ENTREVISTA COM O RECANTISTA: FRANCISCO DE ASSIS GÓIS, o poeta amante do mar, do amor e da saudade

Continuando as entrevistas, agora com um amigo que é praticamente um sarau ambulante. Nas poucas palavras fala muito, escreve artigos que revelam seu amplo acervo cultural, sonetos, interações e é um poeta amante do mar.

Com o intuito de divulgar excelentes recantistas, criei uma simples entrevista que aborda apenas temas relacionados à escrita. Enviei para meus recantistas favoritos. Todos leio por amor e muito gosto. Após ler a entrevista, sugiro que procure pelo trabalho dos autores entrevistados, pois além de amar seus textos, novos vínculos de leitores poderão nascer a partir desse contato.

CONHEÇA O POETA AMANTE DO MAR, DO AMOR E DA SAUDADE.

FRANCISCO DE ASSIS GÓIS.

Bom dia meu amigo Leandro,

Segue as respostas as perguntas da entrevista. Espero que goste.

Parabens pela ideia e mais uma vez agradeço por me permitir participar.

*ENTREVISTA COM O RECANTISTA*

*QUANDO VOCÊ COMEÇOU A ESCREVER?*

Sempre gostei de ler e escrever muito. Desde criança gostava de “viajar” em minhas redações escolares. No entanto nunca me preocupei muito com o que escrevia e muito menos em guardar os escritos. A grande maioria deles escritos até poucos anos atrás se perderam. Vez ou outra um amigo me dizia: por que você não cria um blog para publicar e guardar as coisas que escreve. Com certeza muita gente vai gostar, mas eu sempre respondia: imagina... tanta coisa interessante na internet para se ler, quem é que vai se interessar pelas “minhocas” que nidificam minha cabeça? Tenho tempo para isso não gente! Até que em agosto de 2018 mandei para um amigo que, como eu ama o mar e também é velejador, os textos “Lições do Vento – Uma metáfora da vida” e “Medo de Mar – Uma história quase infantil”. Depois de ler ele me respondeu: Tem uma plataforma que eu gosto muito de visitar chamada Recanto das Letras. Entra lá, cria um perfil e publica teus textos. Tenho certeza que muita gente vai gostar. Resolvi criar o perfil e publiquei os dois textos que havia mandado para ele e nos dez dias seguintes postei mais uns doze textos que escrevi despretensiosamente. A partir daí só voltei a entrar no RL uns quatro meses depois e vi que algumas pessoas haviam lido e comentado vários textos. Fiquei surpreso e me perguntei: Será? ... A partir daí passei a publicar mais algumas coisas que escrevia.

*POR QUE VOCÊ ESCREVE?*

Escrever ajuda a me auto conhecer. Escrevo para pôr ordem no caos e no gritante silêncio que existe dentro de mim ao mesmo tempo. O caos tentando explodir, se expor e o silêncio, segurando, velando tudo dentro de mim para todos, inclusive para mim mesmo muitas vezes. Escrever me ajuda a evitar que eu me perca nesse caos ou me precipite no suposto vazio do silêncio. Sempre que termino um texto e o leio penso: tenho uma infinidade de coisas externas que que preciso aprender, porém talvez mais coisas dentro de mim que que tenho certeza, estão lá, só preciso descobri-las e ordená-las.

*O QUE VOCÊ ESCREVE?*

Escrevo sobre vários assuntos como artigos e crônicas sobre cultura, filosofia, religião, esoterismo, e tudo que julgo capaz de promover e elevar o espirito, conhecimento e sentimento humano, porém o que mais gosto de escrever são poemas.

*COMO VOCÊ ESCREVE?*

Depende do que estou escrevendo. Quando escrevo artigos, crônicas ou biografias sigo roteiros rígidos e bem organizados, no entanto quando escrevo poemas não. Eles surgem como do caos. As vezes começo um poema pelo último verso da última estrofe, volto para primeira, coloco um verso na do meio, tamanha loucura que as vezes paro e penso: isso não vai dar certo. Mas no final consigo encaixar tudo, inclusive as rimas. Aí parto para a fase de que chamo de polimento que é o de “escovar” as palavras. Costumo ter com as palavras uma relação tal como senhor/escravo. Sinto-me senhor delas até publicá-las, porém sei que se não tomar cuidado com elas tratando-as muito bem, elas podem se juntarem para inverter o jogo. Principalmente porque existem palavras que não são afins e se detestam, mesmo não sendo antônimas e quando as juntamos, por vingança elas se unem para nos escravizar. Uma coisa maluca, mas para mim é bem real. Por isso trato-as com todo cuidado “escovando e polindo-as”, colocando cada uma em seu devido lugar para evitar que no fim elas se juntem e me ponham no “tronco” rsrsrs.

