CARLOS PRONZATO É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Carlos Pronzato (Buenos Aires, 1959) é escritor, cineasta, teatrólogo e ativista social, formado em direção teatral pela Universidade Federal da Bahia - UFBA (1993) com pós-graduação/especialização em teoria do teatro: a cena contemporânea pela UFRGS (2002). Morou em Buenos Aires até 1982, onde estudou no Colégio Nacional de Buenos Aires, o mais tradicional do país, realizou estudos de teatro e foi assistente em filmes de ficção da indústria cinematográfica argentina, quando partiu numa longa viagem de conhecimento pela América Latina, desempenhando os mais diversos ofícios, percorrendo-a de norte a sul e de leste ao oeste e que concluiu em 1989, em Salvador da Bahia. Aqui participou da criação de inúmeros grupos e eventos culturais (Encontros Latino-Americanos de Literatura; Bairro Latino; Latina poesia; Quintas do Tango, etc.) dirigiu inúmeras peças teatrais, publicou livros de teatro, poesia e contos retomando, ainda, sua atividade de cineasta, tornando a percorrer diversos países do continente, registrando as lutas dos povos latino-americanos em documentários de ampla difusão em muitos países e inclusive na Europa. Entre outros prêmios, em 2009 recebeu na Itália o Prêmio Roberto Rossellini pelo seu filme sobre as Mães da Praça de Maio. 
 
 
VALDECK: Quando e onde nasceu?
CARLOS PRONZATO: Nasci no inverno de 1959 numa das mais fascinantes cidades do mundo: Ciudad de la Santíssima Trinidad y Puerto de Nuestra Señora del Buen Ayre, más conhecida como Buenos Aires, Argentina.
 
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
CARLOS PRONZATO: Conheço praticamente todo o Brasil, do Oiapoque ao Chuí. Inclusive atravessei a Oiapoque em canoa indo à Guiana Francesa em 1986 durante uma demorada viagem de aventuras e descobertas pela América Latina. Só não conheço o Acre e Rondônia. A América latina toda - incluindo países do Caribe - já a percorri durante anos na década de 80, do México ao Chile e depois fui à Europa num navio de carga. 
 
VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
CARLOS PRONZATO: Comecei a escrever na primeira infância, transformando a lápis pequenas narrativas sobre super-heróis conhecidos ou inventados e, em seguida, na máquina de escrever do meu pai contos baseados na vida dos Beatles, que eram furor no início dos anos 60. Meu pai era escritor, roteirista de cinema e TV - além de músico compositor - e portanto a velha Olivetti estava sempre a disposição para martelar suas teclas e brincar construindo frases. A facilidade de acesso aos livros na biblioteca do seu estúdio me colocaram um mundo, ou vários mundos, ao alcance da mão e do afã da curiosidade infantil.
  
VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
CARLOS PRONZATO: Diria que escrevo ficção sobre a realidade. Escrevo principalmente ficção, o que não deixa de ser outra realidade, inventada sim, mas a partir de dados do cotidiano, da minha história pessoal e da História. Ficção em contínua construção com elementos do real. Escrevo mais poesia do que prosa. Dentro desta última, contos basicamente e relativamente curtos, nunca escrevi romances, acho que não tenho esse fôlego, prefiro a síntese, o impacto rápido, a resolução imediata. Mas encontro na poesia a expansão infinita quando o tema atravessa qualquer fronteira temporal e a argila ideal para encontrar a frase justa e direta quando se trata de temas políticos, sem abandonar o voo metafórico. A construção da poesia e do conto obedece a concentrações e respirações diferentes, naquela a inspiração surge como um golpe, de repente, obriga a te debruçar sobre o papel ou a tela, já no conto a absorção dos elementos que irão constituir a narrativa vai se dispondo com maior tranquilidade ainda que a forma final já esteja mais ou menos delineada quando a ideia inicial aparece. Sobre os temas: em poesia aspectos dos percursos emocionais nesta vida que nos toca com sua gama infinita de opções e dentro dela o caminho ligado à história das lutas de emancipação latino-americanas com seu longo rosário de figuras exemplares como Che, Sandino, Tupac Amaru, etc. Não há temas pré-definidos, alguns se impõem quase que em silêncio, vão chegando como quem pede licença e ficam ali esperando que sejam atendidos. Em prosa gosto de tirar proveito de situações do cotidiano para escrever contos, redefinir personagens e situações a partir de dados factuais, mantendo características estruturais dos modelos a serem transformados em literatura.
  
VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
CARLOS PRONZATO: Há compromisso em ser claro quando o intuito é político, histórico, quando há a tentativa de esclarecer aspectos de historias oficiais mal contadas ou contadas para manter os privilégios de classe. Aí sim a responsabilidade é grande porque sabemos que esses materiais são muito reproduzidos e utilizados em cursos inclusive, não cursos oficiais nos quais dificilmente sejam digeridos certas informações, falo em pré-vestibulares populares, por exemplo, cursos na margem dos oficiais patrocinados pelo poder. Quando os materiais são, digamos assim, mais abertos penso sim em quem vai ler, mas como uma massa informe com olhos e mentes de todos os tipos. A diversidade da recepção é o que faz a literatura uma aventura inigualável. Quando escrevo artigos para jornais e publicações diversas tendo como foco aspectos políticos ou de cultura em geral, tento ser o mais objetivo possível, dentro é claro da impossibilidade humana de ser objetivo. Todos têm opiniões pessoais, formadas ou não, sobre tudo.
 
VALDECK: O que mais gosta de escrever?
CARLOS PRONZATO: Acho que é na poesia onde me sinto mais à vontade para polir o sentido das palavras e das frases e do conteúdo pretendido, o fim a ser atingido procurando reverberações ontológicas que só na imagem das palavras, na sua lenta e minuciosa construção é possível encontrá-las.
 
VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
CARLOS PRONZATO: Os textos surgem de distintas “cópulas”, certamente entre leituras, vivências, experiências, desejos e tentativas de firmar no papel relatos que valham a pena ser escritos e fundamentalmente lidos. Às vezes são organizados tematicamente a partir de um primeiro texto que surge e que atua como locomotiva dos que virão depois com certa disciplina de escrita para compor uma série de poemas que versem sobre um tema ‘xis’. Isso pode demorar anos até achar a série correta, o grupo selecionado que sintetizará a abordagem do tema desde variados ângulos. Isso quando alguma proposta ronda teus pensamentos e pela lei de Newton cai na tua cabeça “a primeira maçã”, se não estiver podre é o inicio de alguma coisa. Escrevo o primeiro rascunho geralmente nos ônibus, nos trens, as ideias força, o primeiro esboço por assim dizer ou quando consigo me estabilizar no meio de outros projetos de trabalho sento e “fico aguardando os sinais”, frases soltas, caminhos narrativos, às vezes até o final da obra já aparece pronto e aí só resta construir o caminho até chegar a ele e, inclusive, modificá-lo se for o caso. Claro que alguns ambientes podem favorecer um fluxo melhor de ideias, mas não é fácil e nem tão evidente que isso seja uma condição sine qua non para a eficácia da literatura. Repare nas obras que tem sido escritas em extremas condições de sobrevivência ou isolamento, cárceres, guerras, etc. Muitas vezes as ideias que aparecem tem que ser memorizadas a falta de instrumentos de escrita no momento luminoso em que o 10% de inspiração aparece, como alguém já disse alguma vez. O outro 90% é de trabalho!
 
VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
CARLOS PRONZATO: Não tenho assim uma predileta, mas sim  algumas que os leitores/as, que são a única fonte possível de transmitir vida  ao que escrevemos, consideraram ter algum valor e transcendência como este poema escrito quando Bush, resumindo grande parte do espírito do povo norte-americano, invadiu Afeganistão em 2001, alegando revanche pela queda das Torres Gêmeas e proferindo aquela famosa frase “ou estão comigo ou estão  contra mim”. Como estava e estarei sempre contra os que atuam como ele, escrevi isto:
 
ADEUS LIBERDADE

Não sei como olhar
O rosto disforme
Da palavra liberdade
Se ela hoje dá o seu nome
À campanha genocida
De invasão do mundo
Do governo norte-americano:
Liberdade duradoura
 
Será que a liberdade
Vendeu-se ao dólar
À Coca e aos Mac Donald´s?

Com ela
Espartaco libertou os escravos
Com ela
Bolívar obteve a independência
Com ela
Gandhi recuperou a Índia
Com ela
Luther King
Liderou um sonho
 
Por ela
Morreu
O infinito Che Guevara
 
Por que hoje a liberdade
Está na boca do assassino norte-americano?
Não bastou
Tê-la aprisionado numa estátua?
 
Por que hoje a liberdade
É apenas substantivo
Que abençoa
As Tempestades de sangue
Nos desertos do mundo?
 
Liberdade
Teu rosto
Está sujo de petróleo
Tuas mãos
Traficam com a morte
Teu coração
Não pulsa mais
A esperança dos vencidos
 
Tua alma
Perdeu-se nos corredores
Da Casa Branca
 
Adeus Liberdade
Nós te desterramos
Do nosso vocabulário
E inventaremos
Dentro em pouco
Outra palavra:
Limpa
Pura
E generosa
Para nomear
Todos os sonhos de...
Liberdade!
 
Carlos Pronzato (in Poesias  contra o Império, Salvador, La Mestiza, 2004, 62 pag.)
 
VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
CARLOS PRONZATO: Demoro o que cada texto e seus ingredientes precisam para sua cocção. Às vezes ficam crus, às vezes passam do tempo no fogo (risos). O ideal é quando ficam no ponto e a tua subjetividade consegue ler com os olhos dos leitores. Mas isso não é fácil, para detectar isto é preciso anos de cozinha (risos). Não reescrevo muito, apenas vou corrigindo, e corrigindo bastante, sou propenso a considerar que de tanta reescrita se perde o hálito inicial e criativo, o que gerou aquilo. Se quiser manter aquela ideia original tenho que me ater a argamassa inicial e modelar a partir dela e mais do que reescrevendo apenas corrigindo.
 
VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
CARLOS PRONZATO: Acho que foi o livro “Canudos não se rendeu” (Editora da UNEB, 2001), 50 poemas que levaram quatro anos, entre 1997 e 2001 para serem escritos e finalmente publicados. O tema é inesgotável e sempre surgiam novas abordagens e subtemas para tentar traduzi-los em versos livres. Foi um período que pesquisei bastante o tema, incorporando novos elementos à feitura daquele livro. Até hoje continuo debruçado sobre o tema tanto é que fiz dois documentários sobre isto: “A Bahia de Euclides da Cunha” (2009) e “José Calasans, tradutor do sertão” (2011). Agora que penso nesta questão das demoras na construção das obras “Che, um poema guerrilheiro” (existem três edições, sendo que a última (2010) da Plena editorial de São Paulo) e que foi relançado em 2011 no evento Fala Escritor, também demorou alguns anos a partir de um primeiro poema escrito numa viagem de ônibus Salvador - Rio em 2006, justamente o que dá titulo ao livro. Um tema também que merece uma vida de estudos e que, portanto continuo debruçado nele.
 
VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
CARLOS PRONZATO: Depois de duas carreiras inconclusas, uma na Argentina e outra no Brasil, finalmente consegui me formar na UFBA em 1993 no bacharelado em Direção Teatral e, posteriormente, fiz uma especialização na UFRGS: “Teoria do Teatro: a cena contemporânea”. Bem, a carreira na literatura é constante e paralela à minha principal ocupação, que é o cinema independente de intervenção política, além de outras linhas de abordagem como é a cultural.
 
VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
CARLOS PRONZATO: Não há um, há diversos, mas especificamente no campo da literatura teria que citar alguns dramaturgos, a chamada literatura dramática, já que é o meu campo de proveniência como Eugene O’Neill, Ibsen, Tenesse Williams, Arthur Miller, Bertold Brecht, apenas por citar os mais renomados que muito li na adolescência; e na poesia citaria Paul Eluard, Walt Whitman, Neruda, Roque Dalton, Juan Gelman, Jacques Prevert, Alfonsina Storni, Maiakovski e tantos outros, mas os que mais me inspiram e motivam não são artistas, são revolucionários como Ernesto Che Guevara e Mikhail Bakunin, pensadores, ativistas, homens de ação cuja poesia é de outra matéria, matéria que inspira a escrever poesia e fundamentalmente a atuar, que é o que tento fazer com as armas de que disponho.
 
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
CARLOS PRONZATO: É uma pergunta delicada porque o que é “escrever bem”, qual o parâmetro, a regra que define a bela escrita? A academia dita os rumos? Acho que não mais, conheço poetas e poetisas formados desde o berço que nem sabem da existência do alexandrino. O que é lamentável, mas isso não impede que a sua verve poética se expresse e atinja o leitor ou o espectador da mesma forma que um escritor do século XIX, como muitos que ainda hoje circulam por aí, principalmente em vetustas cadeiras acadêmicas. Agora imprescindível acho a disciplina do ofício ou profissão, o manuseio diário das suas armas: a leitura, o estudo, a observação, as viagens, a dúvida constante e criativa.
 
VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
CARLOS PRONZATO: Uso, sim, meu verdadeiro nome, só tiro o Jorge, meu segundo nome, que na Bahia é quase sobrenome por causa de Jorge Amado. Fiz essa tentativa de usar pseudônimo alguma vez, mas não prosperou, tenho um nome, um sobrenome que aqui na Bahia, no Brasil, para muitos tem caráter de pseudônimo por ser diferente, pouco usual.
 
VALDECK: Como foi a tua infância?
CARLOS PRONZATO: Respondi algo sobre isto numa pergunta mais acima. Minha infância foi como uma pista de decolagem de tudo que faço hoje, onde pude conhecer já dentro de casa o trabalho do artista multifacetado que foi meu pai e também o de minha mãe, artista plástica e fotografa profissional. Como já disse, escrevia e também adorava estudar mapas nas enciclopédias em diversas línguas. Com o tempo fui atrás dessas cidades e povos que estavam desenhados naqueles imensos livros de capas duras.
 
VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
CARLOS PRONZATO: Bem, no século XX e neste novo século ser jovem é um termo muito elástico, não é como nos séculos anteriores, onde com menos de 30 anos você podia estar na frente de um exército conquistador ou escrever tua obra capital. O trabalho nosso, o dos artistas é rotulado pelas leis trabalhistas como entretenimento, portanto trabalhamos nos divertindo. O trabalho artístico – e político no meu caso entendendo por isto a intervenção diária nas questões sociais e não apenas as aberrações do sistema no infinito desperdício de tempo em questões eleitorais – não têm horário definido – claro que outros podem dizer o contrário - pelo menos no caso dos criadores, dos trabalhadores da cultura desde a criação, portanto tudo se mistura, diversão, criação, trabalho...

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
CARLOS PRONZATO: Os artigos que saem regularmente no jornal A Tarde me causam esse prazer porque sua elaboração me impõe uma disciplina dentro da limitação específica de caracteres para a coluna, algo totalmente incongruente com a poesia, mas cujo resultado final, o artigo, tem uma inserção impressionante na sociedade. Talvez isto se assemelhe mais ao meu trabalho como documentarista, mas ainda nele eu posso impor meus limites de tempo com bastante flexibilidade. Eu considero esses artigos como um apêndice importantíssimo do meu trabalho intelectual junto à sociedade. Depois da publicação desses textos há um feedback imediato pela atualidade e a polêmica dos temas tratados. Outro texto ou livro que me deu um grande prazer em ver publicado foi o livro “Jorge Amado no elevador e outros contos da Bahia” (Editora Coletivo A, RJ, 2009) lançado na Fundação Casa de Jorge Amado, comemorando meus “vinte anos de baiano”.
 
VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
CARLOS PRONZATO: Sou cineasta “nômade” com inserção quase exclusiva no documentário de corte sócio-político e, vez por outra, consigo retornar ao teatro, desempenhando pequenos papéis em filmes e peças.
 
VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
CARLOS PRONZATO: Já se disse que a mensagem é o próprio veículo, a maneira como se estabelece o texto. Talvez em alguma peça que tenha escrito desenvolvi o texto a partir de tentativa de construir uma mensagem final, mas na literatura propriamente dita, aquela que é para ler, não para dizer como é o teatro, nunca penso dessa forma: “vou escrever tal conto para criticar tal ou qual coisa”. Não. O conto surge, os personagens vão tomando sua própria forma, o desenrolar da ação adquire sua própria lógica e, no final, há um conjunto de elementos que podem ou não carregar alguma mensagem, mas creio que não é esse o escopo da literatura como deleite da razão e dos sentidos. Quando a arte pretendeu isso, quando engaiolou a estética nas grades do realismo dirigido pela política do Partido criou aquele engendro chamado realismo socialista (1930-1950) sob Stalin.
 
VALDECK: Qual sua Religião?
CARLOS PRONZATO: Desde criança frequentei, com meus avós paternos italianos, a Igreja católica no bairro de Palermo, em Buenos Aires. Até hoje, quando viajo por diversos países, sempre frequento Igrejas mais para usufruir de uma experiência estética e histórica do que religiosa propriamente dita – fugindo no possível das horas do sermão! - fazendo ao meu modo minhas próprias orações, já que como um amigo me disse: “reza de anarquista vale por dois!” (risos). E com isto acho que respondo a sua pergunta. Mas pelo fato de morar nesta “Roma Negra” que eu prefiro chamá-la de mestiça, tenho um profundo respeito pelas religiões de matriz africana. Aqui aprendi, por exemplo, a me vestir de branco às sextas-feiras e mantenho isso fora da Bahia como símbolo de pertencimento a uma comunidade. Na minha infância estudei durante sete anos numa escola que ficava no bairro judeu de Buenos Aires, o que me pôs em contato diariamente com colegas judeus e também me abriu outras portas à criatividade humana na sua relação com o desconhecido, e as suas diversas maneiras de representar essa relação. Em definitiva, minha religião é a da mistura ou a da riqueza da mistura, como diria o grande pensador e antropólogo mineiro e universal Darcy Ribeiro.
 
VALDECK: Quais seus planos como escritor?
CARLOS PRONZATO: Há diversos projetos, entre eles publicar em breve “Poemas sem licença para Carlos Marighella” que vai sair junto com o documentário de recente lançamento (“Carlos Marighella, quem samba fica, quem não samba vai embora”), um conto infantil que deverá sair este ano e, principalmente, continuar escrevendo até o último dia, como todo escritor.

Catálogo de livros e filmes:
www.lamestizaaudiovisual.blogspot.com

Blog do documentário sobre Carlos Marighella:
www.marighella100anos.blogspot.com

E-mail: pronzato@bol.com.br


 
(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 10/03/2012
Reeditado em 12/03/2012
Código do texto: T3547267
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