Jornalista escritor e poeta. Um ex-ateu ou quase profeta?

Profeta é todo homem que num dado momento profere uma grande verdade cósmica e universal pela primeira vez,usando a razão, inspiração espiritual ou divina. (Marcos Barbosa)

Mary Baladelli: Por que você resolveu ser escritor?

Marcos Barbosa: Eu não resolvi ser escritor. Eu aprendi a escrever igual uma criança aprende a falar.

Mary Baladelli: Mas por que está deixando de ser jornalista para ser apenas escritor?

Marcos Barbosa: Agora sim... Esta é a pergunta. Eu gosto das coisas duradouras e esta é uma discussão complexa. Veja só: Em regra geral o jornalista busca a informação e o escritor é um buscador do conhecimento. Nesse caminho, conhecimento e informação se entrelaçam, até porque as informações que resistem ao tempo viram conhecimento. Estamos então nesta luta de resistência, buscando e tentando passar um pouco de conhecimento, que possa servir de semente para as futuras gerações.

Mary Baladelli: E quanto à política... Você desistiu também?

Marcos Barbosa: Desisti da política eleitoral, de ser candidato. Depois que perdi várias eleições,”caiu a ficha”, descobri que não é próprio de mim ser candidato. O voto é muito vinculado a esperanças impossíveis e às vezes até absurdas. Não me faz bem acender chamas de esperanças falsas. A mentira só é admissível para evitar um mau maior... Como naquele exemplo clássico de Sócrates: Se um assassino vier correndo atrás de um homem com uma faca e te perguntar onde o homem se escondeu, nesse caso você deve indicar o caminho errado para evitar um assassinato. Mas mentir para ganhar voto ou levar qualquer tipo de vantagem usando a ingenuidade das pessoas, realmente não combina comigo. Quem quiser continuar fazendo isto, que faça bom proveito e arque com as conseqüências. Tem muita gente que merece e gosta de ser enganada.

Mary Baladelli: No apêndice do seu livro você divulga a Fundação Marcos Barbosa, por que?

Marcos Barbosa: Criar uma fundação foi a maneira que encontrei para fazer um trabalho social, ou seja, a minha forma de fazer política independente do voto, ou de outras formas de expressão da “má” vontade das pessoas físicas ou jurídicas. Tenho apenas que cumprir a lei que regulamenta as fundações e para garantir a sustentabilidade da instituição estou doando alguns bens e assim que a FMB estiver registrada vou doar 30 % do lucro líquido de todos os meus livros. Esta doação é para sempre. Se um dia este corpo morrer, meus livros continuarão dando renda para a Fundação. Isto já está consignado no Estatuto.

Mary Baladelli: Você se refere à mortalidade do corpo e o que pensa sobre a imortalidade da alma? Você acredita em Deus?

Marcos Barbosa: Eu fui ateu convicto dos 11 aos 17 anos. Nessa passagem para a maioridade tive uma experiência espiritual muito forte que me deu a certeza da existência de DEUS, assim como também me certifiquei de uma consciência espiritual própria. Quem tem CERTEZA não precisa mais da CRENÇA. A experiência transcendental que tive me levou à seguinte conclusão naquela época: Já que eu existo fora do meu corpo, se eu me desligar dele o corpo morre. Então eu sou um espírito vivente, uma partícula de DEUS que dá vida ao corpo, assim como DEUS é o espírito que dá vida ao UNIVERSO. Se Deus se retirasse do universo este voltaria ao estado caótico, morreria. A função de Deus é colocar ordem no caos, decretando autocraticamente todas as leis físicas e metafísicas.

Mary Baladelli: Fale um pouco sobre os seus livros.

Marcos Barbosa: A Editora Ícone já publicou três volumes da coleção que denominei UNI-VERSO E PROSA DE MARCOS BARBOSA. Se Deus quiser, em seis anos teremos mais de 70 livros de bolso como este, publicando um livro por mês, em média. São contos, poesias, poemas e sonetos que escrevo e guardo desde 1970. Alguns foram publicados nos jornais e revistas de Mato Grosso na década de 70 e 80; outros também foram divulgados na internet e no último balanço meus textos já contavam com mais de 13.000 leitores. Essa quantidade de leitores, que foram aumentando sem propaganda me encorajou a voltar para o sistema tradicional, palpável, para o livro de papel, escapando um pouco da virtualidade internética.

Mary Baladelli: Por que vc parou de dar aulas?

Marcos Barbosa: Porque eu não consigo ensinar quem não quer aprender. Acho que os professores de Águas Lindas, principalmente da rede pública de ensino são verdadeiros heróis. Conseguem a façanha de ensinar pessoas totalmente desinteressadas pelo conhecimento. O verdadeiro professor é aquele que ensina quem não quer aprender. Esta é a contribuição que estes heróis da educação trazem para a humanidade, para a civilização humana. Eu vou continuar fazendo a minha parte apenas escrevendo, porque também tenho as minhas limitações.