PSICANÁLISE & EXISTENCIALISMO (DIÁLOGO)

I. Quanto mais me aprofundo nas obras do médico neurologista e psiquiatra criador da psicanálise Sigmund Freud, encontro mais conceitos incomuns com o filósofo, filólogo, crítico cultural, poeta e compositor Friedrich Nietzsche.

I. Sinto uma paz interior tremendamente íntima e pessoal

II. Sou suspeito!

I. Eu amo essas questões

I. “Os elementos, parecem escarnecer de qualquer controle humano; a terra, que treme, se escancara e sepulta toda a vida humana e suas obras; a água, que inunda e afoga tudo num torvelinho; as tempestades, que arrastam tudo o que se lhes antepõe; as doenças, que só recentemente identificamos como sendo ataques oriundos de outros organismos, e, finalmente, o penoso enigma da morte, contra o qual remédio algum foi encontrado e provavelmente nunca será. É com essas forças que a natureza se ergue contra nós, majestosa, cruel e inexorável; uma vez mais nos traz à mente nossa fraqueza e desamparo, de que pensávamos ter fugido através do trabalho de civilização.” (O Futuro de Uma Ilusão, pg. 96)

II. Ambos partem do existencialismo....

II. A Psicanálise é uma reflexão sobre o todo.... Se você menosprezar uma parte da realidade, compromete a sua totalidade...

II. Já dizia Platão: o nada gera o nada!

O niilismo é uma realidade muito pragmática, não precisamos postular nenhum agnosticismo ou ateísmo seja prático ou intelectual. Basta visualizarmos as relações humanas!

No trabalho ainda é possível dar e receber um bom dia? Conseguimos ajudar um idoso atravessar a rua? Nós compadecemos com uma criança que nos pede um lanche?

São essas situações que devemos refletir!

Pq tudo isso acontece?

I. Sim, por outro lado existe um fator primordialmente difícil de lidar que é justamente a crença exacerbada ao ponto de ser confundida com o delírio

II. Você tem toda razão, a experiência religiosa é inerente a vida da maioria dos sujeitos. Pois religião do latim religare que significa religar, religar com o que? Com a divindade? O transcendente?

Porém, porque também não transformamos ou humanizamos? Favorecendo ao outro e nós mesmos a um "religamento" conosco?

Dessa forma "introjetando" os valores apreendidos, algumas vezes desacreditados por forças antagônicas, podemos reencontrar nosso itinerário, o que denominamos ressignificação...

II. Se isso acontece ela não cumpre o seu papel...

I. Ao mesmo tempo que ele apresente seu ceticismo para com as crenças religiosas, ele entende que sem as religiões a vida não teria sentido para a maioria dos indivíduos

I. Uma realidade apenas no ponto de vista "ceticista" seria uma vida sem sentido de transcender espiritualmente, logo o niilismo se tornaria algo destrutivo, se não já o é.

I. É uma faca de dois gumes! ( risos ).

II. Sim! Mas não significa que ela não tenha seu valor, talvez a crítica de Freud é no sentido de que ela pode castrar o sujeito. Ela favorece a um encontro integral consigo? Ela conduz o sujeito ao exercício de sua liberdade?

A liberdade como é para ser entendida? Como posso vive-la plenamente? Em algum momento o mau uso me trará inconveniente desconforto?

I. Tanto nas obras de Nietzsche quanto Freud, já existiam esses alertas. Isso é notoriamente um fato!

I. E obviamente o que falo aqui jamais deverá interferir nos conceitos de outrem, isso se baseia nas minhas experiências pessoais.

I. Pessoalmente eu vejo a sociedade envenenada em múltiplos paradigmas, desde aquele que acha que pode dobrar o mundo com suas próprias mãos, até aquele que ignora as múltiplas probabilidades para se agarrar desesperadamente em um conceito de deus todo poderoso, faz da mente humana do homem moderno a principal armadilha. Se observarmos através dos sentidos comuns conseguimos observar pessoas vivendo em suas cascas... eles não se permitem rasgar o véu da hipocrisia herdada pelos seus antepassados e infelizmente me refiro a maioria, falo isso por experiências próprias, pessoas que chegam até mim chorando em desespero simplesmente por que foram impostas a viverem com pessoas intolerantes e/ou trabalharem com algo que não os tornam pessoas realizadas, justamente pelo fato das imposições de viver em uma " sociedade civil organizada perfeita" consequências disso? Transtorno de ansiedade, depressão, síndrome do pânico etc...

