(meu) sofrimento.
o sofrimento é um dos processos humanos que mais me espedaça.
não consigo lidar bem com dores e também elaborar as mais variadas e impensáveis dores e sofrimentos que circundam-nos.
mas ainda assim, há de se buscar meios de estender-me a mão e tomar fôlego para ter o máximo de força nas mãos e nos braços, para sustentar meu(s) próximo(s), nos seus processos de dores e sofrimentos, que são me ditos como alheios.
há sofrimentos que rasgam nossos ser e alma, há cicatrizes que estão medicadas, mas as chagas tem um processo de cicatrização lento demais, doloroso demais ou mesmo oculto demais.
cicatrização esta que pelo convívio, se acostuma, parece nem estar ocorrendo mais, de tão familiar. mas, no primeiro toque na chaga, no primeiro esbarrão sofrido pelo ferimento, as dores e o jorrar do sangue, da alma, volta com a mesma ou maior intensidade.
o sofrimento, o meu sofrimento, lembra que os cacos do nosso rompimento de nós, que estão colados, já não possuem a mesma resistência que um dia havia, em seu estado original, na sua integralidade rompida, quebrada, sofrida, devastada...
resta saber que nos compomos também de dores e sofrimentos, de rompimentos e rachaduras. estas dizem sobre nós e nossas limitações e até conseguimos resistir à novas exposições e turbulências.
em especial, a cada dia que passa, a cada resgate que faço, nos resgates que faço de mim mesmo e em relação aos meus próximos, vendo e vivenciando estes processos, mais se faz necessário entender o momento de parar e escutar as vozes internas, as dores que se manifestam, clamando pelos cuidados que devem ser dispensados, à fim de poupar o resto são, à fim de não adoecer ainda mais o que sobrou "inteiro". afim de não ocasionar novas fissuras, rachaduras, rompimentos ou de não promover uma perda que pode evoluir em um processo consumidor total de si mesmo, total do outro que necessita também de socorro.
no (meu) sofrimento, há momentos claros que remetem à inércia e incapacitação. leva à uma dimensão de dor, que se faz necessário realmente parar e tratar, recorrendo ao pouco de energia e lucidez que se consiga ter, seja por recorrer à elementos e ajudas externas para se conseguir, vencer tão iminente processo devastador.
jo santo
zilá