Chico, o livreiro

Realizei essa entrevista com Seu Chico, no final de 2019.

O objetivo era compreender a situação dos trabalhadores informais no campus da UFPE.

Era uma atividade de uma disciplina de metodologia.

Mesmo assim, foi muito interessaste conhecer um pouco sobre a vida desse livreiro.

Confira!

***

Entrevistador – Vou perguntar questões relacionadas ao trabalho do senhor, aqui. Você pode falar um pouco sobre sua vida. E também... Antes de você trabalhar aqui no campus.

Entrevistado – Antes de eu trabalhar no campus (UFPE), eu trabalhei em dois ramos. Trabalhei na Home. Trabalhei na Coral. Trabalhei na Sandra. Depois fui trabalhar na Livro 7* . Ali eu passei cinco anos. Aonde foi que eu me identifiquei mais. Por que meu pai, era intelectual e meu pai era, por incrível que pareça, meu pai era amigo de Paulo Freire. (Fala incompreensiva). E Paulo Freire ia lá pra casa tomar cafezinho. Eu me lembro disso. E ele nem de disse... E meu pai que botava livro pra eu ler. Eu li Dostoiévski com dezesseis anos, né?

Entrevistador – Interessante!

Entrevistado - E depois quando fui ali pra Livro 7 me inseri no mundo do livro. É o mundo meu, né? Eu gosto desse trabalho que eu faço, que eu faço pra vida. Eu trabalho com pessoas que gostam de ler.

Entrevistador – Você, então se identifica muito com o que faz?

Entrevistado – Eu acho que as pessoas que não leem perdem muito. Né? Como dizia Monteiro Lobato. Quem não lê, mal fala, mal houve, mal lê. E é uma verdade. Então, eu acho que o que eu faço hoje, não é financeiramente... Mas, eu to feliz. Com o meu trabalho.

Entrevistador – Você trabalha em mais alguma outra atividade além dessa? Você diz?

Entrevistado – Eu faço encadernação de livros. Encaderno, costuro.

Eu também faço esse trabalho.

Entrevistador – Você é proprietário aqui do ponto?

Entrevistador – Há quanto tempo, aqui?

Entrevistado – Desde 1986.

Entrevistado – Dá um bocado de tempo, né?

Entrevistador – Muito tempo!

Entrevistado – Oitenta e seis pra agora...Eu comecei dentro, né?

Entrevistador – Ah, eu lembro!

Entrevistador - Qual o principal produto que você comercializa ?

Entrevistado – Livros universitários. Né ? Terceiro grau. Filosofia, história, sociologia, psicologia. Mais da área de humanas. Livro de humanas. Foi mais o que eu me envolvi.

Entrevistador. É. Você... Você que compra, ou faz suas próprias mercadorias?

Entrevistado – Eu compro e também recebo doações. Muitas pessoas doam livros pra mim. E aí, a gente compra também. Tanto compra como recebe doação.

Entrevistador – Sim. Você conta com a ajuda de alguém pra realizar suas atividades?

Entrevistado – Esse meu amigo aqui (Se referindo ao outro vendedor de livros).

Entrevistador – Quanto tempo ele está aqui?

Entrevistado – Ele está comigo, quase quinze anos.

Entrevistador – Mas, o ponto é do senhor?

Entrevistado – É nosso. Dos dois. É.

Entrevistado - Desde o começo?

Entrevistado – No começo era eu. Depois sai, ele entrou. Depois eu voltei. Por, isso quer dizer. É nosso!

Entrevistador – Ah, sim!

Entrevistado – É uma sociedade. Tanto é que o lucro aqui é dividido. Metade meu e metade dele. Aquilo que compro é o dinheiro que eu gastei. Né? Divido o total do lucro, né?

Entrevistador – Entendi.

Entrevistado. Tem... Mesma coisa ele. Se ele compra ele tira... Tudo é dividido.

Entrevistador - Você pode falar um pouco da sua rotina diária, aqui. Trabalho.... Desde a hora que você chega... Como é que funciona?

Entrevistado - Eu chego dez horas. Tem um carrinho pra levar... As caixas. Aí trago as caixas e armo a estante aí. E fico aqui sentado, esperando os fregueses e as vezes jogando xadrez, né? Que aqui tem um jogo de xadrez. Fui eu que fundei esse xadrez.

