Aprendendo o Feminino

Aprendendo o feminino

O feminino que existe em mim, é uma menina, uma aprendiz dos secretos e sagrados segredos feminais.

A cada descoberta, me surpreendo com as delicadas e intrincadas nuances da sutileza feminina e aprendo em meio às dores, como desenvolver a perspicácia e principalmente como ampliar o senso intuitivo, para evitar sofrimentos desnecessários. Difícil tarefa para um homem que tem absoluta convicção sobre o sagrado feminino da Consciência Divina.

É poderosa, a malha invisível que interliga silenciosamente as mulheres, como se fora uma informação contida no dna e as fazem defenderem-se instintiva e mutuamente, mesmo sem verbalizar a necessidade. É uma comunicação intuitiva, quase mágica.

A despeito da razão, o que as une é o simples e complexo fato de ser mulher.

Talvez seja uma herança ancestral, adquirida e desenvolvida ao longo de milênios e repassada de boca para ouvido, aos sussurros, driblando a truculência patriarcal, desde tempos imemoriais, no âmago das nômades tendas vermelhas, até na atualidade por meio de dialetos sutis e inaudíveis aos homens.

Entre mulheres de um mesmo clã, essa ligação se torna um fio invisível e indestrutível cuja resistência aniquila quaisquer tentativas de submissão ou domínio.

Mulheres são, independente da idade, classe, etnia ou cultura, indivíduos cuja capacidade de adaptação é absolutamente infinita, e a resiliência beira a incompreensão. São tantas as capacidades, que na impossibilidade de se catalogar para permitir um arremedo de domínio, homens usam desnecessária e inócua força que ao contrário de quebrar a têmpera, a torna indestrutível.

Mulheres são dotadas de um arsenal farto de possibilidades intercambiáveis entre si, o que anula a previsibilidade; e têm a sua disposição, as mutações comportamentais e as insidiosas dissimulações que levam os oponentes a pré julgamentos fatais, pois são subjugados antes mesmo de perceberem a manobra. Nesse arsenal uma das armas mais poderosas é o Silêncio.

O silêncio feminino é protegido por um complicadíssimo algoritmo cuja compreensão exige a quebra de senhas, um campo minado, instável, que muda constantemente e transitar por ele é uma tarefa repleta de riscos. A única certeza sobre esse silêncio é que ele jamais é de aceitação.

Pode ser um período de análise, nesse caso, o assunto será dissecado detalhadamente, esgotando-se por completo. Pode ser também para a elaboração do contra-ataque, que será minuciosamente planejado. Outra possibilidade é para a preparação da armadilha, quando se "dá corda para o outro se enforcar".

Há também o silêncio por exaustão do assunto, quando nada mais há a dizer.

Existem infinitas possibilidades contidas no silêncio feminino e cada um leva a um caminho sem volta.

Outra nuance sutil e perigosa é o sistema de interrogatório feminino. Sofisticado e excludente, pode ser utilizado de muitas maneiras. A que oferece maior risco é aquela onde não existem indagações, pois as perguntas estão diluídas na abordagem coloquial de forma inocente e aparentemente sem segundas intenções. São pequenas e ardilosas investigações mimetizadas numa conversa agradável e informal.

Unindo essa complexa e milenar cadeia de defesa, está a Intuição.

Inerente ao Feminino, a intuição é uma poderosa arma, irrastreável e precisa. Essa faculdade de pressentir coisas, independente de raciocínio ou análise, é uma forma de conhecimento capaz de investigar fatos, coisas, atitudes, comportamentos pertencentes ao âmbito intelectual, dimensão metafísica ou realidade concreta.

O Feminino está há anos-luz da perspicácia, da sagacidade masculina. Não há parâmetros que sequer aproximem essas duas espécies e, muito menos, as coloquem no mesmo patamar. Creio que o espaço ocupado pelo masculino, seja uma concessão feminina por um motivo simples e divinamente ditatorial: A perpetuação da espécie.