Sobre Relações Pessoais
(em três atos)

 

Quando, na horizontalidade das relações, no tempo e no espaço, não houver sintonia com o fluxo vertical dos Atributos do Espirito, no Aqui-Agora, as disfunções na interação humana estarão instaladas.

 

1º  ato

  Independência

                           

Em sua acepção restrita, a independência se refere a algum aspecto específico da vida ou da personalidade do indivíduo: independência financeira; independência emocional; independência política, etc. Nesse sentido, a independência pode ser altamente positiva para o equilíbrio das relações e para a autoestima.
 

Em sua acepção ampla, quando no âmbito do exclusivismo do indivíduo, a independência é um suposto estado de liberdade em que os relacionamentos tendem a ser apenas formais ou baseados em aparências, de modo que a intimidade afetiva seja limitada para evitar a exposição de fraquezas pessoais e compromissos que impliquem no cerceamento da aparente liberdade.
 

A pessoa independente, neste sentido amplo, não assume relacionamentos amorosos duradouros, não manifesta carinho pela família e pelos amigos, não assume compromissos cujos desdobramentos possam prendê-la a obrigações indesejadas e, paradoxalmente, não se arrisca em aventuras que possam implicar em julgamentos da sociedade.
 

O paradoxo está em que para livrar-se de dever explicações, o que representaria uma afronta à sua liberdade e à neutralidade de sua imagem independente e intocável, o indivíduo abre mão da verdadeira liberdade: a de ser ele mesmo. A independência externa é, na realidade, uma prisão interna, pois ela passa a ser a dependência de toda espécie de subterfúgios e estratégias psíquicas para salvaguardar a pseudo-independência externa.
 

Devido à sua natureza gregária e como filho da Mãe Terra, de cujos elementos ele é composto e os quais naturalmente precisa repor em seu organismo para sobreviver, o ser humano será sempre mutuamente dependente. A divisão dos sexos é a maior evidência da dependência humana. A busca por seu complemento no sexo oposto é induzida pela Lei Universal da dualidade que impõe a atração dos opostos para a comunhão na Unidade.
 

Mas a prevalência do ego inconsciente no comportamento humano acaba por subverter a interdependência natural - que deveria ser o pano de fundo para a harmonia nas trocas materiais e psíquicas – transformando-a em uma arena de disputas pela conquista de bens e pessoas bem como da defesa do brilho sem Luz e da individualidade do ego, fazendo surgir assim uma pseudo independência, inconscientemente projetada para um futuro ameaçador e para um passado rejeitado, fora da sintonia com o Agora, com o Vigilante, com o EU superior.


A atitude defensiva do ego não abre espaço para a entrega de si próprio ao fluxo do Amor que jorra das esferas sutis do Universo.

Roberto Guelfi
Enviado por Roberto Guelfi em 13/05/2021
Reeditado em 22/01/2022
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