PEQUENA ENTREVISTA COM A GRANDE POETISA
                                 CELINA FIGUEIREDO
                    A MATRIARCA DO RECANTO DAS LETRAS
                                  E UM POEMA DEDICADO


Entrevistada: Celina Figueiredo

Educadora, Poetisa, Matriarca do Recanto das Letras
Entrevistador: Edson Gonçalves Ferreira
Co-entrevistadores: Fernanda Araújo, Susana Custódio, Malubarni
Arte fotográfica: David dos Santos
             
                                                                                                                       
                    
                               A entrevistada Celina Figueiredo e o poeta Edson G. Ferreira
 
                                                          
                
                             Celina Figueiredo, Susana Custódio, Fernanda Araújo, Malubarni

                                                Arte fotoshop: David dos Santos
 
 Edson: Celina, gostaria que você falasse, primeiro, sobre o papel
da mulher, dentro de sua perspectiva, uma vez que você para todos
nós, do Recanto, poetas e educadores, é uma nobre referência?

 
Celina: Não vejo muita diferença entre o papel da mulher e do homem
na sociedade moderna. Ambos devem ter consciência de que, como
cidadãos, são responsáveis pelo respeito às leis e aos direitos
do outro, procurando, dentro de seu campo de ação, trabalhar em
prol de maior justiça social.



                           
 
Lúcia: Você é prima de Carlos Drummond de Andrade. Fale-nos
sobre o menino, o adolescente e o homem, porque o poeta nós já
conhecemos
.
 
Celina: Meu parentesco com o Drummond é distante. Minha avó é
que era prima em primeiro grau do poeta e muito amigas. Essa
amizade continuou com seus descendentes.Até hoje, conservo
uma grande amizade com uma das sobrinhas de Drummond,
a Flávia, a quem chamamos de Favita. Essa amizade começou
quando tinha eu apenas três anos e meio, se consolidou
durante a vida e permanece até hoje. No meu aniversário de
80 anos, ela estava presente, juntamente com seu marido.

               Deixe-me agora falar um pouco do menino Carlos, o Carlitos.
Sua casa era em frente à casa de meus avós. Desde pequeno, Carlos
Drummond de Andrade escrevia no jornalzinho editado por um tio meu
que tinha uma tipografia. Ele também era o único menor admitido como
sócio do Grêmio Literário Artur Azevedo. Desde então, seus pendores
literários já despontavam.Sobre sua adolescência não tenho
muito conhecimento, apenas que veio estudar em BH e depois
no Estado do Rio.

               Quanto ao seu relacionamento com a família, devo salientar
seu imenso carinho pela mãe, Dona Julieta, pessoa que conheci e
visitava com freqüência, quando, já idosa, voltou a morar em Itabira.
Era grande sua amizade com sua sobrinha Favita, com quem
mantinha uma correspondência encantadora. Suas cartas à
sobrinha foram publicadas por ela, recentemente, com o título
“Querida Favita”.



                      
                                             Arte fotográfica: David dos Santos

Edson: Como itabirense, prima de Carlos Drummond de Andrade,
como você vê a construção do mito drummondiano, porque,
afinal de contas, tanto Drummond, quanto Vinicius de Morais,
Fernando Pessoa, Shakespeare, você e eu, somos pessoas normais.
Isso, se é que existe algum ser anormal.

 
Celina: Primeiro devo corrigir um pequeno engano: não somos
itabirenses, mas itabiranos. É uma confusão que sempre acontece.
Itabirense é quem nasce em Itabirito. Edson, não vejo Drummond
como mito, mas como o grande poeta brasileiro que transformou,
muitas vezes, fatos do quotidiano em temas de valor universal.
Penso que daí a grandiosidade de sua obra. Amigo,
não me incluo entre escritores; sempre digo que
sou apenas uma velha professora
“metida a internauta escrevinhadora”.

 
                    
                                 Instituto de Educação de Minas Gerais onde Celina foi Diretora

Susana Custódio: Celina, enquanto professora, você teve,
nas suas aulas, episódios tristes e alegres que a marcaram. 
Pode nos contar um alegre que a tenha marcado até hoje?

