DEDECO LIMA É ENTREVISTADO POR VALDECK ALMEIDA DE JESUS

Natural do Brasil, Dedeco Lima tem 21 anos e mora em Salvador. Pretende cursar jornalismo, estudou teatro, trabalhou durante um período como ator, é co-produtor musical do Radiola Alternativa, evento que abre portas para novas bandas de rock do cenário Baiano, Blogueiro, planeja lançar seu primeiro livro e participa de eventos como o Projeto Fala Escritor e outros saraus que acontecem na Bahia.

VALDECK: Quando e onde nasceu?
DEDECO LIMA: Nasci no Brasil, sou contra regionalismo (risos).


VALDECK: Já conhece o restante do Brasil? E outros países?
DEDECO LIMA: Conheço um pouco do Brasil, pretendo visitar a Europa e a Africa ao norte.

VALDECK: Como você começou a escrever? Por quê? Quando foi?
DEDECO LIMA: Comecei aos 14 anos. No início meus pais proibiram por achar gay, nunca tive apoio familiar, porém foi importante essa questão, através desta obtive mais força de vontade para seguir. Eu escrevo porque gosto de aliviar minhas emoções no papel, porque sou um apaixonado pela língua portuguesa.

VALDECK: Você escreve ficção ou sobre a realidade? Suas obras são mais poesias ou prosa? O que mais você gosta de escrever? Quais os temas?
DEDECO LIMA: Eu escrevo Dedeco (risos), eu adoraria escrever prosa algum dia, mas eu só escrevo poesia, que além de amor é uma questão de necessidade interior, posso até passar fome, só não posso viver sem a poesia.


VALDECK: Qual o compromisso que você tem com o leitor, ou você não pensa em quem vai ler seus textos quando está escrevendo?
DEDECO LIMA: O meu compromisso é que ele me entenda, por isso minha poesia segue uma linha simplória, sem palavras complicadas, acredito que a poesia, acima de tudo, deve ser sentida no fundo da alma.

VALDECK: O que mais gosta de escrever?

DEDECO LIMA: Sobre morte, alma, misticismo, amor, ódio etc. Minhas inspirações são Augusto dos Anjos, Jim Morrison e Álvares de Azevedo.

VALDECK: Como nascem seus textos? De onde vem a inspiração? E você escreve em qualquer hora, em qualquer lugar ou tem um ritual, um ambiente?
DEDECO LIMA: Nasce do momento, pode ser no banheiro, em um guardanapo na mesa de um bar, no papel higiênico, na casa de um amigo, normalmente nascem do ódio. Eu tenho a incrível superstição de escrever de caneta preta.

VALDECK: Qual a obra predileta de sua autoria? Você lembra um trecho?
DEDECO LIMA: Eu gosto de “Quem é você”, poesia que fiz para Gabriela, minha ex-namorada, em um momento de tristeza, quando percebi que estava me afundando nos vícios da noite em meio a poesia eu descrevi:

 
“A magreza traduz minha derrota
Já tão visível e exposta
Já perdi todos os trunfos
Todas as glórias,
Nada mais me resta agora
E o vício me consome
Sou um protótipo de ser humano sem nome
Alguém que aparece e some
Nos bares, nas esquinas e nos becos
Custou tentar me reerguer
Procurei saber quem é você.
Que tanto me "aflinge"
Que mesmo sem saber me atinge
De forma fria e sublime
Se você soubesse...
Tenho tanto medo do dia seguinte
E é por isso que não tenho coragem de me arremessar ao abismo
E me mato lentamente em meus vícios
E minha loucura já quase visível é normal
Por que viver sem ti é natural...”


VALDECK: Seus textos são escritos com facilidade ou você demora muito produzindo, reescrevendo?
DEDECO LIMA: Alguns eu reescrevo, outros saem de forma tão incrível que eu procuro nem mudar para não perder a essência dos sentimentos.

VALDECK: Qual foi a obra que demorou mais tempo a escrever? Por quê?
DEDECO LIMA: Passei um mês para terminar a minha mais nova poesia, chamada “Gritos”, porém deu tudo certo, inclusive ela será publicada em breve por uma revista.


