O estudante servil

É espantoso como o ser humano adora ter um senhor, na figura de um ser divino ou humano, como pai, tutor ou protetor. É só alguém estar disposto a cumprir o papel de dizer ao outro o que sentir, pensar e fazer na vida que logo ele encontra seguidoras e servidores fiéis.

A relação de alteridade baseada na igualdade ontológica, ou seja, naquilo que cada um é, parece algo a ser evitado a qualquer preço, haja vista que essa modalidade de interação humana requer liberdade, responsabilidade e, sobretudo, que cada um seja senhor de si.

Até no ensino superior a relação de suserania e vassalagem parece forte. Poucos estudantes desse nível de ensino compreendem que assumir-se de forma autodeterminada e livre, mas também séria e compromissada, é o real caminho para o desenvolvimento pessoal.

Preferem, quase sempre, a comodidade de ser mandados, amam a tutela da nota e da presença, adoram ser pensados e administrados, em lugar do desconforto de tomar as próprias decisões, fazer a própria história, caminhar com as próprias pernas. Parecem ainda na fase infantil, em que os adultos têm de conduzir-lhes os gestos, passos e ações. Fora do controle da nota e da presença, pouco fazem.

Mas esse tipo de estudante servil é um perigo. Em nossas universidades estão aqueles que, amanhã, tomarão às mãos as rédeas da condução do país. Como esperar que sejam livres, autônomos, autodeterminados e senhores de si quando na gestão dos destinos de nosso povo? Saberão eles o que é soberania? Terão condições de respeitar e de se fazer respeitar, vivendo relações fundadas na alteridade dos iguais, responsáveis e cientes das próprias decisões? Tenho lá minhas dúvidas.

Melhor seria se, em vez de estudantes servis, aceitassem o desafio daquele professor que lhes instiga: façam-se a si mesmos! Eu, professor, sou passageiro. Mas vocês nunca conseguirão se livrar de vocês mesmos. É bom que assumam o seu “si mesmo” desde já.

Penso que isso é fundamental para termos uma nação brasileira verdadeiramente adulta e madura para enfrentar a contento os desafios que o Brasil nos coloca a cada dia.

Sinceramente, acredito nisso e não consigo encontrar outra forma que me pareça mais razoável. Resta saber se os estudantes conseguem ver o que isso implica e o que requer de cada um.

Estudantes, acordem!!!