I. Mais do ponto de vista da psicologia, psiquiatria e psicanálise, entendo que precisamos ser imparciais, até pelo ponto de vista ético!

I. Pra Freud a religião não passa de uma ilusão

I. Mais uma ilusão necessária, logo vivemos o irreal?

II. Você refere-se a uma vivência escrupulosa de valores, na verdade o que falta é a medida do justo equilíbrio... E na sua maioria somos neuróticos, temos nossas demandas e elas precisam ser correspondidas, somos seres em movimento, em construção...

Não são as instituições religiosas que deformam, a deformidade está na formação do eu do sujeito que também os seus antepassados foram transmitidos uma humanização rígida e rigorista, para isso é necessário serenidade e centralidade de compreender a história por três modos:

1) Sincrônico; Numa linearidade, ou seja, sucessão de eventos;

2) Diacrônico; A partir de um momento do passado com o tempo presente e você versa;

3)Anacrônico; Avaliar o passado com as categorias próprias do tempo atual e idealizar o futuro sob a ótica do tempo histórico no qual estamos inseridos!

Em todo caso teremos sempre que nos pautar pelas circunstâncias históricas do sujeito e não pelos fatos históricos para assim emitirmos um juízo de valor.

I. Concordo, entendendo que a psicanálise tem como ponto de partida para compreensão do sujeito, mais a questão em si são justamente essas emoções carregadas de culpa que foram "reprimidas"? O que de fato seria mais importante de ser tratado? A sociedade atual é opressora.

I. Tem minha total consideração!

II. Algum momento a sociedade foi livre?

A temática da liberdade abre um debate amplo e inesgotável...

II. Olhando para isso é preciso olhar o todo! As causas de um Pânico se dão não só por recalques, por uma vivência escrupulosa da religião! Se fosse assim todos os narcóticos seriam felizes!

I. Todos somos!!!

II. Temos que olhar o sujeito!

I. Respeito!

II. Nesse ponto sou aristotélico!

II. Por isso para alguns o niilismo será a resposta, por não haver um dado empírico objetivo que responda aos anseios do ser humano.

I. Acredito que não...

II. Sim!

II. E eu também o respeito!

I. Chamamos isso de hedonismo, tanto na ética fundamental quanto na ética psicanalítica. É a busca desenfreada pelo prazer, não existe um tu, apenas um eu... É o ter ao invés do ser...

Na filosofia é o fundamento das falácias, na qual transformamos as ilusões em concretude de uma autor realização...

II. Interessante o seu viés!

I. Isso é o meu ponto de vista pessoal

II. É o princípio da mais valia tão defendido pela Escola de Frankfurt se tratando de sociologia: você vale o que produz.. essa foi a grande pegada do capitalismo selvagem... Em nome do progresso se destruiu modos, culturas e sujeitos inseridos numa sociedade organizada de modo sereno...

I. Ponto de vista olha só... nossa era moderna por exemplo: Essa tendência é amplificada as massas veem somente o que podem pagar, as coisas que desejam e com a tendência de todas as massas, confundem prazer, conforto, estabilidade fazendo o que é certo para prever o futuro. Isso é a principal causa dos transtornos emocionais.

a interligação de todas as coisas, incluindo a concepção, é a cegueira da maioria das pessoas e portanto eles confundem o simbolismo com a realidade.

I. Fomos educados e submetidos a aceitar apenas o que é bom e o que nos torna indivíduos felizes, o que de mal venha a acontecer descartamos. Essa é a problemática, e que ainda não recebe as devidas atenções, atenções essas que não teêm as devidas atenções em todos os âmbitos, nem em âmbitos acadêmicos. infelizmente existe um desinteresse político litigioso e banalizada o que no Brasil já se tornou até cultural.

Kahoz Amon
Enviado por Kahoz Amon em 05/11/2019
Reeditado em 23/07/2022
Código do texto: T6787558
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