SOBRE CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA EM FRANCA

Sou poeta por deformação. Não tenho escolha, vejo o mundo pelo avesso como o teria visto Platão. Estudei em escolas públicas, cursei História numa universidade pública e ensino como funcionam as engrenagens dos sistemas porque não gosto de ver outros filósofos e poetas adolescentes serem silenciados já nas primeiras séries do ensino formal.

Sempre quis ser escritor, mais precisamente desde os seis ano quando descobri o que era uma crônica de viagem e junto da minha família seguíamos para Minas Gerais atravessando rincões e veredas na boleia de caminhões leiteiros. Mas, escrever em tempo integral no Brasil sempre foi coisa de “diplomata” com carreira estabelecida, coisa de berço. As coisas estão mudando, desde o surgimento da internet os meios para produzir e distribuir os resultados da força de trabalho cambiaram de mãos e qualquer pessoa pode mais. O nome disse é democratização.

Nesses espaços onde atuo, posso ser completamente o que penso ser. Nunca admiti que me dissessem que estava no lugar errado. Nunca aceitei intimidação por parte de quem se achava “mais no direito”. Estudei e li muito para que não me dissessem o que eu mesmo não diria a ninguém. Eu luto contra toda forma de opressão do indivíduo reificado sistematicamente transformado em mercadoria, objeto ou coisa.

Observo a vida como se eu nascesse no instante, não perdi a capacidade do assombro porem pouco me surpreende. Sobrevivo de laços afetivos, de correspondências e afinidades. Nada se faz do nada, nada se realiza sozinho: o outro é a medida do eu.

Para que o movimento da cultura em Franca (especialmente o movimento da Literatura) se desenvolvida no sentido da economia criativa é preciso criar oportunidades.

Cooperativa seriam um caminho interessante? Todos os caminhos levam quem tem mente aberta ao mesmo propósito. Quando todos trabalham todos ganham e a obra se faz. Dito isso, e prevendo que não haja cerceamento da criatividade na criação, o poder público deve garantir a circulação de ideias e livros. Estamos longe disso. Precisamos de incentivos reais que possibilitem as engrenagens da criação artística acessar os meios de produção e distribuição dos bens culturais.

Para Richard Florida, pesquisador de economias urbanas e “Cidades Criativas”, não pode haver sociedade ou ambiente criativo sem diversidade. Ainda que a nossa cidade seja a eterna “vila franca do imperador”, é flor que se abre efervescente como a língua falada que circula viva nas ruas.

Baltazar Gonçalves
Enviado por Baltazar Gonçalves em 20/07/2021
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