VALDECK: Concluiu a faculdade? Pretende seguir carreira na literatura?
DEDECO LIMA: Ainda não, como falei antes, pretendo cursar jornalismo. Seguir carreira na literatura seria só um hobby, uma diversão e uma necessidade emocional.


VALDECK: Qual o escritor ou artista que mais admira e que tenha servido como fonte de inspiração ou motivação para seu trabalho? Você já citou alguns. Tem mais outros?
DEDECO LIMA: Como eu disse, Augusto dos Anjos, Jim Morrison (Vocalista da banda The Doors) e Álvares de Azevedo.

VALDECK: O que você acha imprescindível para um autor escrever bem?
DEDECO LIMA: Inspiração, não adianta escrever um zilhão de palavras complicadas e ninguém entender “zorra nenhuma”, emoção entendida é emoção sentida, fazer o leitor compreender aquilo que se escreve é imprescindível. Devemos escrever em linguagem atual, sem imitar ou tentar se igualar a poetas antigos, tudo tem que se modernizar, inclusive a poesia.


VALDECK: Você usa o nome verdadeiro nos textos, não gostaria de usar um pseudônimo?
DEDECO LIMA: Eu uso meu apelido, Dedeco Lima, por que acho meu nome comum, André tem mais de 500 por aí, Dedeco Lima, pelo que saiba, só existe um (risos).

VALDECK: Como foi a tua infância?
DEDECO LIMA: Difícil, sofri muito preconceito por ser uma pessoa diferente, por gostar de um tipo de música não tão popular em Salvador, por gostar de fazer loucuras e por ser crítico, as pessoas não sabem conceber as diferenças, pelo menos a maioria.

VALDECK: Você é jovem, gasta mais tempo com diversão ou reserva um tempo para o trabalho artístico?
DEDECO LIMA: Sim, sempre que posso, vou a um show de rock, curto muito as boates do Rio Vermelho, jogo futebol, vou ao cinema, gosto de game... Meu trabalho é decorrente do que faço diariamente, a poesia passa pelo ar e eu só as vejo, quando vem algo bom eu pego no ar e não largo de forma alguma, meu trabalho artístico ocorre de forma natural.

VALDECK: Tem um texto que te deu muito prazer ao ver publicado? Quando foi e onde?
DEDECO LIMA: Sim, este último que te falei, a poesia “Gritos”, eu escrevi para um amigo e ela é muito especial para mim, agora ela será publicada em uma revista.

VALDECK: Você tem outra atividade, além de escritor?
DEDECO LIMA: Antes tinha, agora eu estou desempregado, se alguém quiser me contratar, pega o número do meu celular com o Valdeck... (risos)

VALDECK: Você se preocupa em passar alguma mensagem através dos textos que cria? Qual?
DEDECO LIMA: Claro, todas elas têm uma mensagem, eu procuro expressar meu sofrimento por completo, para que as pessoas leiam e não passem pelo mesmo problema que eu.

VALDECK: Qual sua Religião?
DEDECO LIMA: Minha religião é o rock, minha água benta é aguardente, este é um trecho de uma música que fiz e que não consigo esquecer, não tenho nada contra religião, mas na minha opinião ela oprime e aliena. Sem querer ofender aos leitores religiosos, claro.

VALDECK: Quais seus planos como escritor?
DEDECO LIMA: Escrever meu primeiro livro e ser reconhecido pelo meu trabalho, é só o que quero.

(*) Valdeck Almeida de Jesus é escritor, poeta e editor, jornalista formado pela Faculdade da Cidade do Salvador. Autor do livro “Memorial do Inferno: A Saga da Família Almeida no Jardim do Éden”, já traduzido para o inglês. Seus trabalhos são divulgados no site www.galinhapulando.com
Valdeck Almeida de Jesus
Enviado por Valdeck Almeida de Jesus em 18/10/2012
Reeditado em 18/10/2012
Código do texto: T3939909
Classificação de conteúdo: seguro