Killing me softly
Quando a tristeza me invade...guardo-me no silêncio...tranco meus
lábios e só ouço meu coração agonizante...o único que me fala tão
perto...
que fala a linguagem que eu entendo...que acalenta minha alma
cansada...
fecho os meus olhos para o mundo...e leio os meus mais íntimos
medos...
os meus descuidados segredos...ouço os sons das minhas veias
agitadas...
Quanto mais a hora passa...mais me procuro em mim...mais
me encontro nas lembranças de outrora...em um tempo...
em que valia a pena viver...quando eu ainda podia vencer os
desafios...
diferente de hoje...quando meus pés trôpegos não me levam
a lugar algum...e mais me afasta dos meus anseios...
Hoje eu me cansei dos pesadelos do mundo...
decidi que meu eu mais profundo merece uma trégua...
olhei no espelho minhas ilusões...descobri cabelos brancos...
rugas...e um sorriso ainda ingênuo...buscando palavras para expressar
os sentimentos...grandes olheiras que insistem em refletir no meu
rosto...
as poucas horas de sono...os desencantos...as mágoas que amontoei
nos meus ombros... que pesam...como fardos ...e que não sei jogar pela
janela...
Pareço antiquada...tenho sonhos...quando a maioria vive apressada...
penso em amor...desejo ser amada...enquanto as pessoas só querem se
divertir...
Nesse mundo as avessas...eu não me encaixo...quero terminar os meus
dias
dentro do braço amado...fazendo poesias...
Quero apreciar muitas chuvas...como as de hoje...que pareciam minhas
lágrimas...
lavaram meu rosto...escorreram pelo meu corpo...lágrimas anônimas...
que desceram grossas e quentes ....cúmplices da tristeza que
deu um tom cinza ao meu dia...
"Mata-me suavemente" "Killing me softly" como diz a melodia...
é para ser assim...