caindo as fichas.

caindo as fichas...

sabe gente, estou sentindo uma gratidão tão imensa.

quando era bem jovem, lá pelo início dos anos noventa, minha amiga-madrinha milena (parceira da mocidade espírita que participei) me disse: "paulo, estou fazendo um curso que sinto ser sua cara: você precisa fazê-lo, irá adorar e rem sua cara."

levei isto no meu coração.

segui a vida com o misto de curiosidade e meta.

na primeira oportunidade de fazer a graduação pela escola da família, tive a chance de fazer o curso de serviço social na unaerp do guatujá, mas na ocasião era muito longe e não sabia andar pelo guarujá e ainda mais tendo que trabalhar cedo, resolvi estudar no don domênico, onde foi magnífico.

conheci pessoas e professores magníficos (onde no meio do curso perdi um professor, querido antonio amaro, inteligentíssimo filósofo).

e terminei em 2009, aos trinta e nove anos.

sempre quis fazer uma graduação e me senti muito grato à DEUS por me conceder tal bênção, num país onde a educação é seletiva e voltado às pessoas específicas.

seja como for, o projeto do serviço social estava adormecido e nem sabia se um dia seria factível fazer essa graduação.

mas DEUS não joga uma semente no coração da gente em vão.

logo vi rumores de estar sendo construído um campi da universidade federal aqui do lado do meu serviço, num local onde foi inclusive um pátio da cet no passado, na quadra após do meu serviço.

com o tempo chegam os estagiários da unifesp (universidade federal de são paulo), e fico sabendo que nesse campus havia o curso de serviço social.

uma chama acendeu em meu coração.

quando por algum motivo passei em frente do campi silva jardim, sentia que acendia a chama de me ver fazendo do curso tal almejado e que seguiria por aqueles corredores.

fiz o enem, me cadastrei no sisu e um dia chega a maravilhosa mensagem, está aprovado.

consumou-se o intuído.

passei a estudar e seguir pelos corredores que tanto me atraíram.

a troca de informações dos primeiros estagiários de serviço social que haviam passado pelo crt antes de entrar no curso, também se fizeram significativos.

começo o curso e entro em contato com amigos tão queridos e mais outros amados professores, cada um trazendo com sua personalidade, novos olhares sobre as coisas todas...

e a cada etapa vivida, mais passei agregar de símbolos à minha vida.

junto ao curso de serviço social, que já é muito agregador, ainda tive is (indivíduo e sociede) e ts (trabalho em saúde).

esses eixos merecem um grifo especial. com especial destaque pra ts (em suas quatro etapas), que me levou a conhecer dona hélia e sua narrativa maravilhosa de vida (caminhos do atlântico), que tornou-se minha amiga de vida e confidências.

também ts levou a refletir na atuação em/com grupos, onde na residência terapêutica, vi novas possibilidades de ser articuladas quaisquer adversidades, ainda que estas venham marcadas por estigmas, que a princípio parecem intransponíveis.

e segui na formação e na graduação. veio os estágios e as oficinas e a experimentação da prática profissional de forma supervisionada e orientada, assim como com as supervisões acadêmicas de estágio e o debate em grupo das variadas experiências do grupo de estagiários, nos fez ver ainda mais os desafios e a amplitude do fazer profissional dos assistente sociais e em seus mais variados espaços ocupacionais.

e o curso seguiu, até este momento...

agora as fichas começam a cair e o fim da graduação está se consumando.

e fazendo a uc processos de trabalho e serviço social, em momento tardio, na verdade fez todo o sentido dentro do meu processo, pois está amarrando tudo o que experimentei durante o que vivi no curso.

e de forma magistral a professora conduziu os trabalhos, mesmo diante de tantas adversidades e da questão emergencial de ser aplicada de forma remota.

outro destaque que cabe aqui que mencionei no passado, foi o processo de meu tcc, onde também tanto a minha orientadora, como a professora leitora do meu trabalho de conclusão de curso, me fizeram entender a importância e o legado da pesquisa acadêmica, com vislumbre da produção de conhecimento e material teórico, para que se promovam as discussões das mais variadas expressões e vivências da vida e do fazer humano nesta realidade e sociabilidade que estamos inseridos.

a graduação me permitiu falar sobre questões que me afligem a alma, assim como dividir a necessidade de uma questão que pipoca à todo momento, mas fica na subalternidade e invisibilidade, com seu peso imoral, estigmatizado e criminalizado, sem uma devida rede de apoio para o tratamento e acompanhamento das suas demandas. demandas estas tão específicas e urgentes, onde milhares de pessoas seguem violentadas e violadas seja por si mesmo, seja pelas mais variadas questões sociais, emergentes dessa sociedade conservadora, elitista, moralista e inflexível com os assuntos que merecem ser trabalhados, por serem expressões do viver humano, imantados por sua diversidade de possibilidades, onde algumas destas merecem uma intervenção, para serem trabalhadas de forma saudável e emancipadora do sujeito.

