O FILHO DA VIÚVA

O FILHO DA VIÚVA

Se diz daqueles que são livres e de bons costumes, dos quais já por muitos anos tenho escrito. Nem sempre somos entendidos, a bem do imaginário que goteja fora das quatros linhas, indo do Oriente ao Ocidente. Da realidade filosófica ao compromisso moral, em defesa da igualdade entre os povos, no exercício da liberdade a tanto procurada, mais ainda, da fraternidade perdida. Órfão dependente do cuidado que há muito se deseja a sua benção, mas que atualmente se encontra perdido pelo tempo, pela liquidez do bem que tem ficado cada vez mais distante do que se espera nesse terceiro milênio. A viúva sem o abrigo para grandes pensadores, também líquida na sua influência na sociedade e no apregoamento das liberdades que a tanto se busca, seja em nosso país como também no mundo. O que era por princípio desde o seu nascedouro, aos poucos tem sido liquidado, exposto ao escaneio por especuladores do desconhecido. O que dizer, se não daqueles que no passado foram os baluartes da história de homens realmente livres, cujos costumes a muito eram levados ao mais alto conceito e reconhecimento por seus atos benfazejos, sem levar em conta o ego prevalente nesses dias de trevas do conhecimento, feridas da alma e do sagrado. Fazer o bem, amparar os pobres, promover a justiça, levantar bandeiras à virtude, combater os vícios, tudo isso tem entrado num estado letárgico, também líquido nos seus efeitos, esquecidos e transmutados com o tempo, tristemente esquecidos do processo original, cuja história aos poucos vem sendo apagada. Perguntamos: onde se encontra o guarda da lei? que esquecendo da palavra de acesso ao conhecimento e à observação dos princípios herdados desde a antiguidade. Onde estão eles, se não, apenas enclausurados entre quatro paredes, camuflados por seu egoísmo e bem pessoal, deixando de lado o coletivo. O título “filho da viúva” é simbólico, sendo parte da Filosofia construída segundo a lenda de Hiram Abiff, apregoada pelos homens livres e de bons costumes – quem lê que entenda! O desconhecido se reserva apenas aos que dele desfrutam, e deles prevalecem em defesa do grupo e da própria instituição que o detém. Por isso, fazemos uso nas entrelinhas desse artigo, apenas para dar sentido ao que delineamos em nosso escritos a bem da liquidez da ignorância de muitos – tanto dos de dentro como dos de fora. O conhecimento sempre é possível a todos, contudo é preciso que haja busca, muito estudo, fora disso, será apenas um atestado de “burrice”. Quando o apóstolo Paulo ensinou sobre o que se deve deter de cada aprendizado, ele não ignorou e nem fez pouco caso (o que aqui coloco acerca das instituições, sejam elas filosóficas e mesmo religiosas), ou seja: “detém o que é bom”, sendo anátema o que não seja de interesse maior, afinal, na defesa do livre pensamento, no mundo das ideias, o que é bom corrobora com a inteligência humana, construindo os verdadeiramente sábios. Poderia afirmar sem qualquer preocupação: sabedoria é a capacidade de tomar decisões, logo, a nível de conhecimento, cada um deve se deter no que conhece, e uma vez se limitando até onde pode alcançar, se não quer avançar, fique onde está. Assim, será melhor para todos, é como se diz vulgarmente: “cada um no seu pedaço”. Queremos afirmar: “o que escrevi, escrevi”. De certo modo, para ser um pouco mais claro o fato da obscuridade desse artigo, prevalecemos do ensino do Mestre: “... a vós outros vos é dado conhecer o mistério do Reino de Deus; mas os de fora, tudo se ensina por meio de parábolas, para que, vendo, vejam e não percebam; e ouvindo, ouçam e não entendam; para que venham a converter-se, e haja perdão para eles”. Assim, quando se propõe ser “contra ou a favor”, é apenas por princípio, na dialética, deixar aberto o livre pensar, permitir a livre decisão, o que em ética, até mesmo não decidir é uma decisão. Logo, quem parte para o debate, precisa antes, ter conhecimento acera do que se queira defender, aprendendo a reter o que é bom, mesmo sendo pensamento adverso. Falo da Maçonaria – a viúva, dos homens livres e de bons costumes, defensores da liberdade, da igualdade e da fraternidade, no intento de que se vislumbre melhores dias sustentados por esse tripé.

Brasilia,06\05\2021