ENTREVISTA:
ADMINISTRADORES DO CLTS
Aos meus leitores mais assíduos, e eventuais também, desta vez lhes trago uma entrevista com os administradores do CLTS (Concurso Literário de Terror e Suspense). É um gênero textual bem diferente dos contos que costumo postar por aqui, mas trata-se de algo que eu já fazia quando administrava o meu site de Literatura Fantástica.

Então, é sempre bom “conversar” sobre o trabalho, a criação, as influências, as dificuldades e opiniões sobre literatura, quando elas vêm de pessoas que promovem atividades em prol de uma coletividade de apreciadores por determinado gênero literário. No caso, aqui em questão, é o Terror e Suspense, mas tal proposta pode servir de parâmetro para os recantistas buscarem dinâmicas semelhantes em outros gêneros.


A ideia, no geral, isso mais à frente, é trazer outras entrevistas de recantistas dos quais eu tenho profundo respeito, seja pela qualidade de seus textos (contos, crônicas ou poesias), ou até mesmo por convivência e compartilhamento de leituras, pois afinal, como eu digo de vez em quando, somos todos amadores e iguais.

O CLTS, basicamente, é um certame em que os escritores participam com contos criados a partir de temas estabelecidos pelos organizadores e apreciam os textos uns dos outros através de comentários, dos quais lhes permitem votar, e serem votados, a fim de eleger os trabalhos que o grupo considera os mais interessantes. No parágrafo abaixo, deixo, nas palavras dos próprios administradores, o principal objetivo desta proposta:

O CLTS foi criado para incentivar e proporcionar um diálogo entre os autores dos gêneros terror e suspense, abraçando também outras vertentes como fantasia, ficção cientifica, policial e outros. Não existia e nem existe a intenção de premiar os primeiros colocados. Acreditamos firmemente que o maior prêmio é a satisfação de ver o grupo crescendo e se desenvolvendo. Aqueles que podem, tentam sempre ajudar o colega através de opiniões e orientações, o feedback que todo autor precisa uma vez que, saindo de sua cabeça, toda história parece perfeita.”             Uma História Polêmica CLTS 

 
 

Entrevista concedida na última semana  de janeiro de 2021.



Como surgiu e quais foram as expectativas sobre a ideia de se realizar o CONCURSO LITERÁRIO DE TERROR E SUSPENSE?

O CLTS nasceu para suprir a ausência de concursos do tipo no Recanto das Letras, uma vez que os seus predecessores haviam se extinguido deixando um vazio para os apreciadores das histórias de terror, e de certa forma os autores ficaram à deriva sem um espaço onde debater e receber opiniões sobre seus textos.

Queríamos apenas abrigar e divulgar os contistas, o que logo foi superado se tornando algo maior, revelando talentos escondidos, duplicando o alcance dos autores, aproximando uns dos outros, criando laços de amizade e, para comemorar estas realizações, unimos os contos que mais se destacam no ano, segundo os próprios participantes, numa antologia chamada CONTOS ARREPIANTES que vai para sua terceira edição.


Como foi a trajetória do concurso até aqui?


No início, enfrentamos alguns obstáculos, muita desconfiança, pouca participação, desentendimentos entre autores e até mesmo na própria administração que aos poucos eram superados. Neste tempo de existência, cerca de 80 autores nos brindaram com mais de 200 histórias e como foi dito, 3 antologias organizadas.
 
Fale-nos um pouco mais dos integrantes da administração. A formação inicial ainda continua? Vocês se comunicam constantemente para discutir sobre os rumos do concurso?

Da formação original, permanecem Gilson Raimundo e Johnathan King. Iolanda Pinheiro e Jorge Aguiar decidiram sair por motivos particulares, mas sempre que podem dão seu apoio com conselhos e dicas sempre bem-vindos. Na décima segunda edição do CLTS, recebemos o importante reforço de Leandro Severo da Silva, formando assim o atual trio de administradores.

Entre nós, temos um grupo no whatsapp onde conversamos sobre a organização e andamento dos desafios. Com os autores, além dos recados em nossa própria escrivaninha, temos uma página no Facebook, Concurso Literário de Terror e Suspense, que divulga os contos dos autores participantes.
 
Em recente postagem há uma passagem curiosa em que vocês declaram: em vários momentos nos questionamos ou somos questionados sobre a eficácia e importância do CLTS. De forma geral, podemos considerar o certame repleto de falhas, mas então por que continuar? O que vocês querem dizer com isso? Quais questionamentos vocês mesmo se fazem?

Sabemos que o método ideal será impossível de alcançar, nem sempre o que um acredita ser bom, o outro não acha. Tem participantes que equivocadamente pensam que o CLTS busca premiar apenas o melhor, acham que devem estar no podium a qualquer preço. Nos entristece ver alguns comentários que desmerecem textos que certamente possuem falhas, que talvez não estejam entre os melhores, mas que os autores se esforçaram dando seu melhor, sendo criativos e que estão abertos ao aprendizado, além de tratarem os colegas com profundo respeito. Pedimos sempre criticas respeitosas e construtivas, se existem falhas, que elas sejam apontadas seguidas das possíveis soluções. Tememos afugentar autores inexperientes com tais comentários críticos competitivos.
 