Entrevistador – Ah, legal!

Entrevistado – Já é conhecido esse xadrez de Chico, né? Eu sou o mais fraco jogador. Mas, eu sou o fundador. Aí, eu sou o fundador né? Mas, foi bom. O xadrez uniu pessoas de outros cursos. Tá entendendo ? Tem gente de engenharia, de física, de economia, que vem pra cá jogar xadrez; Desse uma interação, né? (Ruídos na gravação) Né? Né? Porquê pessoas que vem jogar xadrez, geralmente são pessoas, né? No nível até... Ontem mesmo. Aqui bota dama, dominó, todo mundo sabe. Xadrez nem todo mundo sabe.

Entrevistador – Eu mesmo não sei jogar.

Entrevistado – Mas, é bom!

Entrevistador – Vou pedir pro senhor me ensinar...

Entrevistado – Se aprender, gostar, vicia, viu ?

Entrevistador – Eu sei o básico, agora jogar, jogar mesmo...

Entrevistado – Só precisa de você.

Entrevistador – (Risos)

Entrevistado – (Risos) O xadrez é bom isso. Só precisa de você.

Não depende do adversário. Depende de você.

Entrevistador – É. Você pode falar um pouquinho mais da sua rotina. Que mais você faz aqui ao longo do dia?

Entrevistado – Passo a maior parte do tempo vendendo livro. Conversar com os estudantes. Mais nada. Só isso mesmo.

Entrevistador – Quais dias da semana?

Entrevistado – Segunda a sexta-feira.

Entrevistador – Final de semana, você...

Entrevistado – Não.

Entrevistador – Até que horas?

Entrevistado – A gente fica aqui até 06:30. Da noite.

Entrevistador – Qual sua relação com... Os alunos e professores daqui... Você falou que... Joga xadrez...

Entrevistado – São ótimos.

Entrevistador – Com todo mundo?

Entrevistado – Graças a Deus, eu sou muito bem quisto. Né? Tem professor, aí que era aluno e comprava livro, a mim, né? Ele comprava livro a mim, pra pagar depois. Ele não tinha dinheiro. Hojé é professor dai e diz, você me ajudou muito. Isso é até gratificante, né? Tem uns vinte professores que comprou livro a mim. O próprio reitor Alfredo comprou livro a mim.

Entrevistador – E com os alunos?

Entrevistado – É ótima a identificação, minha... Me dou muito bem com os alunos. Ele tem muitos respeito por mim. É seu Chico pra cá, seu Chico pra lá. Eles confiam no que eu falo também. (Risos) Quando eu indico um livro eu indico porquê tem mais de cem. Graças a Deus eu li muito. Eu não leio besteira. Eu leio mais os clássicos. Eu sou mais literatura russa.

Entrevistador – Eu gosto muito de literatura russa.

Entrevistado – Dostoiévski.

Entrevistador – Tchekhov.

Entrevistado – Eu gosto muito. Quem eu mais leio é o Dostoiévski. Eu sou fã de Dostoiévski.

Entrevistador – Eu também. É o autor que eu mais gosto.

Entrevistado – É muito bom.

Entrevistador – Crime e Castigo, Irmãos Karamazov.

Entrevistado – Ele tem uma maneira incrível, né?

Entrevistador – Muito. Ele é sensacional!

Entrevistado - Com certeza!

Entrevistador – Então sua relação aqui é amigável?

Entrevistado – É amigável.

Entrevistador – Você... Você disse que trabalha em outras atividades, né? Além de vender livro.

Entrevistado – Encadernação.

Entrevistador – Mais alguma outra coisa?

Entrevistado – Não. Encadernação e vender livros.

Entrevistador – É questão da sua... É. Desculpa! Questão da sua relação com outros trabalhadores. É... Daqui. Do CFCH, do CE...

Entrevistado – Dos trabalhadores...

Entrevistador – Qual sua relação com eles ?

Entrevistado – Vejo eles todos os dias. Meus amigos também. Eu não tenho... Graças a Deus aqui eu não tenho nenhum problema.

Entrevistador – E sua relação com outros departamentos?

