Criação: Uma Autoconstrução
 

Um construtor de casas, que seja absolutamente comprometido com sua obra, a constrói, ele mesmo, com as próprias mãos, desde o projeto arquitetônico até sua completa conclusão.
 

Está incluído em seu trabalho a adequação do terreno e a confecção dos tijolos, tomando da natureza o barro; a preparação dos ingredientes das estruturas de sustentação, colhendo da natureza o ferro, a areia, a pedra e a matéria prima do cimento; a elaboração dos materiais que constituem as peças de acabamento; a escultura de cada pedaço de madeira e vidro utilizados na casa; a arquitetura de toda a forma e a engenharia de toda a funcionalidade da casa.


Ele, o construtor, está envolto em sua obra, desde sua concepção até seu acabamento final, conhecendo-a em sua máxima profundidade, usufruindo o processo de construção e admirando seu produto acabado. A casa e seu construtor estão intrinsecamente conectados. A casa incorpora em si a alma do construtor, assim como o construtor incorpora, em sua alma, seu projeto e sua obra.
 

Ele constrói inúmeras casas da mesma maneira. Quando termina, escolhe uma para morar, aquela que, naturalmente, considera sua obra mais definitiva.

 

Assim é com a Criação: todas as coisas criadas contêm a alma do Criador, mas somente o ser humano serve a Ele de morada.


Toda a matéria, seja orgânica ou inorgânica, é construída a partir da essência íntima do Criador. No remoto momento cósmico que antecedeu a criação da matéria, não importa sua forma ou densidade, o Criador - a Eternidade Infinita, plena, integral e absoluta, - era também, e sempre será, o potencial cósmico eterno, atemporal e não espacial, portanto imanifesto.
 

O que quer que essa Inteligência Cósmica quisesse manifestar no momento da Criação, somente poderia fazê-lo a partir de Si mesmo, já que Ele, o Uno, era o Nada absoluto, mas, ao mesmo tempo, o Todo em potencial.

 

Todo o Universo – Uni-verso, ou o verso do Uno, o Uno manifestado – é constituído da essência do próprio Criador, que, em sua eternidade e infinitude definiu, limitou e condicionou a matéria criada às leis do tempo, do espaço e das relações entre as individualidades de que consiste a multiplicidade da Manifestação.

 

Assim, o Criador limitou a Si mesmo - ou a parcela de Sua infinitude que materializou – à sua própria definição na matéria, a fim de experimentar a Existência na forma, no tempo e no espaço, na busca de Sua própria expansão, de potencial infinito, como infinito é o próprio Criador.

 

Assim como um construtor - dotado do supremo dom para explorar seu potencial - se aprimora em deleite, indefinidamente, com as obras caleidoscópicas que pode construir, o Criador contém em Si o potencial infinito de Criação, para a sua própria Expansão, através da pulsação dos Ciclos Cósmicos da manifestação.

 

Se toda matéria, orgânica ou inorgânica, é feita da essência do Criador, o ser humano, mais que isso, foi agraciado com a Consciência do Eterno, ou seja, com a capacidade de reconhece-se Deus.

 

Além de ser constituído da essência do Criador em sua existência físico-biológica e psíquica (o ego humano), o homem é o agente da evolução da Consciência Cósmica na Terra, uma vez tendo sido investido do Amor, da Sabedoria e da Vontade Universais, atributos de Deus espargidos nas centelhas divinas individualizadas nele.

 

Deus utilizou a argamassa (Seus Atributos) do Amor, da Sabedoria e da Vontade na criação da matéria que, portanto, a contém. Mas, além disso, no ser humano, interiorizou a própria argamassa, em seu estado original, para fazer dele, ser humano, Seu cocriador. 

 

A evolução da matéria depende da destilação, em seu bojo, dos Atributos do Eterno de cuja essência é constituída. A evolução do ser humano depende do reconhecimento e da assunção destes Atributos em sua consciência.