*POR QUE VOCÊ ESCREVE O QUE ESCREVE?*

Primeiro porque sinto prazer em escrever, segundo para meu desenvolvimento pessoal e aprendo muito sobre eu mesmo quando escrevo. Por fim porque gosto de interagir com outras pessoas e compartilhar ideias que possam ser úteis e causem bem-estar. Quando consigo esse objetivo me sinto muito feliz.

*O QUE VOCÊ PRETENDE ESCREVENDO?*

Pretendo continuar crescendo e sendo feliz fazendo isso e compartilhar o máximo que eu puder com as pessoas que gostam e apreciam literatura e possa vir a tirar algum proveito dos meus escritos.

*SE INSPIRA EM ALGUM(A) AUTOR(A)?*

Muitos são especiais para mim e acredito que todos nós sofremos influência, principalmente de quem gostamos. Por exemplo, recentemente escrevi e publiquei o texto “Tu poderias...” em interação ao texto “Ah, se eu pudesse!” da grande e querida poetisa Esther Lessa. A poetisa Vania Lopez em um comentário disse que o texto lhe lembrava Cartola. Fiz a comparação e achei que ela poderia ter razão. E Cartola, assim como Dorival Caymmi, Castro Alves, Fernando Pessoa, Machado de Assis, Pablo Neruda, Mario Quintana, Patativa do Assaré, Cecília Meireles, Raquel de Queiros, Cassimiro de Abreu, Manoel de Barros, Camões, e tantos outros que preencheriam totalmente essa página são muito especiais para mim. Não tenho nenhuma inspiração certa e determinada de nenhum deles, mas com certeza de uma forma ou de outra, mesmo que inconscientemente todos eles exercem alguma influência em certas coisas que escrevo.

*QUAL SEU PIOR TEXTO E POR QUÊ?*

Essa eu não consigo responder. Acredito que meu pior texto eu tenha jogado fora. Ou até tenha jogado fora o melhor e publicado o pior. Já cometi tantos erros que não me surpreenderia se tivesse cometido esse também, rsrsrs.

*PODERIA DIZER DE CABEÇA QUAL O SEU TOP 5 TEXTOS AUTORAIS?*

Apesar de muito pessoal, vou tentar. Os leitores, certamente teriam uma lista diferente.

- Novíssima Canção do Exilio.

- Doces Melodias, encanto e Magia

- Barquinho de Papel

- Medo do Mar – Uma história quase infantil

- Os Sete Princípios Herméticos de Hermes Trismegistro

*NA SUA OPINIÃO, QUAL O SEU MELHOR TEXTO E POR QUÊ?*

Vou responder essa pergunta fundamentado em um fato muito sentimental relacionado ao meu querido e saudoso pai. Se não fosse esse fato não sei se saberia responder. Ao ler o poema “Novíssima Canção do Exilio” logo que terminei de escrever percebi que havia mencionado nele “a flor do manacá”. Pelo que me recordo essa foi a primeira vez que eu mencionara em um texto essa flor que meu pai amava. Ele, que como eu, também era um amante da natureza, ficava visivelmente emocionado quando via a floresta da serra do mar tomada por essas flores. Quando ele ouviu esse poema pela primeira vez, belamente declamado pelo competente Edinho, irmão da grande e querida poetisa Esther Lessa, infelizmente eu não estava presente, mas minha irmã diz que ele ficou muito emocionado. Por isso escolho “Novíssima Canção do Exílio” como meu melhor texto. Para quem quiser conferir, a declamação está publicada na minha página de áudio e na do Edinho.

*SE VOCÊ PUDESSE OPTAR EM VIVER SÓ DO QUE ESCREVE, VOCÊ OPTARIA? POR QUE?*

Seria um enorme prazer porque amo escrever. Sou um engenheiro que sempre quis ser médico, mas que seria muito feliz se tivesse capacidade para ser um poeta e escritor. Porém isso é para poucos que tem talento e não para todos que querem. Conheço tantos infinitamente melhores que não conseguem, imaginem eu... Mas acho que seria muito bom.

*TEM ALGUMA PERGUNTA QUE NÃO FOI FEITA E VOCÊ GOSTARIA QUE ELA FOSSE FEITA SOBRE ESSE TEMA?*

Não, acho que já falei demais rsrsrs.

*SE VOCÊ PUDESSE DIZER ALGO PARA QUEM QUER ESCREVER, O QUE DIRIA?*

Doe sempre um pedaço de você no que escreve. Você vai se sentir muito feliz se conseguir fazer isso, principalmente se conseguir fazer com que alguém, de alguma forma se sinta melhor com sua doação. Olhar para o que escrevemos, gostar e imaginar que pode ser útil a alguém nos traz uma sensação boa demais.

Links para textos do autor:

https://www.recantodasletras.com.br/autor.php?id=201724

Leandro Severo da Silva
Enviado por Leandro Severo da Silva em 12/04/2020
Código do texto: T6914320
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