Entrevistado – É ótima. Tudo bem graças a Deus. Isso foi construído, né? Não é a toa. Você que constrói. É o seu comportamento que faz com que você seja respeitado. Não é verdade? Nunca ninguém reclamou com nada. Graças a Deus, né? Desde que eu to aqui nenhum diretor, vieram reclamar de nada. Que eu sempre trabalhei, inclusive dos alunos me defendem, né?

Entrevistador – Sei. Já teve algum problema?

Entrevistado – Teve de querer me tirar. Mas, tira não. O Chico não sai não.

Entrevistador – Ah sim. Quem que quis tirar o senhor?

Entrevistado – Não sei. Deve ser um idiota que entrou ai no, no, mas depois botaram ele pra fora e... Graças a Deus...

Entrevistador – Mas, quem que era? Era outro comerciante?

Entrevistado – Não sei. Podia ter por trás essas coisas. Acho que eram... Pessoas... Da gestão... Nova que apareceram. Né ? Mas, graças a Deus...

Entrevistador – Mudança de reitor...

Entrevistador – Você pode falar um pouco mais a respeito.

Entrevistado – Não. Eu não tenho mais o que falar. Eu não sei...

Entrevistador – não tem mais informação a respeito.

Entrevistado – Exato.

Entrevistador – Entendi.

Entrevistador - O que a UFPE... É. Poderia contribuir para melhorar a realização da sua atividade, aqui no campus?

Entrevistado – Era voltar as bolsas dos alunos, que perderam. Os alunos quando tinham as bolsas, eles tinham recursos pra comprar. Né? Essa coisa de ficar me devendo.. Não ta pagando porque cortaram a bolsa. E eu não vou cobrar ele. Eu sei que ele não tem como pagar, né? Esquece isso! Não deve nada, né? Se você pegar a bolsa você me paga. Pega e leva pra ajudar.

Entrevistador – Teve muitos casos?

Entrevistado – Teve não. Graças a Deus não. Foi uns três casos, só, né? Ainda bem. Mas, cortaram muitas bolsas.

Entrevistador – Teve muito corte.

Entrevistado – Se sabe. Cortou, vai viver de quê, né? Das pessoas que tem bolsa, tá pra cortar ainda não cortou, né? Mas, tem umas bolsas ai que foram cortadas. Aí, pesquisas foram cortadas. Pesquisas... Cortou acabou.

Entrevistador – É verdade.

Entrevistado – Eles ficam sem nenhum recurso. E você não vai negar um livro a um cabra desse. Eu não nego. Não pode negar. Lê e depois você me devolve. Teve um caso de um chegar com um pacote de café. chegou com vale transporte. Tá lembrando do vale transporte? Ai pegou o vale transporte e o pacote de café pra trocar pelo livro. Vê. (Ruídos) Ai eu olhei assim e disse: Rapaz, você vai dar o seu café? Você vai dar o seu vale transporte? Ai ele: Eu venho a pé. Não! Fique com o seu café e fique com o vale transporte e leve o livro. Quando você tiver dinheiro você me fala. To feliz, né? Em poder ajudar um cabra desse.

Entrevistador – Foi recente?

Entrevistado – Não. Há algum tempo, Também não vi mais esse aluno. Não sei se ele desistiu... Né? Eu sei que hoje não é fácil, né?

Entrevistador – Com certeza.

Entrevistado – Tem muito livro pra ler, né? E tem que continuar. Se eu puder ajudar. Atrapalhar eu não atrapalho não.

Entrevistador – Mas, alguma outra coisa que você acha que... É... Que poderia melhorar? Que possa favorecer pra você exercer suas atividades.

Entrevistado – Não. Não, pra mim está bom. Me deixa em... Me deixa, minha vida em paz. Não mexer comigo. Deixar eu expor meus livros aqui e pronto. Não preciso mais do que isso não. Entrou um novo reitor. (Incompressível) Esse Alfredo (Ruídos) Conheço o Alfredo de estudante. Comprando livro a mim. Eu já falei com ele já, depois de reitor. E ele me tratou muito bem. (Incompreensível). Falou pra eu ir lá tomar um cafezinho. To esperando. Mas, não vou pedir nada a ele não.

Entrevistador – Tem que deixar você exercer sua atividade...

Entrevistado – Eu acho que tem que lutar né. Não pode tirar a bolsa do estudante. Né, não ?

Entrevistador – Com certeza.

