CARLOS ALBERTO BARRETO É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Baiano de Ituberá, nascido a 28.06.1956, Carlos Alberto Barreto, o Barretinho, mudou-se para a cidade de Nazaré, no Recôncavo Baiano, em 1964, onde fez o ensino médio em Administração de Empresas, em 1976. Transferiu-se para Salvador em 1980. Teve uma vida agitada entre 1981-1990 para conciliar família/estudo/trabalho. Cursou Administração e Letras. Em fevereiro de 1997, participou do livro de poemas "Viração", uma coletânea com outros poetas, da Editora Contemp.
O seu poema "Jogo Virtual" foi premiado no "XIII Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos", em Leopoldina, MG, em dezembro de 2004.
Realiza, frequentemente, várias atividades culturais na Capital e no Interior do Estado (Academia de Letras do Recôncavo, seção de Nazaré, da qual é membro-fundador, ocupando a cadeira nº 25, cuja patronesse é a escritora Maria Augusta Bittencourt, 1890-1978). Atualmente é editor do Movimento Cultural ArtPoesia, no qual mantém uma revista periódica há mais de 12 anos.
É verbete no Dicionário de Autores Baianos, da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahia, 2006.
Em agosto de 2007 lançou o livro "Fogo-fátuo", com poesias quase todas simbolistas, numa clara alusão ao poeta Charles Baudelaire, um de seus poetas preferidos.
Em 2009 organizou e editorou a Coletânea "ArtPoesia 10 Anos - Ecos Machadianos", homenageando o 10º aniversário do Movimento Cultural ArtPoesia e o 100º aniversário de morte do escritor Machado de Assis.
Em 2010 organizou e editorou a Coletânea "Ecos Castroalvinos", em homenagem aos 140 anos da edição do livro "Espumas Flutuantes", de Castro Alves.
Em maio de 2010 foi homenageado na Biblioteca Pública Juracy Magalhães Jr., no bairro do Rio Vermelho, pelo Movimento Cultural Clarear, da poetisa Clara Maciel, pela valiosa contribuição na divulgação da cultura no Estado da Bahia.
Ainda em 2010 (setembro) participou do 1º ENEBI - Encontro de Escritores Baianos Independentes, realizado pelo Movimento Òmnira e com apoio da Fundação Pedro Calmon.
Em outubro de 2011, participou também do 2º ENEBI.
Realiza em Colégios e Seminários e palestras com temas diversos: O Simbolismo no Brasil - A Profissão de Escritor - A Literatura Machadiana no Brasil - O Vôo do Condor (Castro Alves), etc.

VALDECK: Quando e onde nasceu?
BARRETO: Nasci em Ituberá, na Baixo Sul baiano, mas a minha infância foi toda em Nazaré, na época um grande celeiro cultural.
 
VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
BARRETO: Apenas alguns Estados do Nordeste, Rio de Janeiro e São Paulo. Estive no México em 1970, levado pelo meu pai, mas lembro de pouca coisa. Isso durante a Copa do Mundo, vencida por nós.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
BARRETO: Comecei escrevendo um poema “Mãe”, em 1966, para um mural de escola. O porquê? A veia poética explica!

VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
BARRETO: Você bem sabe que ficção/realidade para um escritor é questão de momento ou indução. No meu caso, como bom cultor do Simbolismo, eu inverto as coisas: procuro levar a Realidade para o Sonho.


VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
BARRETO: Procuro sempre usar uma linguagem rebuscada e fina nos meus textos, para prender o leitor pela curiosidade. Adoro quando me dizem: “Barreto, que poema enigmático; tive que ir consultar um dicionário!”

VALDECK: O que mais gosta de escrever?

BARRETO: Contos cotidianos ambientados no interior brasileiro e poemas simbolistas, principalmente sonetos.

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
BARRETO: Não tem momento. Num poeta a inspiração não tem hora ou local. Vem a comichão, o estalo, e... cataplummm!!! Mais um poema deste velho poeta!

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
BARRETO: Gosto muito do meu primeiro livro solo: “Só...”. Estava ainda tristonho e revoltado com a morte da minha mãe.

Há um soneto muito forte (“Tristeza”) que fecha assim: “Eu só, vida miserável e torta / Pois o meu amor está distante / E a minha mãe está morta!”

VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
BARRETO: Gosto de escrevê-los de uma só sentada. Escritor que leva muito tempo para concluir um texto acaba virando pesquisador (risos).

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
BARRETO: Nenhuma delas demoraram! Demoraram sim, de serem publicadas pelas dificuldades que todo autor brasileiro conhece: o respaldo financeiro para imprimir a obra.


VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
BARRETO: Fiz toda a Faculdade de Administração e na hora da formação, dei uma reviravolta e quis fazer Letras, a qual concluí com dificuldade, aos trancos e barrancos. Hoje vejo que profissionalmente fiz uma opção errada. Coisa de poeta, mesmo!


VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho?
BARRETO: Artista, escritor, compositor ou músico, para mim tudo é poeta. Muitos me inspiraram: Raul Seixas, Antônio Nobre, Baudelaire, Quintana, Victor Hugo, Beethoven, Théophile Gautier, Cruz e Sousa, Augusto dos Anjos, Dante, etc.
 
VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
BARRETO: Ter a humildade para também ser um leitor.


VALDECK: Você usa o nome real nos textos, por que não usar um pseudônimo?
VOCÊ: Não sou contra quem usa pseudônimos ou cria heterônimos. Nasci no dia São Pedro, mas minha mãe optou por Carlos Alberto, pois era fã do cantor romântico que abalava as estações de rádio, na época. Então, em homenagem à D. Valdete, assino sempre o nome real.

VALDECK: Como foi a tua infância?

BARRETO: Normal para um pimpolho do interior: jogo de bola, escola, cineminha, namoricos, etc. O divisor de águas foi a morte prematura de minha mãe, aos 36 anos (AVC), o que me marcou de forma drástica. Eu contava apenas com 17 anos de idade.

VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
BARRETO: Não sou tão jovem... Como digo no prefácio de um dos meus livros: “Sou apenas um velho poeta carregando destroços do passado”. Embora estes “destroços” sejam em forma de prosa e poesia que o público felizmente aceita.

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
BARRETO: Fiquei muito feliz quando da minha premiação com o poema “Jogo Virtual”, em dezembro, 2004, no XIII Concurso Nacional de Poesias Augusto dos Anjos, promovido pela Prefeitura de Leopoldina, MG. Ao receber o prêmio, tive o prazer de conhecer a cidade (e a casa) onde faleceu o grande vate paraibano.

VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
BARRETO: Sou arte-finalista e editor não só dos meus trabalhos, mas de todos que me procuram.

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
BARRETO: Através da Poesia, principalmente, procuro sempre denotar que mesmo em climas adversos, mesmo quando tudo falha, ainda resta o maior de todos os antídotos: o AMOR.

VALDECK: Qual sua Religião?
BARRETO: Acredito em Deus. A mola propulsora de todo o Universo.

VALDECK: Quais seus planos como escritor?
BARRETO: Publicar, publicar, publicar... Sempre!
E se tiver algum reconhecimento, que eu esteja aqui para testemunhar... Afinal de contas, ter o plano de ser elogiado quando estiver em outro plano, não me agrada nada...

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 15/03/2012
Reeditado em 15/03/2012
Código do texto: T3555286
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