ENSINANDO...

Quando Rousseau escreveu sua tese do Bom Selvagem talvez não suspeitasse que teria tantos seguidores. Seguidores que, com maestria romântica criariam personagens cada vez mais puros e mais preocupados em fazer o bem.

No Brasil temos o inimitável José de Alencar com seu Guarany, onde o personagem Peri é o exemplo do Bom Selvagem. Romance meloso, conforme o estilo da época tornou-se conhecido e até hoje é matéria obrigatória em todos os estudos formais de literatura. Muitos chegaram a afirmar que Peri personificava o tipo brasileiro.

Karl May, o “maior escritor de aventuras”, conforme atestam os brasileiros Fernando Sabino e Monteiro Lobato, criou Winnetou, o valente e bondoso cacique dos Apaches. Da distante Alemanha seguiu na mesma trilha e consagrou o índio norte americano como puro, bem intencionado, que só usava suas armas para defender a justiça em favor dos mais fracos.

No início do século, Edgar Rice Bourroughs extrapolou os limites, criando Tarzan dos Macacos, o lorde inglês, tornado órfão em menino e criado pelos primatas. Tornou-se o rei das selvas, agindo com justiça em defesa dos animais e das tribos contra os predadores da fauna africana.

Todos os três personagens são, provavelmente, os precursores do que hoje chamamos de ecologicamente correto. Todos eles já foram vistos em telas de cinema e televisão. Contudo, ensinar diferenças culturais de maneira divertida e agradável chega ao seu ápice no filme “Os Deuses Devem Estar Loucos”. Ele cruza o primitivo com o moderno, o simples com o complexo e mostra os personagens com suas características originais, como só é possível fazer no cinema.

O que é corriqueiro em um mundo é raro em outro e vice-versa. Um homem a pé, correndo atrás de uma máquina esperando que, em algum momento, ela se canse e pare, é apenas um exemplo. Poderíamos citar muitos, mas não é função nossa recontar o filme. É nossa meta aprender que, por mais disparatados que nos pareçam os costumes, por mais incrível que nos pareça certa cultura, constatar que ela existe e que merece ser observada e estudada do ponto de vista de quem a vive.

Luiz Lauschner

Luiz Lauschner
Enviado por Luiz Lauschner em 30/11/2007
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