Entrevistado – Tem estudante que realmente não tem condições. Aí corta uma bolsa. O cabra fica ruim, né? Não pode cortar bolsa de estudante. Tem estudante que tem dinheiro. Tudo bem. Quem tem. Tem. Mas, o estudante que não tem condições de comprar um livro, né? Como vai fazer um curso bem feito. Que a própria biblioteca não tem. O estudante precisa de comprar livro. Se não ler, não vai chegar longe. Não vai?

Entrevistador – Não.

Entrevistado – Que curso você faz?

Entrevistado – Faço doutorado em sociologia.

Entrevistado – Sociologia... Então, você não precisa de ler?

Entrevistador – Com certeza!

Entrevistado – Quem não lê não vai chegar em canto nenhum, nê?

Entrevistador – Exatamente.

Entrevistado – Quem é o seu orientador?

Entrevistador – Salete. Tá aqui muito tempo também, né ?

Entrevistado – Eu conheço. Ricardo, conhece Ricardo?

Entrevistador – Aham.

Entrevistado – Ricardo Santiago.

Entrevistador – Ricardo Santiago...

Entrevistado – Conheço Ricardo Santiago, quando ele era aluno. Ele comprava livro, inclusive a mim. Eu me dou muito bem com Ricardo.

A maioria aí, era tudo aluno. Cynthia. Sabe quem é Cynthia? Pronto!

Cynthia ainda era aluna. Comprava a mim. Era cheio de conversa. Conversa agradável, né? Eu me sinto feliz. Eu participei de uma coisa boa, né? Meus livros ajudaram, né?

Entrevistador – Você se identifica muito com o que faz, né?

Entrevistado – Eu não tenho o livro. Paga depois, né? (Ruídos) Você vai. Você tem a, a... Material de estudo. De vocês é o livro, né? A matéria-prima é o livro. Sem ele... A matéria-prima é o livro, né?

Entrevistador – Sim

Entrevistado – Se não tiver isso como é que faz. Vai chegar em canto nenhum. Eu contribuo com isso pelo menos, não é? Eu acho que eu fui importante, né? Eu acho que mexer comigo iria mexer com muita gente. Né, não?

Entrevistador – Muita gente.

Entrevistado – Eu acho que isso conta. “Não, o cabra vende livro”

Entrevistador – Você já está aqui a muito tempo.

Entrevistado – Hum?

Entrevistador – Por você já estar por aqui a muito tempo, já fazendo isso...

Entrevistador – Qual sua relação com a segurança terceirizada daqui?

Entrevistado – (Pensativo). Boa... Nunca tive nenhum problema com eles não.

Entrevistador – Aham.

Entrevistado – São meus amigos conversam comigo. Conheço até o chefe deles.

Entrevistador – Nunca presenciou, nunca teve nenhum tipo de problema?

Entrevistado – Não. Nunca tive problema. Nenhum, nenhum, nenhum...

Entrevistado – Nunca tive. Eles são pessoas... Pra mim... Zero bronca.

Eu também não falo por onde, né? Eu ando... Eu ando certo. (Silêncio).

Eu quando não to lendo, to fazendo palavra cruzada, jogando xadrez. E por ai... Eu gosto do que eu faço. Isso que é importante, né? Você fazer aquilo que você gosta... É bom demais! Essa é minha profissão. Vender livros. Se eu tivesse que fazer, eu faria de novo. Vendia livros de novo. Talvez não fizesse como eu fiz. Talvez. Eu fui irresponsável algumas vezes, né? Mas... Gostei. Do que eu fiz, né?

Entrevistador – Você pode falar um pouco mais? Você disse que foi irresponsável. Como assim?

Entrevistado - Eu fui irresponsável, por não saber controlar, né? As finanças. Fiz besteira. Gastei mais do que era pra gastar. Aí, errei, aí. Né? Mas, tá tudo bem. Meus filhos já se formaram. Isso é o que importa. O Objetivo foi alcançado.

Entrevistador – Mais uma perguntinha... Quais as repercussões na saúde tanto físico quanto psicológica, em função desse seu trabalho? Que você exerce aqui.

Entrevistado – Como é?

Entrevistador – É... Essa atividade que você faz trás algum problema físico ou psicológico. Já teve algum...

