DIA DO IDOSO 01.10.2021

Ontem foi dia do idoso.

Eu sou sexagenária. Até escrevi sobre isso.

Curioso é que pela idade sou tratada assim, e não é nada agradável.

As pessoas olham um idoso como se ele fosse senil, incapaz, alheio. O pior é o ostracismo a que são relegados. São praticamente invisíveis dentro de casa, na igreja, etc. Ninguém quer sentar perto de um idoso. Conversar, nem pensar!

O idoso, num passado muito distante, era visto com honradez. Na atualidade, se tiver dinheiro e for "mão aberta" é cercado, e espera-se que viva muito. Mas, quando morrer, são uns urubus ávidos para devorar o que lhes cabe por herança.

Claro que os meus joelhos e a coluna doem depois de uma queda ridícula, que acabei fraturando a coluna, e não está boa, mas meu cérebro funciona a todo vapor.

Pior agora, deixei os cabelos em tom natural, grisalhos. E, olhem que eu dizia que enquanto tivesse cabelo na cabeça e tinta no mercado, eu continuaria pintando-o.

E, ai de quem achar que pode me botar no bolso. Não tenho paciência para ouvir sandices. Meu ouvido não é "pinico" para ouvir, você sabe o que.

Se vier me agredir, eu apanho, mas o filho de Belial vai apanhar também. E, vou com tudo. Como sou idosa, pego pelas costas, assim, derrubo-o mais rápido.

Pensa que eu não tenho medo?

TENHO!

De uma arma engatilhada na minha direção ou uma faca encostada na minha barriga. Pois, se der um grito, leva dez, e se me ofender, vou devolver na mesma moeda, só que, com palavras que o otário talvez nem entenda.

O pior é que já ouvi expressões como " ela é esperta", no sentido de que não sou ignorante, alienada.

Tadinha, não sabe de nada, inocente!

Ah, a idade! A bagagem de conhecimento e experiência de vida, a habilidade de ler nas entrelinhas, de perceber só com um olhar se o indivíduo presta ou não, é algo da maturidade.

Claro, que há jovens assim também, e há pessoas maduras que só o são na aparência, porque o cérebro não acompanhou a idade.

Então, queridos e queridas, não troco a minha saia de quase 65 anos, que quase não uso, pela juventude de ninguém.

Se perguntarem se eu voltaria "aos meus vinte e poucos anos", a minha resposta é:

Gostaria de ter o vigor, a agilidade, e a beleza que acompanha o fato de ser jovem, mas com a minha cabeça dos meus sessenta e poucos anos.

Ahhh, aí, ninguém ia me segurar!

Não entendam mal, mas se entenderem, paciência!

Passei da idade de me preocupar com isso.

Contudo, cuidado com o que diz ao meu respeito!

Acho que por isso Deus não deu pernas as cobras. Já pensou se elas andassem?