William Wilson – Edgar Allan Poe

Edgar Allan Poe (1809-1849) é um dos gênios da literatura mundialmente reconhecidos; isso não só pelo conjunto de sua obra, mas também por sua vida turbulenta e sua morte. Teve uma existência trágica, ao mesmo tempo em que apresentava uma sensibilidade incomum. Esse grande escritor norte-americano é considerado o criador do gênero dos romances policiais. Além disso, diz-se ter renovado a literatura gótica e impresso, ao gênero de terror, um elemento psicológico bastante requintado. Foi escritor, poeta, contista e romancista, e sua obra mais conhecida é ‘O Corvo’.

Neste texto do mestre do terror, o foco será o conto “William Wilson – uma narrativa breve que aproxima do subconsciente de Poe e de um tema há muito trabalhado na literatura: o mito do duplo ou Doppelganger.

O duplo não é algo novo na literatura, desde antigamente aparece em Aristóteles, no mito de Narciso, em Shakespeare, Oscar Wilde criou o duplo de Dorian Gray e seu retrato, por exemplo.

Nas suas origens, o duplo era considerado um elemento cômico, grotesco: confundir os gêmeos e dizer algo para o gêmeo errado, situações obscuras. ambíguas que acarretavam o riso, o jocoso. Porém, sobretudo com o surgimento do romantismo, nasce a ideia do duplo maligno, o “gêmeo do mal”: passa, então, a receber um tratamento dramático, abandonando-se a perspectiva cômica .

Acredito que eu também possa expor aqui o duplo da minha pessoa. Meu nome é Ilma Holmer. Meu duplo Wilma Wolmer... ela não possui exatamente as mesmas características do duplo de Poe... mas também me deixa louca... aparece nas horas mais impróprias. O pior momento pra mim é, quando o me deitar, ela resolve se deitar ao meu lado... e em sussurros fala-me coisas horrorosas... ela é do mal, definitivamente.

Em suas falas as pessoas são más, são dignas de sofrimento – e ela me diz que sou eu tenho a obrigação de infligir dor, angústia, aflição a elas. Às vezes são pessoas aleatórias, alguém que sem querer esbarrou em mim na calçada, doutras vezes, é alguém bem conhecido que me causou algum mal há séculos – e eu nem lembrava mais. Não vou detalhar aqui os horrores que ela me induz a fazer – ah! e claro que não dou ouvidos a ela... só me sobram pesadelos à noite.

Porém, não acredito ser eu e Poe – vou me resumir a nós dois aqui – apenas o que temos nossos duplos. Em alguns, ou em vários, quiçá, há um duplo... triplo... ou tantos outros mais. Há dias que passam e passam e eles sequer dão o ar da graça... há dias que nos atormentam como se nada mais no mundo houvesse pra fazer a não ser nos agoniar.

Enfim... são nessas noites em que esse duplo perseguidor tenta a todo custo me convencer a agir do modo mais fanático imaginável que peço a Deus que me faça dormir o mais rápido possível e ponha fim nesse monólogo aterrador.

“William Wilson e seu duplo se tornam companheiros inseparáveis; algo o leva a odiá-lo e a atacá-lo já que é uma ameaça, mas ao mesmo tempo, sente um certo apreço por seu duplo, porque se vê refletido nele” (William Wilson..., 2018) .

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Não, não sou como Poe – não sinto estima nenhuma pelo meu duplo... tolero-o... até porque não tenho nenhum controle sobre ele... ele atravessa paredes, entra em minha mente... minha maior luta é não deixar tomar conta do meu coração. Conseguindo isso já me dou por imensamente feliz... e jamais chegarei às vias de fato, como Poe, dando fim ao meu duplo.

Historias extraordinárias (ufsc.br). Acesso em 18 nov. 2021.

William Wilson, um conto de E. A. Poe para refletir - A mente é maravilhosa. 2018 (amenteemaravilhosa.com.br). Acesso em: 19 nov. 2021.

William Wilson, um conto de E. A. Poe para refletir - A mente é maravilhosa. 2018 (amenteemaravilhosa.com.br). Acesso em: 26 nov. 2021.

Rosangela Calza
Enviado por Rosangela Calza em 30/11/2021
Código do texto: T7397092
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