 
Celina: Alegres foram tantos que, tristes, se os houve, foram apagados
pela satisfação de conviver com adolescentes.A maior alegria do
professor é sentir que conseguiu transmitir algo, além de meros
conhecimentos; sua tarefa é também transmitir amor e compreender
cada aluno como ele é.

              Acho que isso eu consegui.Desculpem-me, mas não saberia
escolher dentre tantos o que me deu maior alegria. Talvez tenha sido
conquistar a amizade de uma aluna que me odiava por estabelecer
em sonho uma ligação entre meu nome e a diretora do orfanato onde
fora criada.No final, homenageou-me no Dia das Mães, pedindo-me
que a aceitasse como filha. 


                     
                                      Celina Figueiredo e seus bisnetos
 
Edson: Ainda, dentro da Educação, uma vez que eu, também, até hoje,
sou professor, você, minha querida amiga, não acha que nós,
educadores, também temos uma parte da culpa na banalização
da Educação, talvez por omissão ou nunca termos aprendido
a palavrinha mágica: não?


Celina: Não sei, amigo.Não nos considero omissos;
tolerantes, talvez.





                   
                                Arte fotográfica: David dos Santos

Malubarni: Em toda tua carreira o que foi mais importante ensinar?

 
Celina: Ensinar a viver e encontrar a felicidade nas pequeninas
coisas que a vida nos oferece.



                                                                                                         


 


Edson: Celina, eu sei que, além de poetisa, você é artista plástica,
musicóloga, mestra no artesanato, além de outras qualidades.
Fale-nos um pouco sobre essa Celina plural.

 
Celina: Não sou nada disso.Aprecio a boa música, pois aprendi
a ouvi-la desde pequena, acompanhando meu pai e minha tia
nos ensaios de orquestra, mas não sou musicóloga. Não toco
nenhum instrumento e nem mesmo sou capaz de solfejar
a escala natural. Artista plástica, quem dera! Pintei alguns
quadros e faço alguns desenhos.Quanto a ser poeta,
vocês é quem dizem.


            
                       Celina Figueiredo e Fernanda Araújo, duas educadoras
 
Edson: Você, Celina, é tão feminina e tão nobre que, sem medo,
confessa ter 80 anos, embora tenha a cabeça de uma jovem.
Fale-nos a respeito dessa força, do seu dinamismo.
Qual é o segredo para se viver bem como você vive,
mantendo acesos dentro de você todos os sonhos que
muita gente, infelizmente, deixa morrer?

 
Celina: Força e dinamismo, penso que fazem parte de minha genética.
A longevidade é característica de minhas famílias, materna e paterna.
Para manter a cabeça jovem, basta estar sempre atualizando
os conhecimentos, acompanhar as mudanças da sociedade
e, principalmente, conviver com pessoas de todas as idades.

             Até hoje, trabalho na evangelização de crianças de 9 e
10 anos. Isso me obriga a estar sempre atualizada. Manter os
sonhos vivos é vida. Se os matamos, morremos.   


                        

Edson: Agora, uma mensagem plural para os leitores e leitoras
do Recanto das Letras, Celina.

 
Celina: Amigos, valorizem o dom da vida, vivendo intensamente
cada segundo; amem a Deus em seu irmão. Finalizo
repetindo Ricardo Reis (Fernando Pessoa):

 
 
 
Para ser grande               
 
                        Fernando Pessoa
 
 
Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive.
 
                        
Assim, tenho certeza serão sempre felizes.
Carinho,
                Celina Figueiredo
                                                                           

                                          

 
                                                                            
                         Celestial
                                                         

                         De Edson Gonçalves Ferreira

                         Para Celina Figueiredo
 
                   Coração, cultura, classe
                   Essas qualidades de gente nobre
                   Conjugadas com a tua simplicidade
                   E sua majestosa humanidade
                             Tornam-te celestial
                             Como Jesus, o mais homem dentre os homens
                             Aquele que até a Cruz suportou só para nos salvar.
 
              
                  Divinópolis, 18.10.09

 
 
                                               


Divinópolis, 19.10.09

edson gonçalves ferreira
Enviado por edson gonçalves ferreira em 19/10/2009
Reeditado em 20/10/2009
Código do texto: T1876032
Classificação de conteúdo: seguro
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