Alguns de vocês, da administração, já leram Henry Evaristo ou Paulo Soriano, recantistas da velha guarda do terror aqui neste site?

Ainda não. Paulo Soriano está inativo desde 2011 e Henry Evaristo parece ter excluído o perfil.
 

O que vocês apreciam e acham mais positivo dentro do CLTS?


O mais importante é a participação de autores diversos, os etilos diferentes que desfilam nos trazendo cenários e situações inusitadas. O diálogo entre os autores, o crescimento individual de cada autor participante que se torna visível a cada CLTS, e finalmente a liberdade de cada autor em dar sua opinião sincera desde que bem embasada.
 

E o que mais incomoda?


Como já foi dito. As criticas competitivas com o intuito de menosprezar o colega em busca de uma posição melhor na classificação.

Há regras bem pontuais sobre os comentários (ofensivos e genéricos), mas percebe-se que tem gente que insiste em fazê-los, principalmente os genéricos. Vocês já chegaram a excluir participantes por tais comentários?

Até o momento não excluímos nenhum participante. Quando percebemos comentários que fogem as regras, enviamos mensagens no particular. De um modo geral, os autores têm refeito seus comentários. Sabemos também que muitos participantes têm dificuldades em conciliar o desafio com suas vidas profissionais, pesamos situação por situação antes de cada decisão, para não sermos injustos, com isso, talvez haja um pouco de lentidão.
 
Sobre os livros que são formados a partir das edições do CLTS? Como se processa as vendas? Há interesse de público ou eles são produzidos sob demanda? Há compensação para vocês pelos seus custos?

Os CONTOS ARREPIANTES são produzidos sob demanda. O preço de venda é exatamente o preço de produção, a administração e os autores não obtém lucros e ninguém tem obrigatoriedade de custear ou comprar algum exemplar.

Vocês já pensaram em produzir alguma revista, ou ebook, aos moldes dos livros em edição gratuita como divulgação?
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O ebook sempre é uma boa opção, poderia ser feito até por edição do CLTS e não apenas no fim do ano. Uma revista já é mais complicada.

Como vocês lidam com contos inscritos que, algumas vezes, não tem a ver com o Terror, ou os gêneros a eles conectados nas regras? E, aproveitando a oportunidade, qual o conceito que vocês têm de um verdadeiro conto de terror?

A literatura trabalha com o subjetivo. Cada autor julgará se o texto participante conecta ou não com o gênero ao qual se propõe, algumas pessoas acreditam que uma mísera barata imprime uma grande dose de terror, outros só sentiram terror se a tal barata possuir três metros de altura ou devorar cérebros. Para nós o terror é aquilo que provoca medo, que arrepia, que ao apagar a luz nos faz tremer. Seja o terror psicológico, físico ou sobrenatural, cada participante está livre para mensurá-lo e qualificá-lo de acordo com seus próprios critérios, muitas vezes até discordamos, mas não conseguimos ainda criar uma formula ideal.
 
Qual a ideia que o grupo tem da Literatura Fantástica?


Acreditamos que a literatura fantástica irá nos apresentar criaturas mágicas, imaginárias como duendes e dragões, divergindo de monstros sobrenaturais ou da ficção científica.
 
Durante estas 13 edições já surgiram contos de terror com predominantes elementos dos gêneros de Ficção Científica ou Alta Fantasia?

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A alta fantasia tem estado presente em praticamente todas as edições CLTS, alguns autores possuem a fantasia em seu DNA. Ficção cientifica foi tema do CLTS 2, Conspiração Alienígena e Dimensões Paralelas no CLTS 7 e, por fim, Looper Temporal no CLTS 10.
 
Deixo o espaço aberto para comentarem qualquer assunto do interesse de vocês que não foi abordado nas perguntas anteriores.
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Agradecemos a oportunidade de expor um pouco mais do CLTS, das nossas dificuldades e alegrias, tentaremos sempre manter o bom diálogo entre administradores e autores. Queremos que cada um possa colaborar com o que tem de melhor, trazendo ao certame mais clareza e democracia. Que novos autores abracem esta ideia e boas histórias continuem surgindo.
 
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Agradeço aos adminstradores do CLTS pelo pronto atendimento ao meu pedido de entrevista, lembrando que há dois links à disposição na mesma: dicas de como fazer comentários para os participantes e acesso às regras e aceitação das mesmas da 14ª edição para os interessados.
Affonso Luiz Pereira
Enviado por Affonso Luiz Pereira em 26/01/2021
Código do texto: T7169421
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