro. Os que não curtia o som, também existiam porque “a diferença é o que temos em comum” Por isso tanta gente, por isso tanto efeito. Humberto ainda disse que naquela noite teríamos um ‘revival’ com todos os músicos que já tocaram com ele! Foi demais, a noite só estava começando e pelo visto ela era mesmo só uma criança. O show dos Engenheiros demorou mais de 04 horas, Maltz foi o primeiro a entrar, e o Duka Leindecker também veio, por último e para delírio dos mais saudosista entra Augusto Licks. O Augustinho entra com guitarras em mãos, e começa o solo de uma canção nova chamada “Mãe”, numa pequena pausa, Paulo Ricardo aparece no telão irradiado de tanta luz que o contorno de sua alma parecia estar ampliada, canta pequenos trechos de hits e diz que tem muitas novidades para amanhã, quando será o show do RPM e Kid Abelha.. Os Engenheiros seguem com o show, cantaram muitas canções desde “Infinita Highway” até “A Ilha não se Curva”. E quando todos pensavam que o show iria acabar, entra Nando Reis vestido com um casaco marrom, cantam 03 músicas inéditas feitas exclusivamente para o show e finalmente no biz, Humberto entra com todos os músicos que já cantaram com ele, estão todos no palco, foi lindo e maravilhoso, cantaram mais 04 músicas e foram embora. Humberto ficou. Era altas horas da madrugada, mas ninguém tinha um relógio.Com tanta tecnologia ninguém tinha ou queria marcar o tempo, só contavam as estrelas. Entra o Pink Floyd, Roger Waters está com eles, David Gilmour cumprimenta a todos, fala baixinho com o Humberto e o HG vai para uma estação onde tem uma bateria. O show começa foram mais de 03 horas de show, quem não sabia inglês aprendeu ali mesmo, e o Humberto tocou bateria em quase todas as músicas, sim o Humberto tocou bateria e fez o vocal de “Comfortably Numb” junto do David Gilmour. Foi o momento mais mágico do show que contou com muitas músicas novas do CD “On An Island” e também músicas inéditas.

Quando o Sol estava nascendo na ilha, eles tocaram “Take it Back”, foi também um momento mágico, pois o David chamou todos os Engenheiros para o palco, e todos os raios de luzes que saiam dali e venciam a escuridão encontravam repouso no subconsciente daquela multidão que, passou a ser muito melhor, e agora o Sol com sua luz continuava o trabalho de limpar a mente e purificar corações naquela manhã tão especial, daquela noite-e-dia inesquecível.

E ninguém quis ir embora dali...

E ninguém chorou, a não ser de amor...

E ninguém teve medo do viajante...

E todos comeram do pão...

E todos beberam do suco...

Eram a maioria...

O vinho brindou a uva...

Leonardo Daniel

Para um projeto literário em homenagem aos 25 anos dos Engenheiros do Hawaii.