EU PENSAVA QUE ERA CHUVA

EU PENSAVA QUE ERA CHUVA

Lá pelos sessenta e seis (66)

Em que a tecnologia

Na minha terra natal

Ainda não se expandia,

Quem tinha um televisor

Era rei. Ousar, podia.

Na Praça de São Francisco,

Respeitado cidadão

Colocava o aparelho

Na janela, pro povão

Assistir, mesmo de pé,

Programas da ocasião.

Era eu fã de carteirinha

Da Jovem Guarda, em vigor,

Ia com meu filho nos braços

Para assistir os seus “shows”

Permanecendo de pé...

Disposição, muito amor!

A transmissão era ruim,

Era feita em preto e branco.

Pensava comigo mesma

No “show” do Moacir Franco:

“Como é que essa gente dança

Se lá, está chuviscando?”

Tudo era muito difícil

Para as pequenas cidades.

Raramente, aconteciam

As chamadas “novidades”.

Divertimentos melhores

Eram, então, raridades.

Mesmo assim, sinto saudades

Daquele tempo dourado

Da minha terrinha linda

Em que vivi, no passado.

Minha família e amigos,

No meu coração, guardados.

*

Maria de Jesus Araújo Carvalho

Fortaleza, 22/11/2018

Maria de Jesus
Enviado por Maria de Jesus em 22/11/2018
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