Entrevista Com Giselle Aureliano (Intensidades)

ENTREVISTA CONCEDIDA PELA ESCRITORA GISELLE AURELIANO (INTENSIDADES) AO APRENDIZ DE ESCRITOR HELIO BARAGATTI NETO (HEBANE LUCÁCIUS)

Hebane: Em breves palavras, quem é Giselle Aureliano?

Giselle: É uma eterna sonhadora, do tipo que ama calada, romântica a moda antiga, não demonstra suas fraquezas para ninguém, apaixonada pela lua e suas fases. Adora filmes antigos e legendados, tem um certo hábito de colecionar livros e de vez em quando, cheirá-los. Em melhor resumo, é uma escorpiana com ascendente e sol em escorpião e lua em gêmeos.

Hebane: O que te fez adotar como nome artístico o pseudônimo Intensidades?

Giselle: Meu signo! Certa vez, fazendo uma leitura completa do meu mapa astral, percebi que intensidade é uma das características dos escorpianos. Sempre fui intensa em tudo, desde algo pequeno até as grandes coisas. No início, nunca deixava ninguém ler meus escritos (sentia muita vergonha, achava que era só baboseiras, mas sempre assinava meus textos como olhos castanhos, depois de anos escrevendo e me conhecendo melhor, percebi que Intensidades seria meu pseudônimo para sempre.

Hebane: Para você, o que significa ter uma “alma antiga”?

Giselle: Alguém que prefere tomar um sorvete no banco da praça, ao invés de toda modernidade dos relacionamentos cada vez mais tecnológicos. É optar pela conversa olho no olho, corpo a corpo, é ser um sonhador, mas não de coisas futuras... É se identificar com uma época que não viveu, mas sente que já fez parte dela em alguma outra vida. Jovens da minha idade hoje em dia, veem o amor cada vez mais banal (não generalizando, óbvio). Sexo é fácil e não fica entre quatro paredes, todo mundo sabe como foi, quem foi e onde foi. Não existe mais romantismo, não existe mais cartas de amor, juras de amor. O eu te amo hoje é abreviado, sinto sua falta não é mais dito, as músicas que deveriam ser declarações de amor, hoje são pura vulgaridade. Ter a alma antiga para mim é querer voltar no tempo, na época dos meus avós, onde conquistar alguém era quase que como nos livros e filmes de romance.

Hebane: Quando e de que maneira se deu o seu primeiro contato com a Literatura?

Giselle: Com dez anos. Estava na biblioteca da escola e sempre tive amizade com uma professora que cuidava de lá, minha querida Nadir Rodrigues (que infelizmente faleceu dois anos depois disso). Peguei emprestado o livro Peter Pan (Editora Salamandra). Li esse livro em dois dias e achei fascinante. Depois disso, a Nadir foi quem percebeu que sempre fui boa em redação, sempre conseguia ir e ver além de outras crianças da minha idade (palavras dela). Desse dia em diante, nunca mais parei de ler.

Hebane: Quando e de que maneira você se deu conta de que seria uma Escritora?

Giselle: Quando consegui pela primeira vez, fazer um texto falando como me sentia depois que o meu avô materno faleceu. Era uma redação sobre como foram as minhas férias naquele ano e o que eu queria para o fim do ano. Era preciso ler em voz alta... Foi a primeira vez que deixei as pessoas ao meu redor saberem como eu realmente me sentia, deixei que eles ouvissem meu texto de despedida, meu sofrer e quando terminei de ler, todos me aplaudiram. Minha professora veio até mim e disse que nunca tinha ouvido alguém falar tão profundamente como se sentia, que era um texto sofrido, porém bem escrito, era ainda assim, um texto de amor. Foi a primeira pessoa que acreditou em mim, e quando ela acreditou, eu acreditei também. Eu tinha dez anos.

Hebane: De todos os livros que você já leu até hoje, qual foi o que mais marcou a sua vida como leitora? Por quê?

Giselle: Como Viver Eternamente da Sally Nichols. Foi o segundo livro que li. Conta a história do Sam, um garoto de onze anos que tem leucemia e coleciona fatos. Esse livro me fez rir, chorar, colecionar fatos também, ser mais altruísta, madura, persistente, ter fé na vida. Depois desse livro, nunca mais fui a mesma. Obrigada Sally.

Hebane: Ainda sobre os livros que você já leu, existe, entre eles, algum que você gostaria de ter escrito? Se existe, que livro é esse? E por que razão você desejaria tê-lo escrito?

Giselle: Gostaria de ter escrito O Diário de Uma Paixão do Nicholas Sparks (Sou meio suspeita para falar porque simplesmente amo os livros dele). É uma história de amor forte, comovente, profunda ao extremo. Adoraria ter escrito ele pelo fato de ser tão intenso, quando li esse livro minha alma apaixonada e sonhadora desejou um amor igual ao do livro... Que resiste ao tempo, a dor e a todas as circunstâncias, acima de tudo e por causa de tudo.

Hebane: Existe, na História ou na Literatura mundial, alguma personagem que você gostaria de ter sido? Se existe, que personagem é essa? Por que razão você gostaria de tê-la sido?

Giselle: Nossa, isso é mesmo uma pergunta difícil, pois me vem várias personagens na mente. Adoraria ser a Hermione (Saga Harry Potter), uma bruxa poderosa, corajosa, leal. Mas, sinceramente falando? Queria ter sido parente do Nelson Mandela, para mim ele é um cara surreal, sempre muito à frente do seu tempo em tudo e com pensamentos que revolucionam a História até hoje.

Hebane: De todos os gêneros literários que você pratica, em qual se sente mais à vontade? Por quê?

