Não exatamente, mas enfim ok.

A verdade é que nada estava acontecendo. E tudo parecia mais cinza e sem graça do que o normal. Era como e o tempo tivesse parado, e eu me sentia tonto e deslocado. Mas ainda assim insisti em respirar. Até quando a faca girou dentro da minha barriga, e o sangue espirrou pra todos os lados. Outras pessoas me olharam, como se uma atrocidade tivesse acabado de acontecer. Mas no fim das contas eu não sentia nada. Levei a minha mão até a ferida e senti o calor e a umidade. Talvez morrer não fosse tão ruim quanto diziam os outros. Afinal, ninguém que já tenha morrido voltou para dizer como era.

Várias pessoas correram até mim, mas eu disse. “tá tudo bem”

E eu ouvi os gritos se misturando com sirenes e barulhos de carro.

- Ele está sangrando muito – Ouvi alguém dizer.

- Aperta a ferida – Disse outra pessoa.

- O que aconteceu? – Perguntou um terceiro.

Mas as vozes foram ficando mais distantes e eu senti uma vontade quase irresistível de fechar os olhos.

Por teimosia, mantive-os abertos, mas já não conseguia identificar as formas das coisas ao meu redor. Eu só via luzes e sombras e cores.

Senti meu corpo sendo carregado e enfim todo o barulho cessou.

Eu só queria que soubessem que estava tudo bem.

Se é que alguém ainda se importava.

Tenha sido Karma ou não. Talvez eu tenha pedido por aquilo.

E eu sempre soube que estaria sozinho quando acontecesse.

Talvez por isso eu tenha achado tudo muito normal, e achado algum sentimento de vitória no meio de todas as minhas derrotas.

Enfim, achei que tinha vivido bem o suficiente, para contar uma boa história, pra quem quer que tivesse a intenção de ler as coisas que escrevi.

Rômulo Maciel de Moraes Filho
Enviado por Rômulo Maciel de Moraes Filho em 18/11/2019
Código do texto: T6798118
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