LEITURA DO MUNDO E VIVÊNCIA DA HISTÓRIA

A formação humana perpassa por múltiplos conhecimentos que interagem com aspectos sociais e culturais. A curiosidade é um elemento fundamental para o processo de ensino-aprendizagem e quando estimulada é um propulsor para a autonomia e prospecção cognitiva. Na Educação de Jovens e Adultos da E.E.E.F Justino Alberto Tietboehl, foi desenvolvido um projeto com o intuito de valorização e reflexão crítica sobre a história local, denominado Torres: 144 anos. As atividades pedagógicas foram divididas em três fases: o encaminhamento de pesquisa escolar em meios eletrônicos e bibliográficos acerca de uma temática da história de Torres que os educandos escolhiam; elaboração de uma produção textual e escolha de material iconográfico de acordo com normas pré-estabelecidas; no segundo momento, uma saída pedagógica com a metodologia da educação patrimonial e ambiental privilegiou uma abordagem de sensibilização para as questões que envolvem a preservação e conservação dos bens históricos, culturais e naturais; e por fim, após as experiências realizadas, culminou nas apresentações das pesquisas escolares no auditório da escola.

A pedagogia de concepção crítico-libertadora adotada pela modalidade de Educação de Jovens e Adultos (EJA) pressupõe a leitura do mundo precedendo a leitura das palavras numa perspectiva freiriana. Por isso, a vivência da história e a valorização da diversidade cultural torna-se a pedra angular para o protagonismo e postura cidadã da comunidade escolar. O desafio intelectual das problematizações das pesquisas escolares e a familiarização com os temas da historiografia regional, a saída de campo, uma caminhada ao centro histórico foi organizada. Saídas de campo nem sempre são acessíveis para os estudantes da EJA, devido ao tempo disponível e aos períodos de aula serem ministrados à noite. Porém, um roteiro foi ofertado com a contrapartida de um relatório orientado por alguns questionamentos que os alunos deveriam responder. A caminhada tinha pontos estratégicos para a parada onde algumas informações eram compartilhadas, iniciando na escola passando pela Lagoa do Violão, Centro Histórico, Museu e a Igreja São Domingos. Tópicos como a relevância ambiental da lagoa, a função social dos museus e a importância da preservação do Patrimônio Histórico como elementos da identidade cultural e o direito à memória foram as diretrizes do roteiro. Além da equipe docente da EJA - Tietboehl, participaram os convidados Paulo França, ambientalista e poeta, e Geraldo Medeiros, oceanógrafo e geógrafo, abrilhantando a atividade. A chegada a Igreja São Domingos trouxe o ápice , pois muitos estudantes não conheciam o seu interior e acervo histórico, desconheciam seu papel na estruturação da Vila de São Domingos das Torres durante o século XIX.

Na troca de experiências, a noite fria de uma sexta-feira foi acalentada pelos sorrisos, pela amizade e bons momentos compartilhados com espírito de companheirismo e confraternização. A modalidade EJA, mergulhou na história e cultura local percebendo os desafios e possibilidades que podem pavimentar a áurea cênica de Torres diante dos horizontes que estão por vir.

Publicado em Jornal A Folha - Torres, Rádio Maristela e Jornal do Mar.