Aguada

Campo cerrado

flores e matos

entrelaçados

e desejantes.

Cada qual mais belo

e estranho

no seu enrosco

com a imensidão.

Longe do horizonte

perto demais

no emaranho

com o sol, com o verde

com a emulação.

Singularidades

se perdem

inda que reunidas

num todo

formando uma obra

de sombrear sóis

de desbotar aromas

de consumir ventos.

Exalam calor

pudor

frescor erótico.

Suspensão da realidade morna...

Entre si

se esfregam

se pegam

se tocam

e logo se apagam

sem gozo e sem borda.

Moram em tela

nascem de marta

borrada de aguada.

Presas frágeis

de olhares acintes

de entendimentos obtusos

de desejos indóceis

por possuírem tal cerrado

virgem e intocado

recém invernado

ainda ingênuo

asilado

formado de sombra e luz.

Beth Mourão
Enviado por Beth Mourão em 20/06/2020
Reeditado em 20/06/2020
Código do texto: T6983022
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2020. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.