versos descompassados

Ato primeiro, A Tragédia:

quando voamos até o topo

mas a ambição apodrece nossas asas

e caímos em queda livre

Ato segundo, O Belo:

quando as sentenças surgem como um lampejo

e estilhaçam o silêncio mórbido da madrugada insone

quando é brutal demais, e tarde demais

para nos preocuparmos com paroxítonas

Ato terceiro, A Crueldade:

quando nunca achamos que merecemos

quando voamos até o topo

e decepamos nossas próprias asas

Último ato, A dor:

mas é um alívio.

quando algo está gritando tão alto dentro de si

que escapa pelas pontas do dedos

buscando sílabas, mesmo que abstratas, para se aconchegar

depois de uma tempestade de verão