e o tempo prossegue.

e estou nas vésperas do fim dos estudos, daqui a pouquíssimo tempo o fim chegará e ao meio século de vida, terei seguido a sugestão da minha amada amiga-madrinha milena (assistente social há anos).

parece que demorei tanto tempo, mas por outro lado, parece que fiz no momento mais preciso, para primeiro poder apreender melhor toda a conceituação trabalhada.

e por outro motivo ainda mais importante, somente neste momento poderia ter a experiência com os professores que tive contato direto e indireto, assim como tive contato e experiência com as mais variadas pessoas que a graduação e o campus trouxe à minha vida, que seria improvável encontrar de outra maneira.

não digo que saio com muitas pessoas próximas à mim, mas saio com uma diversidade de olhares e questionamentos, que jamais de outra forma agregaria às minhas informações.

as minhas supervisoras de estágio de campo, merecem outro destaque no meu processo de aprendizagem prática e de profissionalismo (ambas ímpares).

um dia de forma solta, escutei um questionamento sobre minha condição de estagiário ("este é seu estagiário", ou algo nesse sentido...).

esta crítica me fez pensar muitas coisas, mas principalmente na relação que construí com elas e o que ficou dessas supervisões. saio enriquecido, melhor e com muitos instrumentos para fazer-me um íntegro assistente social.

e as fichas começam a cair e o final traz uma saudosa lembrança de todo o processo, assim como de toda a vida até esse momento.

de todas as maneiras, parecia algo improvável em minha vida, mas por algum motivo maior, para que de repente possa estimular à outras pessoas acreditarem em seus potenciais e nas possibilidades que a vida traz, desde que também se acredite nisso.

e principalmente, que há uma FORÇA, que nos conduz aos nossos planos e sonhos, quando minimamente nos permitimos ser tocados por ELA.

estou muito longe do perfil idealizado de um religioso e um fiel, mas em nenhum momento deixei de acreditar em algo maior que tudo isto, assim como sempre respeitei e procurei atender aos sinais que chegaram à mim.

hoje divido essa emoção e registro aqui, em meus autos...

não citei nome de nenhum professor e nenhuma pessoa, com exceção da milena e de dona hélia, pois não há ninguém que tenha cruzado comigo, que deixou de me trazer signos e símbolos que seguirão comigo por toda a vida.

as pessoas com que convivi pela vida, em toda a minha vida, também me deram o lastro para desenvolver os sentimentos que possuo atualmente.

assim como também, cada professor que tive em cada espaço por onde passei e estudei, contribuíram nesta minha jornada de vida, aos meus cinquenta anos.

vivo num país com expressões de pobreza e miserabilidade quase que incomparáveis, ficando junto análogo aos países com as condições mais absurdas de desigualdades sociais.

ainda assim com todas as implicações disto, aqui nesta terra fui abençoado e tive a oportunidade de romper muitos obstáculos, chegando à um dos sonhos que nutro nessa vida.

sonho este que se faz tomar forma e se realizar com a ajuda de muita, mas muita gente mesmo, que nem tenho como enumerar.

pessoas estas que encontrei pelos caminhos desta vida. muitas delas nem estão mais neste plano, ou nem imaginam da sua importância nesse processo (e que nem nos vemos mais).

mas também devo agradecer à mim, no sentido de ter acolhido aos sinais que tive pela vida e que me conduziram até este momento.

à minha família, meu especial agradecimento, pois compraram-me, com todas as minhas controvérsias e ainda assim me permitiram ter um canto, onde pudesse ter a paz para acreditar na vida e em cada etapa vivida, servindo de lastro para meus momentos mais difíceis e solitários.

e ao meu AMADO DEUS e SEUS Santos, que me enchem da luz que é a esperança.

os caminhos que irei seguir adiante, ainda não sei. mas sinto que outros sinais virão e com eles mais pessoas com quem compartilhar esta caminhada.

a essência de tudo isto, é que meu viver se faz compartilhado, onde na troca humanizada, consigo seguir com os outros e suas mensagens pessoais, rumo aos meus entendimentos e sonhos.

essa é a principal ficha a cair.

jo santo

zilá

Paulo Jo Santo
Enviado por Paulo Jo Santo em 18/10/2020
Código do texto: T7090035
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