Entrevistado – Não. Nenhum, nenhum. Problema nenhum, graças a Deus. Nenhum problema.

Entrevistador – Nunca teve qualquer tipo de inconveniente ?

Entrevistado – Não, não. De jeito nenhum.

Entrevistador – Você tem...Perspectiva pro futuro? È,,, Através desse trabalho informal ou é...Você tem... Tem vontade de fazer outra coisa... Possibilidade.

Entrevistado – Não. Eu acredito que não tenho mais tempo pra isso não.

Eu acho que... Eu to, descendo ladeira, como diz, né? Eu quero fazer isso até chegar o dia de eu partir. Eu não preciso fazer mais nada não. Não tem mais o que fazer, né?

Entrevistador – Você?

Entrevistado – Eu não almejo mais nada. Porque não tem mais tempo. Mais, né? Eu acho que foi alcançado pelo menos. Né? Eu gosto do que eu faço. Graças a Deus. Eu precisa vender meus livros. Até. Tenho projeto de lançar o meu.

Entrevistador – Ah, você tem um projeto. Pode falar um pouco mais? A respei... Pode falar um pouco mais a respeito ?

Entrevistado – Eu tenho um livro. Um livro de poesia. Que eu to escrevendo, já ta quase pronto, mas não terminei ainda. Mas, eu vou terminar. Aí, quando eu terminar. Depois que lançar esse livro. Eu sei que não vai ser nenhuma... Mas, vai ser uma coisa que eu quero, né? Quem lê e gostar, tudo bem. Quem não gostar não tem problema nenhum. Eu não escrevo pra ninguém. Escrevo pra mim mesmo. Tá entendendo?

O mais importante na vida é em primeiro lugar, gostar de mim. Se eu não gostar de mim, ninguém vai gostar, né? Antes de gostar dos outros, tem que gostar, tem que gostar dele mesmo. Se você não gostar de você, você não vai gostar de ninguém. Não é verdade?

Se não você fica em um mundo inconstante. E uma pessoa inconstante se não gosta de si própria, como vai gostar dos outros. Eim ?

Você tem que gostar de você, pra depois você gostar de alguém. Eu sou assim. Eu nunca sofri por amor. Eu nunca amei mais do que o necessário, né? Tive dois casamentos, né? Passei dez anos pra um e dez anos pra outro. São todas as duas minhas amigas, né ?

Ligam pra mim. Eu acho, eu acho que to tranquilo. Graças a Deus. Dentro dos meus limites. Dentro dos meus limites eu só tenho que agradecer. Eu gosto do que eu faço. Eu sou uma pessoa feliz. Eu não consigo ser infeliz. Está entendendo, né? Graças a Deus. Eu gosto do que eu faço. Pra minha vida. Pra mim está tudo sobre controle. Esses livros que está ai... Como eu dizia assim, é os meus filhos. Minha vida. Tudo aí, né?

E eu respeito muito o meu trabalho. E acredito que vou passar um bocado de tempo ainda, eu espero.

Entrevistador – É isso aí.

Então muito obrigado. Agradeço muito por nossa conversa.

Entrevistado – De nada! O seu nome é?

Entrevistador – Inã.

Entrevistado – Inã. Foi um prazer conhecê-lo.

Entrevistador – Muito obrigado! Deixa eu ver. Eu acho que era só isso mesmo. Pronto! Valeu!

Entrevistado – Foi bom? Foi... Gostou da entrevista?

Entrevistador – Gostei. Muita informação interessante. Nossa conversa foi boa. Foi bem satisfatória.

Entrevistado – Aí tá certo

Entrevistador – Fica aqui pra memória também.

Entrevistado – Tá bom

Entrevistador – Obrigado!

Entrevistado – De nada!

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* A Livro 7 teve a sua origem em uma pequena loja (pouco mais de vinte metros quadrados), na Rua Sete de Setembro – uma transversal da Av. Conde da Boa Vista, no bairro da Boa Vista. Foi inaugurada no dia 27 de julho de 1970.

Localizada próxima à Faculdade de Direito do Recife, ao Parque 13 de Maio, ao então Cinema Veneza e ao Teatro do Parque, era um ponto de encontro para estudantes, artistas, intelectuais e amantes dos livros em geral, tornando-se um marco para as gerações literárias de Pernambuco.