O livre arbítrio e os planos de Deus na visão cristã

Sempre questionei sobre a questão do livre arbítrio. Será se temos mesmo o tal do livre arbítrio?

Uma outra pergunta é: E com relação aos planos de Deus? É muito comum ouvirmos de pessoas religiosas que Deus tem algo melhor para nós, ou que Deus tem planos para nós. Pois bem, irei fazer algumas reflexões sobre o que eu acho.

Eu acredito que todos nós temos a liberdade de escolher o caminho a seguir, entre sermos pessoas de boa ou de má índole, mas no meu ponto vista ateu, essa liberdade não foi dada por nenhuma divindade. Ser bom ou mau é algo inerente da própria natureza humana.

Apartir do instante em que adquirimos a capacidade somos responsáveis pelos nossos próprios atos. O próprio Código Penal em seus arts. 26 e 27 estabelece as condições para que o indivíduo seja plenamente capaz de responder pelos seus próprios atos na esfera penal como por exemplo ter idade mínima de 18 anos e não ter nenhum tipo de retardo mental. Portanto, uma vez capaz, todos serão responsáveis pelos seus próprios atos.

Na visão religiosa o livre arbítrio é algo bastante controverso porque a própria Bíblia ora fala que fomos predestinados à salvação e ora fala em livre arbítrio.

A ideia de que a conversão do cristão é um convite de Deus num primeiro momento parece ser compatível com a ideia de livre arbítrio. Podemos encontrar vários versículos bíblicos que defendem essa ideia: (Marcos 16: 15-16); (Ap 3: 20); ( Mateus 11:28) dentre outros. A lista é enorme. Por outro lado, há também muitos versículos que defendem a ideia de predestinação conforme está em (Efésios 1: 5,11); (Romanos 8: 29-30); ( Mateus 24: 22,31); (Marcos 13: 20,27) e tantos outros. No YouTube é possível encontrar alguns vídeos do pastor Augustus Nicodemus sobre esse assunto onde o mesmo admite que esse é um tema muito confuso assim como a questão da Trindade. Nem mesmo os pastores, padres ou teólogos conseguem trazer explicações convincentes sobre o tema e daí atribuem como sendo "mistério" para tentar justificar esses absurdos bíblicos. Isso é uma prova cabível de que não há Espírito Santo algum zelando pela Palavra, pois o que podemos perceber é que a Bíblia é um livro com muitas contradições, muitas interpretações e muitos assuntos onde nem os mais renomados teólogos conseguem nos trazer explicações convincentes.

Em Marcos no capítulo 16: 15-16 diz:

" Quem crê e for batizado será salvo, mas quem não crê será condenado ".

Num primeiro momento, podemos até imaginar um certo livre arbítrio, no entanto, se analisarmos bem esse versículo não seria um convite à conversão, mas uma imposição. Desse modo, aqueles que recusarem à salvação serão condenados.

Daí fica a pergunta: Que livre arbítrio é esse que se você não seguir a esse Deus imaginário você será condenado? Ou seja, é tudo na base do medo. Se você não vier pelo amor, virá pela dor. Quer dizer que Livre arbítrio só existe na hora de justificar a omissão de um Deus que permite que uma criança seja estuprada ou que um bandido possa te ameaçar com um revólver?

Não faz sentido algum. Além disso devemos entender que livre arbítrio é algo incompatível com os planos de Deus porque se Deus já tem planos para nós aonde fica a nossa vontade?

Essa ideia de livre arbítrio não se coaduna com a questão da predestinação ou dos planos de Deus. A religião traz uma falsa esperança de uma vida eterna, mas ao mesmo tempo os cristãos têm que conviver com o medo de uma condenação no fogo eterno. E se existe algo que os cristãos morrem de medo é de ir para esse tal "inferno".

Nesse mesmo sentido, considerando real a ideia de predestinação, Deus teria predestinado os seus à salvação imprimindo nesses o medo de uma condenação eterna. Da mesma forma, reservou a condenação aos que não foram escolhidos desde o princípio.

Uma coisa é certa, se esse Deus existir, nosso livre arbítrio é muito relativo. A gente só age até onde Deus permitir, ou seja, prevalece sempre a sua vontade de modo que nem adianta mesmo orar porque se ele já tem planos para nós tudo tem que ser conforme a sua vontade. Um livre arbítrio condicionado aos planos de Deus. Imagine um sujeito que se torna traficante. A sua vontade de enveredar pelo caminho do mal coincidiu com os planos de Deus para a sua vida. Por outro lado, imaginemos uma pessoa que sonha em ser aprovada em concurso para juiz e consegue realizar esse sonho. Na verdade a sua vontade apenas coincidiu com os planos de Deus. Agora pergunte a uma pessoa que se formou e que está atrás de um balcão ganhando um salário mínimo se ela está satisfeita. Diante das dificuldades que enfrentamos, seja uma doença ou a perda inesperada de um ente querido que Deus já sabia, mas nada fez para evitar ou mesmo o tão famigerado desemprego. Todas essas situações são exemplos que comprovam que os planos de Deus é que irão definir o nosso futuro.

Ainda sobre esses questionamentos. Os cristãos também sempre falam que temos que aguardar o tempo de Deus ou ainda que Deus está sempre no comando.

Imagine quantas pessoas nesse momento que estão desenganadas pela medicina, quantas pessoas nesse momento desempregadas, quantas crianças passando fome e não precisamos nem nos reportar ao continente africano. No sertão nordestino mesmo, podemos perceber o drama de famílias que vivem em situação de extrema miséria. Esse é o Deus que está no comando, mas que nada faz.

Os religiosos sempre encontrarão argumentos como forma de apaziguar suas dores ou trazer uma falsa esperança às outras pessoas, dizendo que Deus está sempre no comando. De fato, Deus está sempre no comando, assim como foi nos campos de concentração nazista na 2° Guerra mundial, onde nem sequer apareceu para salvar o seu próprio povo judeu.

É por isso que na cabeça do cristão fica a dúvida: "será se o que eu estou pendindo é a vontade de Deus? "

Por outro, lado se a pessoa não consegue alcançar a tal "graça" que tanto espera é porque tem que ser no tempo de Deus. Por essa razão é que muitos passam a vida inteira rezando e nada acontece porque simplesmente ficaram esperando o tempo de Deus se cumprir.

Alguns intelectuais céticos e ateus como Feuerbach, Freud, Marx, entre outros, difundiram essencialmente a ideia de que Deus seria um sonho da mente humana, a figura de um pai idealizado, uma projeção psicológica motivada pela necessidade que as pessoas têm de encontrar segurança e algum conforto em meio a uma realidade cruel e insensível. Em outras palavras, A religião seria uma espécie de " muleta " na qual o religioso precisa se apoiar. Deus existe apenas dentro da subjetividade da fé.

Conclusão:

Deus não tem planos para ninguém. Nós é que temos que traçar os nossos planos.

Livre arbítrio não é algo concedido por Deus, é inerente da própria natureza humana. Temos discernimento em saber o que é certo ou errado e por isso somos responsáveis pelos nossos próprios atos.

Antigamente a religião servia para controlar os ânimos das pessoas. Hoje não precisamos de nenhum livro religioso para ditar regras de comportamento. Para isso já temos as leis e educação nas escolas. E pra finalizar esse é o melhor conceito de religião:

"Religião = Pura ilusão, pura fantasia, pura superstição."

Plauto Leal
Enviado por Plauto Leal em 08/09/2020
Reeditado em 09/09/2020
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