Giselle: Prosa Poética. Sem muitas normas, sem rimas, livre para simplesmente escrever, só deixando a mente fluir e as palavras ganhando vida no papel. Mas, percebi recentemente que sou boa com Textos Eróticos, me sinto bem escrevendo esse gênero também.

Hebane: Você acredita em inspiração? Se acredita, como a define?

Giselle: Com toda a certeza do mundo. É quando você está em um lugar qualquer e de repente, surgem versos fortes na mente e logo em seguida, os versos que pareciam aleatórios, formaram um texto intenso. Já escrevi textos em comandas de restaurantes, em guardanapos, em currículo na entrevista de emprego. E quando me falta inspiração, tento criar um clima contra o bloqueio criativo. Um vinho ou cerveja, luzes apagadas, olhando sempre para algum horizonte ou para alguma rua e se por sorte chover, a inspiração vem na hora.

Hebane: O que te inspira a escrever?

Giselle: A dor, o amor, as pessoas, o mundo. Não existe algo em específico. Escrevo sobre tudo! Depende apenas do que estou sentindo no momento. Não consigo escrever em computadores, celulares, nada eletrônico. Minha inspiração é sempre com papel e caneta. Depois de escrito, digito tudo e salvo no computador para postar posteriormente, mas sempre guardo todos os rascunhos. Meus sentimentos me inspiram, as pessoas me inspiram e quando não há nada para escrever, desabafo no papel o meu sentir.

Hebane: Qual é o gênero literário que você mais gosta de ler? Por quê?

Giselle: Leio todos, mas romance sempre vence. Gosto de ver o amor sobre os olhos de outras pessoas, viajar em outros mundos, me perder e me apaixonar pelo que estou lendo. E depois quem sabe, até reescrever a história pelos meus olhos.

Hebane: Se a história da sua vida fosse um livro, que título teria? Em que gênero literário seria escrita? Que motivos a fariam ter esse título e ser escrita nesse gênero literário?

Giselle: O título seria Histórias de uma aventureira. Sem dúvidas seriam crônicas, mas com dose de comédia dramática. Não sou de me limitar, sempre procuro expandir meus conhecimentos sobre pessoas e lugares. Qualquer oportunidade boa e nova, agarro com unhas e dentes. Seria um livro onde as pessoas iriam rir, chorar, sofrer e aprender também. Ah, e escreveria na terceira pessoa.

Hebane: De todos os textos que você já escreveu, existe, a seu ver, algum que seja capaz de te definir? Se existe, que texto é esse? Por que razão considera que ele te define?

Giselle: Tem dois textos que escrevi e me definem, mas o que me comoveu muito na hora de escrever e sempre comove quando releio é um texto de homenagem que fiz ao orixá Ogum. O texto se chama “Ao senhor dos caminhos”. Nele, tentei descrever um pouco o que é ser filha de um guerreiro.

O segundo texto é uma Prosa Poética chamada “Uma Alma Antiga” define melhor os meus sentimentos sobre o mundo e as pessoas ao meu redor.

Hebane: Além da intensidade, que outras características você considera marcantes em seus escritos?

Giselle: Paixão, precisão e audácia. Sou bastante audaciosa quando escrevo, pesquiso muito também. Quero que meus leitores gostem do que estão lendo, gosto de criar textos que tenham paixão, sofrer, precisão em cada verso, quero que eles leiam e se identifiquem, que comentem dizendo “Nossa, eu também me sinto assim”. Procuro dar aos meus leitores o que gostaria de ler. Se não fica bom aos meus olhos, não vai ficar bom aos deles.

Hebane: Você tem ídolos no âmbito literário? Se os tem, quem são?

Giselle: Poderia escrever um livro só falando os ídolos que tenho (risos). Sou apaixonada pela J.K Rowling, a história de vida dela me inspira muito, ver o que ela era e o que se tornou. Como teve seu livro recusado diversas vezes, mas que isso não a impediu de continuar tentando.

Também gosto do Nicholas Sparks, os livros dele são verdadeiras histórias de amor, daquelas que lemos suspirando a cada verso.

Paulo Coelho também é um escritor que tenho profunda admiração, o livro dele “O Alquimista” me ensinou lições que tento seguir diariamente.

E meu querido Charles Bukowski, óbvio. Histórias de amor e caos que me tiram o fôlego.

Hebane: Que mensagem você pode deixar àqueles(as) que, a seu exemplo, desejam expressar-se através da Literatura?

Giselle: Nunca desista dos seus sonhos e cuidado para quem você conta seus planos. Há pessoas maldosas nesse mundo, muitos irão fazer de tudo para roubar seu sorriso, suas ideias, as vezes serão pessoas tão próximas que você nem vai acreditar. Mas, vai aparece gente tão incrível na sua vida, que você vai olhar para o céu agradecendo por esse presente. Não é fácil, mas também não é impossível. Seja forte, sorria, lute, chore, só não deixe nunca de sonhar, de querer, de acreditar em si mesmo. Talvez não aconteça exatamente como você queria, mas nada é perfeito, saiba agradecer pelo que alcançou e agradecer em dobro pelo que perdeu. A vida é como uma montanha russa e coração é uma terra que ninguém manda. Você é o sol, saiba disso.

Hebane: Muito obrigado pela entrevista! Foi um imenso prazer, para mim, recebê-la neste meu modesto espaço! Espero poder entrevistá-la mais vezes e continuar contando com a sua presença ilustre em meu Recanto!

Giselle: Obrigada você por me convidar para ser sua entrevistada. A honra foi toda minha e espero que tenha respondido todas as suas perguntas. Segue um abraço carinhoso para ti, querido mestre e amigo.