O Louco

O louco gritou mais uma vez por sua sanidade, ele a queria a qualquer custo. Não seria o maior motivo de ser chamado por louco?

Quantos caminhos nos levam à profunda loucura? Quantos caminhos nos distraem na triste realidade? Vastamente incautos pisamos nas armadilhas cegas do que pensamos ver, até que um dia um véu é retirado da vista do horizonte que nos chega todo final de tarde na sacada do apartamento.

O véu era tão fino que passamos a nos perguntar como não enxergávamos através dele. Mas eis que surge outro véu. Não sei, talvez mais espesso, talvez mais fino, talvez... Mas é certo que as dúvidas permanecem.

E lá no fundo o louco continua gritando. Já não quer mais ser normal, entretanto quer ser livre. LIBERDADE!!!

Não há resposta na diáfana profundeza do vazio em que vivemos.

A maçã não é mais vermelha por seu sabor. Mas aquele que experimenta sabe que, lá dentro, há diferença. Nenhuma é igual, porém, semelhantes.

Ora, não há verdades, e o louco sabe disso e grita: Eu Sou Deus!!

Quem há de negar-lhe? Quem prova? Quem acredita? Ele sabe apenas que é feliz em sua mais pura espontaneidade, e não há culpa nisso, apenas prazer.

O louco é puro prazer em sua vida. Zomba dos insetos alvos que se lhe passam todos os dias, nos mesmos horários, com as mesmas preocupações escondidas no mais recôndito abismo que os separa de suas liberdades. Eles lhe dão uma vermelha e uma azul, feitas de farinha, e o louco finge aceitar o efeito.

Quando acabarem os dias o louco terá um brado diferente, e será Deus. Sim, sê-lo-á, pois não há quem, entre aqueles insetos rotineiros, que possa desmentir.

titiao
Enviado por titiao em 20/11/2005
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